Capítulo 35

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11:23 

Acordou com o barulho irritante da campainha e de batidas frenéticas na porta. Demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo, o som irritante da campainha não a deixava raciocinar direito. Preguiçosamente levantou da cama e saiu do quarto, com dificuldade de focar já que a luz invadiu seus olhos a fazendo parar para retomar a visão que ficou escura.
 

— JÁ VAI —  berrou impaciente correndo e indo em direção à porta. Ao abrir se deparou com Felix parado, usava seus óculos de sol em um estilo perfeito — A qual é — bufou e deu espaço para ele entrar — Espero que seja importante, quero dormir — bateu a porta e foi em direção da cozinha, abrindo a geladeira para tirar a jarra de suco.

—  Delphine Cormier. Loira, alta, francesa que por um acaso é sua esposa —  estendeu o celular e Cosima pegou, vendo as 17 ligações que ela tinha feito para Felix —  Ela não me deixou em paz enquanto eu não prometi que passaria te ver.

—  Okay já me viu, posso voltar dormir? —  devolveu o aparelho e perguntou impaciente, pegando um copo no armário aéreo.

— Não, eu vou fazer seu café e depois nós vamos almoçar fora. Se eu tive que levantar cedo, você também vai — sorriu debochado — SÃO ONZE HORAS COSIMA.

— Você é um péssimo melhor amigo, Felix — apontou o dedo para ele.

— Observe eu me importar — disse debochado e tirou o copo da mão dela, bebendo o resto — Vai tirar esse moletom da Delphine e colocar algo decente pra tomar café comigo.

— Não — bufou e saiu da cozinha, indo em direção do quarto — Eu só quero ficar sozinha — gritou já da sala.

— Ó deusas da paciência me deem forças — apontou para o céu e soltou um suspiro.

Cosima POV

Insuficiência é a palavra. Medo também.

Dois sentimentos que me acompanham nesses últimos dias solitários nessa casa enorme, que sem Delphine fica maior ainda. Aquela gargalhada que ocupa cada canto, o seu cheiro que abala minhas estruturas, acordar com seu cabelo no meu rosto.

Sinto saudades.

Eu preciso dela comigo, mas ao mesmo tempo só consigo evita-la por não saber como dar a notícia mais uma vez.

"Oi, Delphine. Queria dizer que mais uma vez falhei na tentativa de te dar o nosso tão almejado filho."

A verdade é dura, machuca. O mais dói é saber que essa verdade pode custar caro.

Me encolhi um pouco no edredom, mas logo o mesmo me foi arrancado. Sentei na cama, passando as mãos pelo rosto. Ao abrir os olhos, vi que Felix segurava o edredom e com a outra mão sustentava uma xícara de café, me olhando com reprovação.

— Eu entendo que a sua situação não seja das melhores, mas a vida não para só porque sua esposa está longe de casa — ela arqueou as sobrancelhas, incrédula. Não é hora para o seu amigo ser tão frio — E não me olhe assim, Cosima.

— Você invade minha casa, me faz acordar cedo em pleno domingo, justamente no dia que tive uma das piores insônias da minha vida e ainda me pede para não te olhar torto? — bufou deitando o corpo violentamente — Eu só quero ficar aqui o dia todo.

— Cos...— sentou na cama e colocou a xícara sobre o criado mudo — O que foi? — a olhou com carinho. 

— Nunca desejei tanto sentir vontade de vomitar, sentir azia ou qualquer sintoma —  sentou na cama, pegando a xícara do criado mudo, bebendo um gole do café, que estava forte e um tanto amargo.

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