Capítulo 25

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Capítulo 25

  Num diário, que a dona não queria que fosse chamado assim, algo nele tem, algo nele é preciso. Todos seus pensamentos bobos e até os mais sinceros sentimentos, há pistas e provas de uma traição. Em laços e laços de mentiras, mágoas, as coisas podem se resolver e ter um final feliz? Todas as mágoas repassadas como heranças, o pior tipo de passe, passe...

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    Breno

  Chegando na mansão era tarde, o sol estava caindo. Luciana tentava não mostrar preocupação, porém eu sentia sua aflição, ela queria resolver, encontrar Anni, está fora do seu controle e ela detesta isso. Passado o tempo de ouvir todos os xingamentos bem dados dela, temos q ideia de ligar para amiga de Anni.

Alicia deve saber de algo.. eu torcia para isso. Como o esperado, ela atendeu e explicou que havia encontrado Anni, mas ela saiu antes que pudesse fazê-la esperar.

Dizendo que Anni havia passado mal e ficado desacordada, xingo meu ser todo, ela havia saído sem comer nada. Terminando a ligação disse que daria notícias assim que pudesse.

- Quero ver a tal carta. - Luciana está mexendo os dedos na testa, deve estar com dor de cabeça.

  Tirou o papel amaldiçoado, sinto-me melhor chamando assim, mas não perco a culpa de tudo.

  Luciana pega da minha mão num piscar de olhos e ler. Sua testa franzi diversas vezes.

- É falsificada, meu pai nunca escreveria o  "i" e o meu nome com essa caligrafia. Estão tortos. - Diz, ela anda de um lado para outro.

Não acredito que acreditei mesmo que seria carta dele. Nunca chegaria uma carta tão atrasada...

Resolvo contar minha suspeita de Nilton para Luciana.

  - Impossível.. por que Nilton faria isso? - Luciana pergunta mais para si do que para mim.

- Bem, eu não sei, vai ver pela droga da herança, ou por rancor. Só sei que ele andava estranho com a Anni e prestei atenção nos modos dele. - Digo e olho pela janela, estamos na sala e dá para ver o fundo do quintal da mansão.

As árvores escondem qualquer passagem e as flores chamam para uma caminha pelas suas trilhas feitas.
As provas...

- Anni conversou com um tal de Carlos, ele disse que havia provas da morte de Renata enterrados aqui. E se.. a Anni estiver lá agora?

  Luciana respira fundo com a menção de Renata. Ela fecha os olhos e parece, assim que os abre, querer se concentrar em apenas algo.

- Ou.. Como vc acha, Nilton sequestrou Anni assim que saiu de casa... - agora Luciana parece levar mais a sério essa opção.

  Não espero qualquer palavra de Luciana e procuro a saída da mansão para os fundos, para o caminho do quintal.
  Ela me segue sem dizer uma palavra, que torna as coisas mais estranhas, Luciana a cada momento parece querer tentar jogar piadas ofensivas, mas agora sua concentração estar em Anni.

Isso faz com que eu pense se ela algum dia gostou mesmo dela como filha..

- Qual parte você disse que ela estaria? - Pergunta.

- Para o mais fundo do quintal. - Respondo. Quanto mais próximo chegamos a ansiedade aumenta.

Anni, Anni, minha borboleta. A que nunca viu suas asas e não sabe o quão linda é, ela saberá. Por que escondi aquilo, aquela carta? Talvez por não querer que ela se magoasse?

   Andando mais alguns passos ouço algo diferente. Assim que paro, Luciana repete o gesto, andamos entre duas árvores estreitas e vimos o que eu mais temia.

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  Anni

- Abre a caixa! - Nilton aponta arma para minha cabeça.

Ando com as pernas tremendo até a pequena caixa de madeira, suja de terra e com marcas de arranhados. São coisas da minha mãe, um pequeno caderno e folhas espelhadas. Poemas e pequenas cartas.

  Abro o caderninho e folheio as páginas, algumas partes as folhas foram arrancadas.

- Cadê as que faltam? - pergunto sem entender o motivo de olhar essas coisas.

Nilton ri de uma forma sinistra, seus olhos estão com um fundo doentio.  Ele mexe a arma de uma lado para o outro, como se brincasse com uma pedra.

- Não ache que eu deixaria provas do meu caso com a sua avó aí... Ainda mais comigo usando essa caixa para provas do seu suicídio.

  - Mas... -  Tento ganhar meu tempo, como se algo surgisse e eu pudesse fugir. Ele faz silêncio com arma na boca.

  Breno... Eu queria pelo menos abraçar ele antes, antes tudo escurecer. Não ficar mal com ele mais..
Luciana, eu queria tanto ganhar um momento de paz com ela, pensar que ela poderia ter vivido com a minha mãe e as duas cuidassem de mim...
Meu avô... Queria que ele tivesse contado tudo.. eu lidaria com tudo..

  Começo a chorar de desespero.

- Nunca pensei que você cairia naquela carta, foi muita sorte encontrar você sozinha, pensei que teria que usar outras formas de pegar você.. também... Não quero envolver mais gente. Aquele Breno não saia do meu caminho.

Nilton fala comigo e outras formas, em breves momentos vejo ele dialogar com ele mesmo. Ele é um assassino!

Esfrego meus dedos nos olhos tirar o embaçado da minha vista. Meu corpo está cheio de adrenalina, fico em pé e tento dar um passo para frente. Porém Nilton levanta a arma novamente. Agora mais nervoso.

- Melhor acabarmos com isso, você encontrou coisas da sua mãe, não aguentou lembrar que ela se foi, sua ansiedade piorou e por fim a pequena garotinha não aguentou...

  Eu sinto tudo, o barulho do disparo é alto, o vento mais forte entre as árvores, um grito.  Um grito familiar. Não é meu, é de outra pessoa.

   Ainda com a minha vista embaçada,  vejo uma figura rapidamente pular na frente da arma de Nilton, só que não foi muito tempo para impedir a bala.

   Dois disparos.
Uma perfura meu ombro, é quente, o sangue saí, meu corpo toda vai para trás e minha cabeça dói.
  O segundo tiro pega minha barriga, acima da minha cintura o sangue começa a sair.

Apertando bem meus olhos, consigo ver. Luciana está agora em cima de mim, tentando de todas as formas tampar o buraco das balas. Lembro de Nilton, ele pode atirar mais.

  Mas Breno está aqui, tirou a arma de Nilton e bate nele.  Quando levanta, ouço um som de tiro, Breno acerta a perna de Nilton, que uiva de dor.

A expressão de raiva de Breno faz com que eu sinta medo dele. Porém quando vem até mim, seu rosto ficar calmo e com preocupação.

- Chama uma ambulância e a polícia para aquela merda! - Luciana fala mais alto que o normal.

Eu estou sentindo os olhos fechando, mas quero ver tudo, a vontade de chorar aumenta, a dor no ombro se intensifica. Eu só quero que pare.

- Calma, querida. Vai passar, vai ficar tudo bem. - Luciana acaricia meu rosto.

Não acho que vá ficar bem.. sinto a dor de intensificar mais.

- Anni! - Breno grita.

- Não, querida! Fique com os olhos abertos! - Luciana aperta minhas bochechas.

  Tudo está ficando mais escuro, como se meus olhos fossem lentes de câmera e as lentes estão se fechando, encerrando várias fotos lindas de uma vida...
 

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Obrigada por ler
Reta final
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Até o próximo capítulo.
Beijos, Dudinha

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