Capítulo 20 - APMC

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Eu já havia recebido alta, e estava na casa do Paul. Confesso que era estranho morar com o meu professor, mas eu estava sendo muito bem tratado. Paul me oferecia as melhores mordomias possíveis, mas eu afirmei a ele que para James não desconfiar de nada, eu continuaria sim trabalhando para ele. Paul não discutiu em relação a isso, ele sabia que não tinha poder sobre mim, mas ele sempre me alertava "repouso sempre", mas ele diversas vezes me pegava fazendo esforço e me corrigia, gostava desse cuidado. Já estava anoitecendo, eu estava no quarto de hóspedes com um livro em mãos, eu estava lendo "A menina que roubava livros" quando fui interrompido pelo Paul.

- Posso entrar? (Paul)

- Claro que pode. (Maluff)

Esboçamos um sorriso juntos, e ele adentra no quarto, apanha uma cadeira e se acomodava de frente para mim. Ele usava uma regata azul e uma bermuda branca, seu porte físico era como de um atleta.

- Ainda gosta muito dele, não é? (Paul)

Respirei fundo e a imagem de James surge em minha mente.

- Muita... (Maluff)

- Quer me contar o que aconteceu? (Paul)

- Ele estava com ciúmes de você, eu já havia comentado de você para ele
algumas vezes. E James acha que você quer tirá-lo de mim. Por que eu disse também, que havia ganhado a sua confiança e que estava me sentindo bem com nossa aproximação. Ele interpretou tudo errado, me gritou, disse que não me queria perto de você, enfim. (Maluff)

- A troco de que eu faria isso? Maluff, eu só preciso que você entenda que minhas intenções com você são outras. (Paul)

- Como assim? (Maluff)

- Não, nada... esquece. (Paul)

Ele dizia olhando para o solo.

- Diz, por favor. (Maluff)

- Maluff, eu descobri algo... (Paul)

- O quê? (Maluff)

- Lembra quando eu te disse que meu filho havia sido tirado de mim? (Paul)

- Claro, lembro sim. (Maluff)

- Então, ele está vivo! Nossos sobrenomes não são comuns e são iguais, eu sei que parece coincidência, mas eu tenho o histórico deste garoto. (Paul)

- Nossa professor, que ótima notícia! Já falou com ele, quem é? (Maluff)

- Sim, eu o conheço e conversamos sempre, estamos bem íntimos ultimamente. (Paul)

Ele dizia com lágrimas nos olhos e um tom de felicidade. Eu analisava cada detalhe do seu rosto, o seu semblante era intensamente satisfeito e feliz. O sorriso largo em seu rosto, seus cabelos negros alinhados para trás, seu olhar nobre e gentil.

- Quando vai dizer a verdade para ele? Agora, que você tem como provar segue em frente. (Maluff)

- Eu já estou fazendo isso, porque o meu filho perdido... é você, Maluff. (Paul)

O ambiente ficou em silêncio no exato momento em que Paul finaliza a sua frase, meu coração batia tão forte que me fazia escutar. Paul não cessava em me olhar suplicando por alguma reação mais positiva. Estava tão surpreso que não conseguia dizer sequer uma palavra. Minhas lembranças vieram como ondas marítimas fortes, quando eu não tinha amor pelos meus pais, que só me maltratavam, por isso que eles não gostavam de mim, porque me roubaram. Por isso minha vida se resumia em lacunas, fraturas e cicatrizes, porque me tiraram de alguém que poderia ter me doado amor, como Paul. Por isso ele me acolheu, ele me ajudou, porque ele sabia... e só queria me contar em um momento oportuno, como esse.

Ainda estava vagando em meus pensamentos, como se eu estivesse um lugar devastado em busca de respostas, mas nada era o suficiente. Eu estava perdido tentando me encontrar. Minha vida toda tinha sido injustiçada, isso me deixava triste, eu não queria, tudo era tão difícil. Tenho tentado muito em não me envolver em problemas, mas eu tinha uma guerra com minha mente, então eu apenas sigo em frente. Estou cansado de mim sentir como se eu tivesse louco, estou praticamente morrendo jovem, a única coisa que eu tinha eram as estrelas do céu, isso é tudo que tenho para me manter sã.

- Me desculpe ter dito isso para você assim do nada, mas eu não estava aguentando mais guardar este segredo comigo, foi mais forte do que eu. Eu sabia desde o dia que você foi aceito na escola, pela bolsa que conseguiu, fiz muitas pesquisas de onde você era, onde nasceu, sua cidade natal, tudo. (Paul)

- Eu ainda não estou acreditando nisso, é muito complexo para que eu consiga assimilar tudo isso de uma vez. Sinceramente, eu não esperava por isso. Passei por tantas coisas, acreditei sempre que eles eram meus verdadeiros pais, e agora isso. (Maluff)

- Eu não te culpo, Maluff. Mas acredite, eu sempre procurei por você, mas o destino queria que fosse assim, que eu te encontrasse dessa maneira. Quando você nasceu, você tinha um sinal, uma marca próximo ao peito, como essa minha. (Paul)

Ele finaliza e ergue suas palmas até sua camiseta, dando visibilidade ao sinal. E que por incrível que pareça, era idêntico ao meu. Eu suspendi uma parte de minha blusa, mostrando a mesma mancha para ele, desta vez nós não tivemos mais dúvidas, eu era realmente filho do Paul, eu estava confuso e feliz ao mesmo tempo, agora entendo todo carinho que ele sente por mim. Ele me puxa para um abraço forte e apertado, chorava constantemente e me chamava de "meu filho."

- Eu te amo, filho. (Paul)

Eu enterrei minha cabeça em seu pescoço, e também chorei bastante e aliviado, pois teria alguém que dessa vez lutasse por mim. Nos afastamos um pouco do abraço, ele acariciava meu rosto e ao mesmo tempo alisava meus cachos castanhos.

- Podemos fazer um teste de DNA, se quiser. É a única confirmação que falta para eu ter a real certeza. (Maluff)

- Enquanto você estava desacordado, um dos médicos coletou seu sangue e o meu. E deu positivo, quer dar uma olhada? (Paul)

- Sim. (Maluff)

Ele tira um documento do seu bolso, um comprovante provando que o seu sangue é compatível ao meu, o exame de DNA havia realmente dado positivo, não me restava dúvidas, ele era o meu pai.

- Meu filho! (Paul)

Um novo abraço nasceu naquele momento tão feliz, eu finalmente tinha alguém que fosse do meu sangue, e que eu sabia que estava disposto a me amar.

- Meu pai! (Maluff)

AMADO PELO MEU CHEFE - (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora