Capítulo 7

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Capítulo 7

Ter uma pessoa com o mesmo nome que você na família é meio irritante. Pois bem, Anni tem sua prima Ana. Ela sempre odiou Anni com uma raiva especial. Quando estão em um mesmo lugar e alguém quer chamar uma das duas, deve se falar Anni com ''i'' ou Ana com "a". 

Houve muita irritação no passado. E sempre esquecem que Anni é para ter o som do "i" no final.

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— Oi — digo seca.

— Nossa, que secura. Você era mais animada antigamente, ou mais bobinha? Não sei, acho ainda bobinha. —  Ana, minha prima, provoca.

Ignore tudo isso que ela falou, respire e seja educada.

—  Veio passear? — Pergunto e olho pela primeira vez Ana. Com seu estilo moderno, está usando seu óculos de sol, salto alto, saia bem colada na cintura e blusa recortada num v. Não consigo ver o ódio natural dos seus olhos por causa do óculos, mas reparo que seu cabelo está mais loiro. Você anda pintando mais o cabelo? Penso. Melhor só pensar.

— Para de tentar ser educada. Sabemos que nós odiamos- rebate.

Fecho os olhos e bufo.

— Estou cansada da viagem. Não quero brigar, Ana.

— Bem, deveria já estar preparada para brigas o tempo todo, por causa da herança.

— Bem, até agora ninguém veio atrás de mim. —  Paro —  Você veio atrás de mim?

— Claro que não. Estou aqui para me divertir, mas pelo o que parece, a família está chamando todos para uma reunião na casa. Estou indo embora agora. — Fala tudo isso olhando as unhas.

— Reunião? Ninguém avisou nada para mim — Franzo as sobrancelhas.

Ana retira os óculos. Percebo os olhos inchados e fundos, parece que ela está de ressaca.

— Pensa, idiota! Vão tirar a herança de você, sua mãe e meu pai estão tentando alegar que nosso avô era maluco. Vão invalidar o testamento. — Ana fala cada palavra com a voz rouca e com certa violência.

—  Nosso avô não era maluco! Não tem provas! — Estou no meu limite depois de ouvir isso. Ninguém vai tirar a imagem boa do meu avô. A própria família dele fazendo isso, logo por causa de dinheiro!

—  Tudo podia ter sido adiado, mas..nosso avô morreu. E a culpada é você. 

Doeu. Aquilo pegou bem no meio do meu peito. Ana percebe a mudança no meu rosto e solta uma risada.

— Que desleixado é aquele olhando para cá? — Ana faz sua típica cara de nojo. Olho para Breno, sua testa está franzida. Muitas perguntas virão depois.

— Ele não é desleixado. É uma pessoa muito melhor que você.

— Hm. Anni com "i" está apaixonadinha, é? —  Debocha. Ana continua olhando Breno, isso me irrita. Sua expressão vai mudando diversas vezes e como se uma lâmpada aparecesse na sua cabeça — Claro, ele mesmo. Sabia que o conhecia de algum lugar. Ele beija bem até.

Como assim!?

O celular dela apita. Parece ser um aviso que o carro dela chegou. Nisso ela se levanta e sai, como se nunca tivesse falado comigo. Me deixa sozinha com um ciúme de faíscas. Como assim beija bem?

Breno me chama com uma chave na mão. Pego as malas e vou em sua direção. Não sei como reagir agora, Ana e ele já ficaram? 

— Desculpa a demora. Parece que vamos ter que dividir o quarto. Só havia um disponível. —  Sorri sem graça para mim.

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