Capítulo 3
Anni amava um balanço do quintal de casa. Adorava sentir o vento bater no rosto, os cabelos voarem para trás e para frente. E sempre com o desejo que conseguisse alcançar o céu com os empurrões do balanço. Mas tudo mudou, quando seu avô ficou doente e não teve mais quem manter o balanço no quintal, sua mãe com amargura, mandou tirá-lo.
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Entro na sala pequena, com cortinas vermelhas e paredes marrons. Sem nenhuma ventilação, olhando envolta, tudo bagunçado, papéis, latas de cerveja espalhadas por todos os lugares.
E na minha frente, me olhando de cima a baixo, está meu escroto chefe. Por que todos os chefes são idiotas? Está no gene de todos? Bem, não sei, tive apenas Carlos como chefe até agora.
- Não deveria está trabalhando agora? - Pergunta, sentando na cadeira verde velha. Esse escritório me dá dor de cabeça só de olhar as cores.
- Eu me demito. - Digo dentro da pequena sala fedorenta do meu chefe.
Carlos gargalha em deboche, juro que consigo ver a sua barriga balançar junto com a cadeira.
- Se demite? Até parece. Volta para o trabalho, Anni. - Pega um cigarro do bolso.
Odeio cigarros. Qualquer coisa que me faça lembrar incêndios...
Aperto meu pulso, esse ambiente, a fumaça cinza, as janelas fechadas... Ok, respire.
- Não estou brincando, eu estou saindo fora. - falo agressiva. Esse lugar está me deixando ansiosa. Lembrança ruim, lembrança ruim.
- Jura? Que eu sabia, você ainda me deve. - Já com o cigarro aceso na boca, joga fumaça na minha direção.
Paro de respirar e viro o rosto. Legal, vamos acabar com isso, vasculho dentro da bolsa o bolo de dinheiro.
- Aqui. - Jogo no centro da mesa o pequeno bolo de notas de cem. Parece que não adiantou tanto proteger esse dinheiro, se eu quero me livrar desse emprego-escravo, devo fazer sacrifícios.
- Hm, tudo certinho, sabia que você escondia dinheiro. - Carlos sorri com os dentes amarelos.
Reviro os olhos impaciente.
- Assina logo esse papel. - cruzo os braços.
Pegando a caneta lentamente (da forma mais irritante possível) Carlos começa a assinar o pedido de demissão.
- Li no jornal sobre seu avô...- Começa a sentir-me desconfortável -, sinto muito.
Me vejo surpresa. Carlos nunca se mostrou um ser humano normal, com sentimentos, mas ele se mostra agora entender o que estou sentindo.
- Obrigada. - Limpo com a ponta do dedo o olho, que sem saber, uma maldita lágrima saí.
- Aqui os papéis. Vê se não some. - Voltando a como é, Carlos joga mais fumaça na minha direção.
Pego os papéis da sua mão, com a outra tapando o nariz.
- Você deveria parar de fumar. Isso mata. - atravessando quase a porta ouço Carlos me chamar. Mas paro e continuo de costas, preciso de ar.
- É o que mais quero, querida.
Me sinto mal por ele. E pensar que Carlos foi amigo do meu avô, os dois se separaram porque meu avô não queria emprestar mais dinheiro ao Carlos. Motivo: Carlos queria drogas.
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Logo que saio do meu antigo estabelecimento de trabalho, procuro algum lugar para comer. Não como desde de ontem a noite. Não tive cabeça para comer ou fazer algo, depois que Breno foi embora só lembro-me de chorar e mais nada depois, após dormi sem perceber. E acordei numa poça de baba.
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Herança
Teen Fiction+16 Anni perde seu avô, isso a destroça por dentro. Seu avô já sabia que iria morrer, então antes deixa uma herança para Anni, mas só podendo recebê-la fazendo uma lista de afazeres. Essa herança vai trazer verdades, brigas na família ambiciosa e um...