29

2.1K 140 31
                                    

Fresno
Nesse Lugar

Fiquei tentando decorar o que eu ia dizer quando a gente se encontrar
E quando eu ver você, mas as palavras vão faltar

No momento em que chego ao batente da porta que dá acesso à área verde da casa, vejo Any sentada de costas, brincando com nossos filhos sobre um lençol colorido. Duas meninas lindas, com a pele de um tom de mel lindo e cabelos loiros como o meu. O menino, porém, é branquelo como minha família, mas seus cabelos são pretos como o da mãe. Definitivamente minha bambina não poderia ter me dado um presente melhor do que esse. Nossos filhos, nossa família.

Quando ela faz um movimento para pegar uma das crianças no colo, arrasto meus olhos por todo seu corpo, percorrendo cada centímetro. Clamo para que exista qualquer coisinha deixada pela gravidez, mas o short curto e a camiseta amarrada com um nó apenas evidencia o corpo maravilhoso que a mesma sempre teve. Talvez até melhor do que antes.

Mais uma gargalhada estridente é solta e minha atenção é logo roubada de volta às crianças. Eles são tão lindos. As meninas tão frágeis e delicadas. Tenho certeza que meus pais estão caducando, minha mãe principalmente.

Todo esse tempo longe só me fez te querer mais

Perco alguns bons minutos observando-os quando percebo que meu filho, meu menino, observa-me ainda tão pequeno com os olhinhos confusos. Piscando seu par de olhos anil curiosos, ele começa a balançar a mãozinha em minha direção com um lindo sorriso banguela e eu lhe mando um tchauzinho imediatamente.

Notando o quanto seu filho está entretido com algo atrás de sí, Any olha para a mesma direção que ele, permitindo que nossos olhares se encontrem mais uma vez.

Sua expressão foi de felicidade para um completo choque. Pude ver seu queixo tremer e suas sobrancelhas contraírem no exato momento em que percebe que dessa vez não sou apenas fruto de sua imaginação.

Em questão de segundos, Any chega até mim e se joga em meus braços. Um abraço apertado, cheio de medo e saudades. Carregado de amor e magoa, com certeza, pois de todas as reações que imaginei que ela podusse ter, essa foi à única que cogitei não acontecer.

Ficamos abraçados por alguns segundos e tudo o que consigo pensar é em como seu corpo encaixa-se perfeitamente ao meu. Céus! Por que fui tão burro de deixa-la?

Como uma verdadeira caixinha de surpresas, assim que encosto seus pés no chão novamente, recebo um tapa ardido em meu braço.

— Eu deveria te matar Joshua. Te colocar para fora daqui a pontapés. Te mandar sumir da minha vida. Te odiar por tudo o que passei e arrumar outro – diz com lágrimas teimosas caindo por seus olhos magoados.

Abraço-lhe novamente. Sem saber por onde começar, aperto seu corpo um pouco mais contra meus braços, lhe beijo a cabeça e começo a falar.

— Você pode me matar se quiser. Pode me colocar para fora daqui a pontapés que não lhe tiro a razão. Mas você jamais pode me mandar sumir da sua vida, porque isso seria definitivamente o inferno para mim – lhe solto do abraço a fim de lhe olhar nos olhos – Eu ainda não descobri e nem mesmo quero tentar encontrar uma maneira de viver sem você. Any, você pode me odiar se quiser e pode até tentar arrumar outro homem ao invés de mim, mas ele jamais te amará da forma como eu te amo. Ele jamais te tocará da forma como eu te toco – passo o dorso da minha mão delicadamente sobre seu rosto - Ele jamais te completará da forma como eu te completo. E você jamais será feliz com ele, porque você nasceu para ser minha, meu amor. Aquele dia em que nossos destinos se cruzaram, não foi um mero acaso. Estava tudo planejado. Era para você entrar na minha vida e eu entrar na sua – pego sua mão e coloco sobre meu coração - Era e é para nós sermos felizes, juntos. Porque Gabrielly, nada nesse mundo funciona de forma mais perfeita do que eu e você juntos.

— Josh... – com os olhos marejados tenta falar algo, mas eu lhe interrompo.

— Não Any... Me deixa terminar primeiro, por favor! Fui a pessoa mais imbecil do mundo ao ir embora. Eu fiquei tão obcecado por voltar para lá que não percebi que deveria mesmo era ficar aqui, com você. Fomos bobos em um dia ter terminado o nosso namoro por medo de perder a amizade. Desperdicei anos da minha vida com a Camilla quando a única mulher que eu amo e sempre amei foi você – entrelaço suas mãos na minha - Estamos atrasados Any, muito atrasados. Aqueles três ali – solto uma mão e aponto na direção de nossos filhos - já eram para estar nos deixando loucos com perguntas como "De onde vem os bebês?" E eu já te deixo avisado que a história da cegonha não cola mais, então espero que você realmente tenha uma boa resposta para essa pergunta, pois quando esse dia chegar não serei eu a falar desse assunto para as minhas duas princesinhas – arregalo os olhos e ela solta uma gargalha gostosa - Eu entendo que você esteja magoada comigo e não te critico por isso, afinal eu mesmo nesse momento não gosto nem um pouco do que fiz e/ou de mim. Me sinto o pior da minha espécie, mas por favor, só não me diga que é tarde demais para recomeçar de onde paramos.

Any não fala nada, apenas limpa seu rosto molhado da melhor maneira que pode e me puxa para onde as crianças estão. Me faz sentar sobre o mesmo lençol que a pouco observava, e encaixa-se prontamente entre minhas pernas recostando seu corpo ao meu.

Abraço-lhe mais uma vez, encaixo minha cabeça na curva de seu pescoço e lhe sussurro "Eu te amo, me desculpa" em seu ouvido.

- A de cabelo mais encaracolado é a Amelie. É a mais doce e tranquila dos três. Está sempre com um sorriso no rosto e adormecendo na minha cama já que é a última a mamar a noite. Por mais que esteja com fome, me espera dar de mamar aos outros dois antes dela - sorri ternamente para a filha que parece sua cópia, se não fosse o tom claro de seus cabelos - A outra, de cabelo ligeiramente mais liso é a Melody, mas acho que errei no nome, porque é a mais birrenta. – torce o nariz e sorri mais uma vez – Ela está sempre com um biquinho quando quer alguma coisa e tem que ser a primeira a ser alimentada senão abre um berreiro de deixar qualquer um doido. Sua mãe diz que ela é igual a você quando bebê – compartilhamos um sorriso com isso e me sinto um pouco mais próximo deles -  E o menino é o Artur – sorrio por ter o nome que sugeri certa vez -  É o mais sapeca dos três, mas em contra partida é super protetor das irmãs, mesmo sendo tão novinho. Já o vejo dando dor de cabeça para elas quando crescer.

•••

ACHO QUE TEM UM OLHO NAS MINHAS LÁGRIMAS!!!!

Les Lignes de L'amour - II TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora