"Apesar de tudo, o amor era menos simples do que ele julgava. Era mais forte do que o tempo. O amor, no fim das contas, era feito de inquietações, de renúncias, de pequenas tristezas que surgiam a todo instante."
Simone de Beauvoir
Novamente no saguão enorme, com pessoas bem trajadas indo e vindo em sua rotina torturante. Vozes elevadas vindo de uma porta chamaram sua atenção. Entrou e viu uma jovem de óculos sendo sufocada por um homem, que estava de costas e com uma blusa de touca, impedindo de ter uma melhor visualização.
— Pare — pediu se aproximando, mas não foi ouvida — POR FAVOR — gritou e fez menção de tocar no braço do homem, que saiu correndo no exato momento. O corpo da jovem caiu desmaiado. Se aproximou em passos curtos, se certificando de que mais ninguém estava no local — Moça ? — deu um toque com o pé e olhou em direção a porta. Ninguém — Acorde — dessa vez se abaixou e tocou no ombro da jovem. Sem respostas, resolveu a virar de bruços. O jaleco branco estava ensaguentado, assim como sua boca. Os olhos estavam perdidos em uma escuridão sem fim. Focou o olhar no bordado do jaleco — Dout... — mas antes de terminar uma voz no fundo a tirou daquele ambiente. Ouviu vozes, mas estava em uma escuridão sem fim.
— Olá ? — questionou ouvindo as vozes naquele mar de escuridão. Uma luz a cegou, e logo após o ambiente tomou forma. Era uma quarto de bebê. Viu uma mulher, aparentava pouco mais de 50 anos e segurava uma criança no colo. Se aproximou e observou aquela cena. A criança tinha um pouco de sangue na boca, o que a assustou. A respiração ficou falha e sentiu o corpo voar novamente para o estado consciente.
— Kendall — a voz a chamou, fazendo abrir os olhos e finalmente respirar com dificuldades. Encarou o teto por alguns instantes e finalmente encarou a mulher ao seu lado — Mais um daqueles sonhos ? — perguntou preocupada, segurando sua mão.
— Eu preciso encontrá-la — respirou fundo, puxando todo ar possível — Alguma coisa vai acontecer.
...
Toronto, 12:48
— Não, francesa. Brega demais — Felix andava em círculos pela sala de Delphine, que estava sentada no sofá com uma caderneta em mãos enquanto coçava a cabeça com a ponta da caneta.
— Você vai me ajudar ou julgar ? — bufou esticando os pés na mesinha de centro — Cosima merece algo bom.
— Ela te vê pelada quase todos os dias, do que mais precisa ? — fez tom sério e Delphine sorriu de canto. Revirou os olhos e se aproximou — Me dá isso — parou na frente dela e estendeu a mão pedindo a caderneta, que estava toda rabiscada com ideias não aprovadas por ele.
— O casamento é em três dias e eu não sei nem o que vou falar para minha noiva na hora — pendeu a cabeça e passou as mãos pelo cabelo. Encarou Felix e viu que ele escrevia algo em extrema concentração — Preciso de algo que descreva tudo.
— Pronto — estendeu a caderneta e Delphine sorriu, pegando em seguida — Acho que isso descreve todo teu sentimento.
— FELIX — o encarou firme e recebeu um olhar debochado, junto de uma sobrancelha arqueada. Encarou o rapaz por longos segundos antes de cair na gargalhada — "Cosima, eu te amo. Fique por cima enquanto te mamo. Nada vale mais que seu amor, exceto seu calor, emanado do corpo suado com meu nome em gemidos descompassados" — fechou os olhos e abanou a cabeça, rindo desesperadamente — Você deveria rever sua profissão — o encarou fingindo admiração pelas palavras.
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True Colors
Fanfiction2° temporada de "Colors" Como pensar apenas no futuro, quando o passado volta a bater em sua porta?. A felicidade é apenas um estado da alma, só aprendemos a dar valor a esse estado, quando não se faz mais presente. O passado pode custar a felicidad...