Bare

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Capítulo 7

Estava ficando tarde e fiquei surpreso que meu pai ainda não estivesse em casa, embora ele provavelmente estivesse em algum lugar ficando bêbado. Minha mãe, por outro lado, me ligou para avisar que ela estaria trabalhando até tarde. Fiquei sozinho pela primeira vez em muito tempo e não sabia se gostava ou não.

Gosto da paz e do sossego, mas não das vozes na minha cabeça. Todos os pesamentos negativos pareciam consumir tudo, mas tentei o meu melhor para ignorar e trabalhar no dever de casa. O único problema era que eu não conseguia me concentrar no trabalho. Tudo parecia ser um grande borrão, exatamente como os dias eram.

Todo dia era o mesmo ciclo de repetição. É cansativo sobreviver. Acordei, tentei me esgueirar antes que meu pai me visse, me encontrei com valentões na escola que me odiavam por ser eu mesmo, fui em todas as aulas - tentando acompanhar, mas lentamente escorregando, por mais inteligente que eu fosse, e então vim lar de um pai abusivo e uma mãe sobrecarregada de trabalho. Era um ciclo de dor, tortura e decepção.

Eu não tinha ninguém para me apoiar. Eu gostaria de ter. Eu gostaria de ter uma pessoa com quem eu pudesse contar todos os meus pensamentos. Os pensamentos inúteis de contos de fadas que eu tive. Eles eram ridículos e tolos, mas significavam tudo para mim. Porque sempre havia um final feliz. Essa era a única coisa que eu ansiava mais do que qualquer coisa. Um final feliz. Mas a vida não funciona dessa maneira, não é?

Suspirei, desistindo já no terceiro problema da minha folha de matemática. Matemática nunca foi minha matéria mais forte, mas isso não significava que eu a desprezava. Às vezes, as fórmulas e os números precisam ser demais.

Eu deixei meu livro de lado porque houve uma batida na porta. Eu não sabia o que esperar, porque tinha certeza de que a batida do meu pai seria muito mais dura e que minha mãe não sairia do trabalho por algumas horas. Eu teria sorte se conseguisse dormir antes de qualquer um deles chegar em casa, especialmente o primeiro.

A pessoa bateu de novo enquanto eu caminhava pela sala, então eu corri o resto do caminho até a porta, abrindo-a para ver Zayn parado lá. Eu nem o convidei e ele entrou, como na primeira vez. Eu aprendi a não tentar empurrá-lo para fora. Não havia utilidade nisso.

"O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei com um pequeno suspiro. Eu já estava cansado e irritado, e esperava poder passar o resto do dia sozinho. Eu esperava poder tocar alguma música, me perder em tudo e em todo o possível. Eu só precisava disso, mas Zayn precisava estragar isso.

"Eu disse que voltaria, não foi? E é uma coisa boa você me deixar entrar sem ter medo, parou com aquela maldita atitude, sim?" Ele disse. Não foi uma sugestão. Era uma ordem e me fez suspirar quando fechei a porta.

"Você não pode ficar aqui por muito tempo. Eu não tenho idéia de que horas meu pai está voltando para casa." Eu disse, esperando que ele entendesse, mas ele apenas riu.

"Eu ficarei o tempo que quiser. Primeiro temos que conversar sobre algumas coisas." Ele caminhou pelo corredor, provavelmente lembrando onde fica o meu quarto. Dei um olhar preocupado para a porta da frente, enlouquecendo por dentro, correndo o risco de tê-lo aqui. Meu pai me mataria se ele visse um garoto aqui enquanto eu estava sozinho, especialmente se ele estivesse no meu quarto.

"N-não podemos conversar aqui?" Eu gaguejei, Zayn olhando para mim com um olhar mortal. É verdade que eu tinha mais medo do meu pai, mas meu pai não estava aqui agora. Zayn estava aqui e eu tinha pavor de Zayn.

Eu cedi, caminhando até onde ele estava e depois seguindo atrás dele para o meu quarto. Ele abriu a porta e se sentou na minha cama, fazendo sinal para eu me sentar também. Sentei-me mais na ponta da cama, não querendo sentar ao lado dele, e ele sorriu quando notou.

Princess (Ziam) TRADUÇÃO PT/BR Onde histórias criam vida. Descubra agora