Capítulo 25 - APMC

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(Maluff)

Agora é oficial, todos sabem que o Paul é o meu pai biológico. Ela fez uma linda confissão sobre o nosso momento de pai e filho para toda a escola, eu me sentia completo. Todos aplaudiam e se emocionavam, meu pai vislumbrava seu olhar sobre mim feliz, com lágrimas nos olhos. Fui até o seu encontro, invadindo o palco e o abraçando, afagando nossos corpos, eu estava chorando mas dessa vez, um choro de felicidade. Ele liberou um pouco de espaço ficando ao meu lado, e me entregando o microfone, esperando que eu realizasse um discurso.

- O-oi, pessoal! (Maluff)

Disse tímido.

- É claro que todos vocês estão surpresos com essas declarações aqui feitas. Eu também estive surpreso por semanas e ainda digo a vocês que não acreditei, que meu pai existe. Me sinto mais forte, mais acolhido, mais protegido. Ele é a minha família, agora. (Maluff)

- Não tenho mãe. Ela faleceu assim quando nasci e logo, fui tirado dos braços do meu pai e criado por dois elementos imundos que destruíram a minha vida. Fui muito maltratado durante a minha infância e parte da minha adolescência. Eu precisei resistir tudo aquilo. (Maluff)

- E que por ser gay, fui expulso de casa aos treze anos, e ainda fui apelidado como "aberração" por eles. (Maluff)

O público estava calado, demonstrando rostos tristes e sentidos pelas lástimas do meu passado, alguns choravam, outros faziam cara de espanto. Até mesmo os garotos que me incomodavam não estavam felizes com o meu depoimento, pelo contrário, eles estavam indignados. Os professores estavam sérios, mas com reações lamentáveis, como o meu pai.

- E querem saber o motivo deste apelido deplorável? Porque sou h-e-r-m-a-f-r-o-d-i-t-a. Isso mesmo, hermafrodita. Tive medo, tive pesadelos, vivi me incriminando como um lixo, como um ser de outro mundo, como um monstro. Mas, eu aprendi a conviver com isso, e me sinto bem sendo hermafrodita, pra vocês podem ser bizarro ou medonho, mas para mim e para o meu pai, é algo comum. (Maluff)

- Quando fui expulso de casa, me mudei para cá e consegui me adaptar um pouco, conquistei a bolsa de estudos em uma das melhores escolas da cidade. Vivi pouco tempo com minha tia, foi ela quem me acolheu aqui, até falecer... e eu precisei urgentemente encarar a vida e começar a trabalhar para me sustentar. Sou muito grato ao nosso diretor Zeelinsk, foi ele quem conseguiu um emprego para mim como doméstico, na residência de um dos homens mais importantes do mundo, James Lancaster. (Maluff)

- Então desde aí, a minha vida mudou. Eu e o James com o passar dos meses, nos apaixonamos. Creio que muitos de vocês já o viram, quando ele me trazia ou me levava de volta com ele. Namoramos, e agora... estou esperando um casal de gêmeos. Exatamente isso, estou gestante de James Lancaster. (Maluff)

Novamente murmúrios acudiram o local.

- Mas, resolvemos dar um tempo nessa relação, por motivos pessoais. Continuo sim, trabalhando para ele, mas por enquanto só quero ser o profissional que eu fui e sou, quando adentrei pela primeira vez em sua residência. Até ver aonde essa pausa vai nos levar. (Maluff)

- Sinto muito a falta dele, mas confesso que estou bastante realizado, agora tenho o meu pai que será vovô e tenho um menininho e uma menininha, dentro de mim. Eu tenho corações. Então o meu desfecho será este. (Maluff)

- Se você vivencia um momento de angústias, tristezas e sofrimentos. Simplesmente, encare seus problemas... porque vocês são maiores que eles. Enfrente-os como eu fiz, e não desista de você. Porque a sua maior vitória, é ser você mesmo. Obrigado! (Maluff)

Uma manifestação de aplausos tomaram conta do local, alguns choravam, outros sorriam e outros gritavam o meu nome. Eu tinha feito a coisa certa, todos estavam satisfeitos e me aclamavam. Não sou mais vulnerável, sou forte, sou meigo, sou doce e sou triunfante. Esboço um sorriso largo ao ver aquela cena contagiante, abraço o meu pai. Os rapazes que me atormentavam se aproximaram de mim, me pediram perdão, e cada um deles me abraçou, sorriram e se afastaram depois. Tudo já estava feito, estava me sentindo amado, todos estavam comigo. A vitória é minha.

Em casa, meu pai resolveu pedir pizza para comemorar. Nunca vi um homem tão feliz quanto ele, um verdadeiro paizão. Conversamos sobre uma variedade de assuntos.

- Estou tão orgulhoso de você. Fez a coisa certa, se assumiu publicamente e ainda revelou algo que te amedrontava, você é o meu garoto. (Paul)

- Isso tudo, eu devo a você. Me encorajou, está cuidando de mim, cuidando dos seus netinhos, você é um pai que todos queriam ter. (Maluff)

- Ah filhão, eu só cumpro com as minhas obrigações. Falando nisso, já decidiu o nome que vai pôr em meus netinhos? (Paul)

- A menina eu quero por Marilyn, e o menino... eu queria que o James decidisse, mas eu não quero que ele saiba. Mas a bebezinha, já está decidido. (Maluff)

- Marilyn, é um nome lindo. O rapazinho por enquanto não terá a identidade. (Paul)

Brincou, ele.

-É, por enquanto... mas darei tempo ao tempo, quem sabe o próprio James nãoescolhe. Se voltarmos, eu sinto muito a sua falta...(Maluff)

AMADO PELO MEU CHEFE - (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora