Vinte e Seis

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De tempos em tempos temos um relatório breve de como estão as coisas pelo resto do país. Quais acampamentos estão sendo atacados, quais áreas estão precisando de reforços, quais armas maiores foram disparadas e quais estão sendo os passos da Central.

Isso nos ajuda.

O sol já começou a nascer e continuamos nossa caminhada com determinação e silêncio. Sei que podemos esperar qualquer coisa, e tudo parece silencioso, mesmo com o som dos nossos passos sobre a terra seca e chãos quebrados, mesmo com o som dos motores dos tanques e dos rádios chiando. Tudo parece assombroso demais, até mesmo nossas respirações.

Sei que não devo estar distraída, mas estou, quando Hunter e James param no mesmo instante a nossa frente, e o mundo inteiro fica em silêncio.

— O que hou... – não tenho tempo de perguntar, pois estamos sendo atacados.

Ouço os primeiros tiros virem da nossa frente, e logo estamos revidando. Primeiro, não sei para onde estou apontando, apenas me jogo no chão por proteção e miro minha arma acima da cabeça. Mas então, eu os vejo. Homens espalhados a nossa frente com uniformes verdes e preto, atirando sem dó em nossa direção.

O exército inimigo.

Tenho certeza que estamos em maior quantidade, então todos os que estão à vista, caem com facilidade. Continuo deitada no chão por mais alguns segundos quando os tiros cessam, apenas esperando que algo mais aconteça, mas não acontece. Me ergo lentamente com Clara e Sam ao meu lado, esperando por qualquer coisa...

A primeira camada dos nossos soldados segue em frente, com passos cautelosos e miras erguidas, subindo uma pequena elevação que dá continuidade ao campo deserto. Ninguém respira ou pisca, todos os olhos estão atentos, e por um segundo, penso que está tudo limpo novamente.

Mas estou errada.

E quando ouço tiros novamente, é para ver alguns dos nossos homens caírem. E então, todos estamos correndo e atacando.

Subo a elevação o mais rápido que posso, em sincronia com toda essa massa de soldados que há a nossa volta. Há homens em cima dos carros tanque que tem uma visão mais privilegiada que todos nós, e com certeza, metralhadoras autoátcas melhor do que qualquer arma que possamos ter. E eles estão atirando sem parar em algo à nossa frente. Mas é somente quando terminamos de subir a elevação, que vejo. Há um acampamento inteiro do inimigo a nossa frente. E estamos sendo atacados.

Eles estão escondidos estrategicamente enquanto nós estamos desprotegidos de qualquer coisa que possa ser barreira para nós, então atiramos sem fim. Minha mira é perfeita, e quando acho um alvo, não hesito em atirar. Continuamos a invadir e seguir acampamento adentro, e vejo quantos homens temos perto deles. Dominamos fácil todo o perímetro, e derrubo cinco homens com luta corporal. E é então que percebo que o treino com amigos de classe não é nada comparado a isso. Fingir matar alguém não é nada parecido com matar alguém de verdade, e não sei se estou anestesiada pela adrenalina ou se é meu instinto de sobrevivência, mas até agora, não senti nada ao enterrar uma bala na cabeça dessas pessoas, e pulo seus corpos como se não fossem nada.

Arrombo portas e vasculho cada canto desse lugar com todo o cuidado possível. Sempre tenho James e Clara perto de mim, e seguimos como no treinamento. Nunca ficamos sozinhos ou com a guarda desprotegida.

Quando não há mais sinal de ataque, vasculhamos mais algumas áreas para nos certificar que está tudo certo. Pegamos o que é de nosso interesse e olhamos para o acampamento vazio e os corpos no chão.

— J04 para Central. – James diz dessa vez. – Acampamento Inimigo localizado nas coordenadas 04-23-11, abatido. Perímetro limpo.

— Entendido. – é a resposta que temos. – Bom trabalho.

LIGHTS - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora