Capítulo 12

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Capítulo 12

Luciana sempre fazia que sua vivência com a Anni fosse linda na frente de seu avô, mas era só ele sumir, que as coisas eram máscaras caídas em segundos. E quando isso acontecia na sua infância, ela não entendia e pensava que deveria impressionar mais a mãe para ganhar sua aceitação.

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- Então.. tudo ocorreu certo na delegacia? - Breno coloca um pão de queijo inteiro na boca.

Logo que terminei tudo na delegacia, despedir-me de Alicia e fui comprar pão de queijo. Quando quero pensar e tomar decisões, sempre compro pão de queijo, o gosto, o quentinho. É um abraço na boca, acompanhado de sensação boa de renovação.

Termino de mastigar um pãozinho antes de falar.

- Sim, foi tudo certo. Mas ainda estou com uma sensação de aperto no peito. Eu queria poder ajudar mais a Alicia, para que ela nunca tivesse que sofrer mais por isso. Imaginar que, ela é mulher, já sofremos, mas ela é uma mulher negra. Ela precisa ser forte em dobro, por ser mulher e negra.

- Uma vez, eu vi um cara não dar emprego para um homem negro, e dar para um branco. Sendo que o branco não tinha nada no currículo, já o negro tinha praticamente todos os requisitos para o trabalho. Adivinha o que fiz? - Breno estala os dedos.

- O quê?

- Pedi meu pai para ver o currículo dele, no outro dia, Carlos estava trabalhando com meu pai.

- Que bom.

- Uhum. E uma coisa, o cara que empregou o branco faliu, porque não tinha um bom programador de sites como Carlos. Mas meu pai tinha.

Sorrio.

- Uau, que reviravolta boa! - bato palmas. Pego mais um pãozinho de queijo.

Breno cruza os braços e encosta na cadeira.

- Você parece estar melhor.

Olho o bolinho na minha mão, estalo a língua pensando no que posso falar.

- Ainda dói um pouquinho. - Mastigo resto do bolinho para demorar responder o resto.

Reparo que há um último pãozinho de queijo na cesta. Breno olha também, olhamos um para o outro e novamente para o pãozinho. Ficamos nesse empate até que vejo Breno mexer a mão.

- Nãoooooooo! - Estico o braço para pegar, mas não sou rápida o suficiente.

Breno segura o bolinho perto da boca aberta.

- Deixe-me pensar, devo comer tudo e deixar você com raiva? Ou devo dar tudo?

- Ou você divide o pãozinho. - Sorrio que nem um gato.

- Sério? - Breno fala surpreso - Achei que me mataria para conseguir o bolinho.

- Aprendi que devemos dividir, não vou brigar por causa do pãozinho, Breno.

- Sensata. - Breno divide a pequena bolinha macia e me entrega o maior pedaço.

- Olha, o maior pedaço. Hmmm. - Mastigo lentamente, queria que o sabor ficasse para sempre na minha boca.

- Você quase não tocou no café. - Breno estranha.

- Ah. Isso? - Fico meio vermelha - Eu sem perceber coloquei sal.

Breno gargalha. Ele pega sua caneca, enche de café e entrega ainda rindo.

- Você está mesmo distraída.

- Bem... Eu diria esquecida.. esquecida. - Lembro, olho minha mão. O papel.

- O que foi? - Breno pergunta.

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