Capítulo 22

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 — Não pode ser — sentiu um nó se formando em sua garganta e a olhou com os olhos marejados — Como ?

— Estou doente, Delphine — sorriu já chorando — Mas você estava ocupada demais com sua ex, que nem percebeu.

— Você não me contou — levantou, jogando os exames na mesa e se aproximando dela — Nós vamos passar por isso.

—  Não —  se afastou —  Eu vou passar. Eu que estou doente. Você pode correr para os braços da sua ex — a deu uma breve encarada e foi ara o quarto. Delphine não a seguiu. Ficou parada tentando processar.

—  Onde pensa que vai ? —  indagou assim que Cosima se aproximou vestindo um casaco caxemira preto.

— Para longe de você —   a olhou com os olhos cheios de dor, caminhou até a porta e abriu.

—  Cosima volte aqui —  a olhou saindo e fechando a porta — COSIMA —  berrou e foi correndo até a porta, abriu e correu até a garagem mas Cosima não estava no carro. Saiu até a calçada e a viu distante, caminhando na chuva — QUE MERDA — bufou e correu a alcançando com dificuldade — Sai da chuva — segurou seus braços.

—  Como se você se importasse —  falou entredentes. Sua cabeça girava. Permaneceu de costas para Delphine, sentindo o toque quente dela em seu braço. Fechou os olhos e se concentrou nos pingos de chuva que gelavam todo seu corpo

— Se não me importasse não estaria aqui no meio da chuva, tentando te convencer que esse anel no meu dedo não é só um objeto bobo.

— É um objeto Delphine, não vale de nada. Entre uma esposa doente e a gostosa da ex não fica difícil escolher — pausou, sentido as lágrimas se misturando com a chuva que escorria em seu rosto — Nossa uma esposa que tem crises de hematêmese —  debochou e abaixou a cabeça — Você não é obrigada a passar por isso, pode ficar livre de mim e dessa maldita doença.

— Eu sei que deve estar assustada e tudo que fiz também não ajudou, me desculpe por isso mas... — pausou e respirou fundo — Poderia ter me contado, Cosima. Sou sua esposa e vou estar ao seu lado, você querendo ou não — soltou o braço dela e se entregou as lágrimas.

— Não é sua decisão — foi rude e finalmente se virou, encarando Delphine com uma expressão firme. Ela estava tremendo, totalmente encharcada e sofrendo.

— Não —  sorriu fraco — E nem sua. É uma decisão nossa, que aceitamos no dia que casamos. Eu prometi te amar e te proteger e é isso que quero fazer. Foi isso que tentei fazer quando te escondi a porra da verdade —  suspirou encarando os pés — Eu não te prometi ser perfeita, mas prometi te amar acima de qualquer coisa. Amar nem sempre vai se basear em beijos, sexo e dias bons. Amar é fazer o que for preciso para proteger quem se ama. Você está doente, eu errei em esconder sobre Isabelle e o nosso casamento que começou a poucos dias está escorrendo entre os dedos — engoliu em seco mordendo o lábio — Eu não posso te perder, mas a decisão não é só minha —  a olhou com uma expressão preocupada —  É nossa.

— Eu estou te fazendo sofrer e não sei como parar com essa dor — abaixou a cabeça começando a chorar desesperada.

— Hey, Cosima — Delphine ergueu a cabeça dela e se aproximou colando suas testas — Não chore, por favor — segurou seu rosto com as duas mãos a olhando nos olhos.

 — Eu preciso de você — sussurrou baixinho fechando os olhos.

— Eu não posso viver sem você, por favor não me impeça de te proteger, Cosima — disse já mais calma, sentindo a mão dela descendo pela lateral do seu corpo e conforme seus braços envolviam sua cintura, começou a roçar seu nariz com o dela  — Me deixe cuidar de você, meu amor — falou em um sussuro. Lentamente, seus lábios foram se aproximando, apenas repousando um sobre o outro de maneira medrosa mas delicada.

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