Herança

Capítulo 19

Capítulo 19

  Anni uma vez viu Nilton e sua avó brigando, ela era bem pequena, não sabia o sentido das palavras. Ficou semanas com medo de Nilton quando viu o olhar de raiva dele direcionado para sua avó.  Logo depois ele estava consolando Anni pela morte dela.

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   Tiro uma mão do volante e aperto o ombro de Breno.
- Tá tudo bem? - Pergunto.

  Breno se encolhe e se volta na minha direção.

- Uhum. Só tô meio...acho que tonto pela bebida. - Põe a mão na frente do rosto por causa da luz do Sol.

  Fecho um pouco os olhos também, mas sem tirar os olhos da estrada. O trajeto até o escritório de Carlos é chato, porque o caminho é muito percorrido todos os dias.

  - Bem.. percebi que vamos demorar. Que tal um jogo de perguntas e respostas. - Tampareio no volante com os dedos.
Claro que não sugiro isso por acaso, quero perguntar sobre cantar aquela música.

Mordo lábio. Devo perguntar?

- Ok - diz, Breno de ajeita no banco - Quando você tá pensando em algo que te deixa com vergonha ou nervosa, você morde o lábio. O que está passando nessa cabeça?

   Como ele percebeu isso, sendo antes nem eu sabia disso? Mordo o lábio.

- Tá mordendo o lábio de novo. - Ri.

  Bufo.

- Por que cantou aquela música?  - Pergunto. Uma buzina toca e pulamos do banco de susto. Um carro passa e o motorista manda dedo no meio.

- Credo, mas respeito no trânsito. - Breno diz calmo demais. Deve ser efeito da bebida nele.

Rio. Percebo que eu estava errada, estou andando devagar demais, acelero mais.
Breno ainda está olhando pela janela, ótimo ele esqueceu o que perguntei.

  - Estamos quase chegando, podemos comer algo dentro do carro depois. E você tem que beber muita água.

  Breno apoia a cabeça na janela.  Do nada, ele fica mudo. Fiz alguma estranha?

- Breno?

- Sobre a música, meu pai cantou para minha mãe no casamento deles. - fala baixinho.

- Ah. - vou morder o lábio de novo, impeço de fazer antes, não quero mostrar que fiquei "seja lá o que ele acha como eu fico".

- Você ficou sem graça. - fala Breno, ele bagunça o cabelo para um lado.

- Não sei. Mas é lindo isso que seu pai fez, obrigada por cantar para mim também. - Mordo o outro lado do lábio para que não veja.

  - Você não me engana, Anni. Tá mordendo o outro lado do lábio. -  ri aliviando uma tensão estranha no ar.

  Reviro os olhos.

- Ah, vai ti catar!

  - Que xingamento é esse, hein? - Pergunta. Ele se aproxima e enrola meu cabelo no seu dedo.

- Não é um xingamento. - Digo, respondendo sua curiosidade.

  Paro o carro, há vários na nossa frente, só falta virar a droga da esquina e chego no escritório.
  Olho Breno e me olha ainda.

- O quê?

- Minha vez de perguntar! - ele fala sorrindo, mas seu rosto volta a ficar sério - O que achou da sua avó?

   Solto a respiração pela boca como uma criança de 6 anos.

- Ela é complexa. Serve como resposta?