Primeiro dia na Big Hit

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"Esse é o meu primeiro dia na Big Hit", pensei, um pouco nervosa.

Sempre gostei de aprender idiomas novos. Comecei a me interessar pelos asiáticos através do japonês, já que os meus videogames e desenhos animados favoritos eram do Japão. Porém... a escrita era extremamente complicada. Qual a necessidade disso?

Mas então, eu conheci o mundo do K-Pop e gradualmente me apaixonei por ele. Descobri que o alfabeto coreano era fácil de aprender, pois havia sido criado justamente para simplificar a leitura e facilitar a vida do povo! Fiquei fascinada pela língua, claro, e estudei com muito afinco.

Eu até tentei alguns empregos como professora de inglês e coreano no Brasil, o que nunca deu muito certo. Praticamente não existe procura por aulas de coreano no Brasil. De inglês, por outro lado, tem aos montes, só que... Bem, os professores não são valorizados.

Então, quando a Yumi, minha amiga, falou que tinha conseguido um emprego na Coreia e que podia me ajudar a conseguir um também, fiquei empolgadíssima! Tudo que eu queria era morar fora do país, ainda mais se pudesse trabalhar com algo que eu gostava. Mergulhei ainda mais nos estudos de coreano, e ela me ajudou, já que era descendente e falava o idioma fluentemente há um tempo.

Três anos depois, o que antes era uma mera ideia estava finalmente tomando forma, se concretizando! Eu viajei para Seul e passei por uma entrevista na empresa onde a Yumi trabalhava. E, depois de uma aula teste, eu enfim consegui o emprego de professora de inglês dos trainees!

Eu estava longe de tudo que conhecia: minha família, meus amigos, meu país e minha cultura... mas mesmo assim, aquilo era um sonho se realizando! Estava com medo, sim, mas queria muito fazer com que tudo desse certo e ia me esforçar bastante para isso.

Yumi era uma professora de dança e coreógrafa na Big Hit, uma empresa que treinava e promovia idols. Apesar do nome, a empresa não era lá tão grande assim. Porém, de acordo com a minha amiga, eles tinham muitas esperanças em cima do grupo que debutaria naquele ano. Eu daria aulas de inglês para todos os trainees, mas, por causa dessa pressão, o foco estaria neste grupo em especial.

A minha primeira turma seria logo a deles.

Eu tinha combinado de almoçar com a minha amiga antes da aula, então fui encontrá-la. Quando entrei na sala que ela tinha me indicado por mensagem antes, vi que ela ainda estava com os trainees.

— Ah, desculpa... — murmurei dando um passo para trás, de reflexo. Sem querer atrapalhar, fui fechar a porta para esperar do lado de fora.

— Pode entrar! — Yumi acenou — Vem aqui!

Com vergonha, abri um pouco a porta, mas continuei ali parada.

— A gente tá terminando de ensaiar essa coreografia! — ela disse — Vem aqui ver e dizer o que você acha!

Eu ainda estava tímida e não entendia absolutamente nada sobre dança, mas resolvi ser gentil e entrei na sala. Os trainees eram sete rapazes. Achei que a Yumi fosse nos apresentar, mas ela nem se deu ao trabalho:

— Vou colocar a música do início! Agora façam só vocês e sem errar, porque tem plateia dessa vez!

"Peraí, eu sou a plateia?"

Agora estava com mais vergonha ainda: ela me usou para colocar pressão nos meninos!

Yumi fez um gesto com a mão, me chamando para perto dela, e se sentou de frente para os trainees, de costas para uma parede inteiramente coberta por espelhos. Eu sentei então ao seu lado, enquanto ela colocava a música para tocar.

Desde o primeiro sorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora