Capítulo 18

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Capítulo 18

  Não acredito que eles fizeram isso, não acredito que ela fez isso. Penso que ela pode me matar ou ele... Meu avô nunca vai perdoar algo assim... Devo contar? Por que Nilton fez aquilo!? Por que trair meu avô assim?!

- Diário perdido de Renata

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  - Nunca pensei que contariam a verdade para você. - Fernanda brinca com a bebida na sua mão, mexendo o copo enquanto me olha.

  - Reviravoltas acontecem. - Sorri falso.

- Claro. Então, você disse que quer respostas. Sobre o quê? - Fernanda diz, avaliando Breno com uma sobrancelha para cima.

Isso me irrita de leve. Breno olha apenas para frente, continua bebendo. Ele está focando no pequeno show no palco para me dar um pouco de privacidade, mesmo eu achando que não precisa. Ele sabe de tantas coisas já.

- Meu pai. Sobre a morte dele.

- Hm. Por que falar disso agora?

- Porque eu quero, meu direito saber o que aconteceu. - sinto que Fernanda não vai abrir o pico tão fácil - Deve ter sido difícil para você.

Tento usar uma tática mais emocional. Fernanda bufa, que não é nada elegante para o jeito dela que se mostrou até agora.

- Até parece que você se importa. Mas sim, foi difícil, seu pai foi meu único filho. Eu amava aquele garoto, porém.. - Ela suspira - Ele resolveu se relacionar com sua mãe. Depois disso só foi ladeira abaixo.

Ela me olha.  Vou fingir que ela não insinua que sou a "ladeira abaixo".

- Ele usava drogas?

- Pelo o que disseram ele morreu disso não é. - Debocha.

- Sim, disseram. Mas quero ouvir de você. Mentiram sobre ele usar, ou da minha também?

- Meu filho nunca mexia com essas coisas e se mexeu, eu nunca soube. Não acredito até hoje que foi por isso.

- Então.. por que não descobre mais sobre isso? - me apoio mais ainda na bancada entre nós. Fernanda se afasta um pouco. Pelo meu jeito, ela deve achar que vou pular em cima dela.

- É passado. - Diz ríspida.

Dou um soco na bancada. Mas logo me arrependo, a dor agoniante pega meus ossos. Breno e Fernanda se assustam.

- Ei. - Breno segura minha mão.

- Tudo bem. - afasto sua mão. Dou um sorriso fraco.  Olha para  Fernanda.

- Você sabe de alguma coisa, eu sinto. Por favor, se pela menos tem um pingo de amor por mim, por eu ser uma parte do seu filho, me diz. Preciso saber quem matou minha mãe ou ele.  Eu também acredito que não usavam drogas.

Fernanda com os olhos arregalados, picarreia e fala:
- Só depois de um favor.

Sempre tem que ter algo em trocar. Bufo, fecho os olhos para segurar a raiva.
- O quê? - Pergunto.

- As coisas parecem desanimadas aqui, esse cantor não é muito bom.

Viro e olho o cara cantando no palco.

-  Tá de sacanagem, né?

- Não. - Responde bebendo o resto de bebida do copo.

   - Não sei cantar. 

- Eu sei. - Breno se pronuncia. - Bem, eu posso cantar alguma coisa. E acho que pela bebida, estou com uma energia..

- Breno...

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