Capítulo 1

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Capítulo 1

Seu avô a chamava de borboletinha azul, por causa dos olhos azuis e por sempre desenhar borboletas. Foi a única de todos que herdou os olhos da avó. E seu avô sentia e sabia que a invejavam por isso. Como o veneno das palavras da família invejosa entraram na cabeça de Anni, ela não via como é bela.

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- Não é possível! - Minha mãe gritava praticamente, nunca a vi ficar tão vermelha como estava agora. Minha mãe conseguia ficar vermelha igual a mim, quando choro, mas nela é quando está com raiva. Seu cabelo loiro dava um contraste muito grande com o vermelho da pele naquele momento.

Nilton limpa a garganta com uma tosse antes de falar. Devia ser uma forma de prolongar uma distância de se comunicar com a minha mãe.

- Seu pai deixou 98% da herança para sua filha, senhora. - Nilton fica nervoso com a atenção enorme de todos da família o olhando. Ainda mais com um olhar de puro ódio.

Avaliando as coisas com mais atenção. Eu sabia que meu avô deixaria alguma coisa para mim, mas nunca pensei que seria grande.

Meus primos olhavam raivosos de Nilton para mim. Meus tios consolavam minha mãe. Como sempre seria. Ela nem se importava com o próprio pai, às vezes penso: Por que tanto ódio por mim e meu avô?

Respiro fundo e tomo uma direção para conversar.

- Nilton, esses 2% seria o que da herança? - pergunto calma.

- A casa da família e uma quantia de dinheiro - Nilton remexe em alguns papéis procurando algo.

Minha mãe revira os olhos em tédio e bufa da forma menos elegante.

- Mais alguma coisa injusta nesses papéis, Nilton!?

- Calma, tia. A família vai se reunir e discutir sobre. E claro que a nossa Anninha vai devolver tudo a nós. - Com uma voz doce amarga, Sabrina conseguia colocar ódio na voz sem ao menos perder a carinha de anjo.

Abro a boca para contra-atacar, mas antes que eu consiga, Nilton puxa vários envelopes do bolo de papéis de sua maleta. Ele podia ser um ótimo advogado, mas organizado não era bom.

- Anni não pode passar essa herança para ninguém antes de fazer uma lista de coisas que seu avô fez.

- O quê!? - Todos da sala gritam.

Dava para ver que Nilton estava cansado do drama familiar, então se pôs a falar. Tadinho dele, tenho pena. Era amigo do meu avô, devia estar querendo um momento para se despedir. Eu queria, mas essa merda toda veio.

- Aqui estão cartas que Santiago fez para cada um dos parentes. - Nilton passa um envelope para cada um - Entrego as outras para quando os outros vierem.

Seguro o envelope como se fosse um tesouro. Sorrio em pensar no que ele poderia te escrito. Seu malandro, por que deixou praticamente tudo para mim? E que diabos de lista ele poderia ter feito?!

- Anni, dentro da carta já está sua lista. Para conseguir a herança precisa fazer tudo, uma pessoa vai acompanhá-la e verificar se fez tudo.

- Pera aí, pessoa? - pergunto. Que pessoa? Que troço estranho é esse?

- Seu avô explica na carta. - Nilton solta um sorriso fraco - Esse velho inventa cada coisa, até depois de ter ido.

Sorrio fraco, eu não posso chorar na frente de todos. Segure!

Nilton fecha sua maleta e começa a ir embora, mas minha família impede.

- Ela não pode ficar com tudo! - Minha mãe amassa o envelope na sua mão com força. As unhas de gato perfuravam o papel.

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