XXVI

101 2 0
                                    

Os dias em que David tinha jogo eram sempre uma correria, Sofia ficava muito empolgada porque por incrível que pareça não era tão comum levar ela nos jogos. A confusão maior era porque tínhamos que entrar pelo outro lado do estádio com David, conferir os documentos para o camarote, conferir se às cadeiras não eram repetidas, revista para não entrar com nada que podia entrar, entre outras coisas que eu ficava cansada só de pensar.

Levantei e David já não estava mais na cama, era por volta de onze horas e hoje o jogo seria as duas, peguei meu celular que estava do lado do criado.

- Bom dia! - eu disse sonolenta quando o vi entrando no quarto.

- Já acordou? Pensei que você tava mais cansada e ia dormir mais - ele disse se sentando na cama passando a mão por meu rosto, peguei sua mão e lhe dei um beijo.

- Deu para descansar, tá acordado a muito tempo?

- Sim.

- Tá tudo bem?

- Sim - ele disse desviando o olhar de mim, não estava tudo bem.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Você tá nervoso?

- Eu odeio jogar contra Barcelona, ainda mais nessa fase maravilhosa que eu estou.

- Não pensa assim, amor... - eu me sentei na cama - você precisa confiar em si mesmo.

- Nem meu técnico confia em mim e eu devo confiar?

- Se ele não confiasse você não seria titular hoje - me levantei da cama - E eu e Sofia confiamos em você!

- Ah, nossa... Que bela torcida!

- Nossa confiança não vale nada? - eu segurei o riso - foi isso que você quis dizer?

- Não né.

- Acho bom! - dei um tapa de leve no seu braço, logo em seguida encarei seu rosto - Eu te amo e vamos estar lá com você.

- Eu também te amo - ele me beijou - mesmo você enrolando para casar comigo.

- Nós vamos casar - eu dei um sorriso - mas temos tempo.

- Você disse isso a seis anos atrás quando veio para cá. - eu rir.

- E continuo aqui, com esse anel lindo - mostrei a mão para ele - não estou pronta para tirar ele e colocar outro.

- Você consegue me convencer com esse papinho - ele falou rindo - E eu acredito, sou muito bobo às vezes.

- E muito lindo também. - o beijei de novo.

Me levantei e fui tomar um banho enquanto David acordava Sofia, lavei meus cabelos e demorei cerca de um quarenta minutos dentro do banheiro esperando a hora passar.

Sair do banho e coloquei uma calça, blusa de frio e um sapato para ir ao jogo, Sofia já estava arrumada e me esperando para pentear o cabelo dela.

- Bom dia filha.

- Bom dia - ela disse abrindo a boca sonolenta me entregando a caixinha do remédio que ela tinha que tomar, dei o remédio a ela e depois fui pentear seu cabelo.

- Tá com sono?

- Sim - ela respondeu um pouco seca, na verdade ela estava muito de poucas palavras hoje.

- Tá tudo bem filha? Tá sentindo alguma coisa?

- Não - ela se virou para mim - você não acha que o dia está estranho?

- Estranho como?

- Não sei, eu tô com medo... - ela abaixou a cabeça, eu não entendi nada.

- Ei, tá um dia normal - levantei seu rosto e fiz ela me encarar, ela ia chorar, eu estava entendendo menos que antes agora - Não precisa chorar, não vou deixar nada acontecer com você.

Business Onde histórias criam vida. Descubra agora