VII

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[...]


 - Você sabe que você precisa se acalmar né? - eu já tinha ouvido isso de Larissa, Lucas e agora deveria ser a vigésima vez que eu escutava isso de David, eu revirei os olhos. 

Estávamos no meu quarto na minha casa no Brasil. 

Meu pai tinha falecido, e eu sei que todos me olham preocupados no momento porque estão todos tristes e deprimidos enquanto eu não esboço reação alguma.  

Eu não esboço reação alguma porque não acredito que meu pai tenha morrido. 

Mas se isso fosse real ou não, eu ia descobrir agora, porque íamos para o velório dele, então sim, se isso fosse real e eu não estou sonhando, minha ficha vai cair agora. 

- Não tô nervosa ué - falei dando ombros.

- Fingir que isso não existe não vai fazer com que isso não exista - ele disse em encarando - Eu sei que é difícil e que...

- Não, você não sabe - eu o interrompi - seu pai está vivo, David, então não fala que sabe, porque você não sabe.

- Você descontar a raiva em mim não vai trazer o seu de volta. - sim, foi pesado. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu me levantei da cama, David bufou frustado passando a mão pelo cabelo logo em seguida - Desculpa - eu limpei uma única lágrima que caiu desde da notícia que recebi e sair do quarto.  

                   ⇨⇨⇨


Não me lembro da última vez que vi tantos familiares meus juntos. Eu ainda mantia uma certa distância de David devido sua última fala, mesmo sendo visivelmente seu rosto de culpa. 

Eu ainda não havia descido do carro, mas já sentia que a ficha estava começando a cair e que dessa vez eu não ia ter meu pai ali pra me ajuda.

Eu evitava ao extremo velórios, então todas às vezes que eu ia, eu era a última a chegar e meu pai sempre ia me buscar para me da todo o apoio necessário. 

Mas dessa vez eu não tinha meu pai, eu estava velando ele. 

Fechei meus olhos e criei coragem para sair do carro. David pegou na minha mão e me deu um beijo na testa. 

- Eu tô com você - ele apertou minha mão. Respirei fundo, eu sou forte, eu sou forte, eu sou forte. 

Andamos alguns passos e estava cheio demais aquele lugar, tinham várias pessoas do lado de fora da capela e eu pude avistar um caixão, porque todos abriram espaço. 

Não dava para acreditar, é o meu pai.

Eu não estava dentro da capela ainda quando vi minha mãe, minha irmã e meu irmão abraçados chorando sobre o caixão. E isso me trouxe mais para realidade do que antes.

Isso é demais para mim.

- Eu não consigo - parei de andar e apertei a mão de David com força - Não é possível... - eu me enterrei no peito de David e comecei a chorar.

Eu havia me segurado o tempo todo, e agora eu percebir que força alguma seria o suficiente para aguentar isso. 

Eu não tinha mais o meu pai.

David não falava nada, até porque palavra alguma seria útil para me ajudar agora. Ele me abraçou com força.

- Força Liz - isso veio de Larissa, eu chorei mais. 

Eu não queria ser forte mais. Não agora. Fiquei completamente sem rumo e só desejei ter meu pai ali, por que eu fiquei tanto tempo longe?

Comecei a me lembrar de diversas situações querendo mudar todas elas, talvez se eu tivesse ficado mais em casa, se eu não tivesse ido para Paris, eu só quero me despedir. Eu só quero meu pai de volta. Mas do que no dia que fui embora, mas do que no dia que eu sentir muitas saudades, mas do que no dia que eu briguei com Marcos e ele me defendeu.

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