Capítulo 5
Anni costumava ter um caderninho de capa azul, era tão pequeno, porém continha grandes coisas escritas. Poemas, segredos, confissões. Tudo que ela pensava escrevia nele, nunca gostou do termo diário, então deu o nome de Bolo-de-páginas-cheias-de-coisas-malucas-vindas-da-sua-cabeça.
Até que um dia Anni procurou o caderninho, ele sumiu. Esperou dias para ver se encontrava. Mas havia se perdido, como todos os momentos felizes escritos. Pensar que momentos felizes passam a ser lembranças com vestígios de saudade.
Aquele caderninho era sua alma.
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— Que lugar é esse? — pergunto. Breno praticamente me arrastou para um lugar alto com vários tubos enormes coloridos. Tudo está escuro, sem nenhuma fonte de luz.
— Um salão de festa, um amigo meu emprestou as chaves. — Balança o bolo de chaves entre os dedos. - Pera, vou ligar as luzes.
Breno some no escuro, olho em volta. Quando dou alguns passos para trás, sinto algo pontudo tocar minhas pernas. No exato momento em que viro para saber o que é. Breno liga as luzes e dou de cara com um rosto de palhaço. Um rosto enorme!
Grito.
— O que houve? — Breno corre para perto de mim.
— Eu levei um susto com esse rosto horrendo! — aponto o dedo trêmulo para o cabeça de palhaço. Coloco a mão no peito para sentir o coração, tá parecendo uma bomba prestes a explodir.
— Você tem medo de palhaços? — Breno toca minhas costas em consolo.
Rio debochado.
— Você ainda pergunta? Podemos ir embora?
— Não, não, você não viu tudo. Se é a cabeça, vamos cobrir com meu casaco. — Breno retira o casaco marrom e joga bem no meio do nariz vermelho do palhaço.
— Ficou com um toque melhor agora.
Breno coloca uma mão na cintura.
— Rapaz, e não é que ficou melhor? Como as crianças brincam com os olhos desse bicho vigiando?
Rio. Sinto-me relaxar, meu coração volta com as batidas normais, acho que voltou mais rápido pelo carinho que Breno não parou de fazer nas minhas costas. Elas chegam a ficar quentes.
— Ok. Olha ao seu redor.
Parando e olhando de cima a baixo. Eu vejo. Com vários tobogãs coloridos, escorregas e balanços, há uma piscina de bolinhas embaixo disso tudo. Ela deve ter uns 3 metros de largura.
— Seu amigo trabalha aqui? — Pergunto, surpresa. Começo a ir em direção à piscina. Um sonho bobo que me parece bem atraente agora.
Como deve ser sentir novamente a sensação de estar entre essas bolinhas, só que adulta?
— Na verdade ele é o dono. A família fez um investimento para ter esse salão de festa, está mais para um parque — Breno ri. — Vim uma vez.
Breno deve perceber minha ansiedade, pois fala:
— Pula logo!
Viro o rosto.
— Não quero parecer uma idiota. Você vai pula juntinho comigo.
Breno gargalha achando que estou apenas flertando ou blefando. Mas quando pára e percebe que meu rosto está sério, bufa.
E quando não respondia nada, levanto levemente a sobrancelha.
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Herança
Ficção Adolescente+16 Anni perde seu avô, isso a destroça por dentro. Seu avô já sabia que iria morrer, então antes deixa uma herança para Anni, mas só podendo recebê-la fazendo uma lista de afazeres. Essa herança vai trazer verdades, brigas na família ambiciosa e um...