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Os dias têm passado com certa agilidade. Parece que foi ontem que Joshua retornou da África, mas na verdade, hoje faz um mês.

Ele com certeza é o mesmo homem por quem me apaixonei há anos atrás. Gentil, atencioso, honesto, amoroso e muitos outros adjetivos. E, além disso, vem se mostrando ser um pai incrível.

As crianças o amam e sentem sua falta quando ele sai para trabalhar. Tem sido quase impossível fazer as crianças dormirem nos dias em que ele está de plantão. A sorte é que fomos inteligentes o suficiente para gravarmos um vídeo com ele cantando a música de sua avó e com muita paciência e esforço, após a quinta ou sexta vez que reproduzo o vídeo, eles adormecem.

Entre nós também está tudo ótimo, graças a Deus. Tivemos uma longa conversa no dia posterior ao jantar. Vi um Joshua completamente pequeno aquele dia. O que quero dizer com isso? Que vi um homem que estava machucado, cheio de medos e de traumas. Um homem que se achava pequeno demais para encarar esse mundo tão grande e cheio de maldade. E pela primeira vez consegui compreender cem por cento o que ele sentia e seu motivo de partir. Ainda que o mesmo tenha feito da pior maneira.

Ele também me escutou. Lhe contei os piores momentos que passei durante a gestação e após ela. O puerpério foi muito difícil para mim. Estava feliz demais por estar com meus filhos ali, em meus braços, mas não conseguia compreender meu corpo e nem acompanhar minha mente. Era difícil de entender que todas as mudanças físicas e hormonais que a gravidez causaram em mim estavam tentando se retransformar e retornar ao que eram antes. Eu me sentia tão cansada. Por Deus, eram três crianças para eu lidar sozinha, ainda que tivesse ajuda de meus amigos e família.
Deixar duas crianças chorando enquanto amamentava uma era a pior parte. Culpava-me por não conseguir alimentar os três ao mesmo tempo. Tinha medo só de pensar que eles pudessem nascer com raiva de mim por isso. Fora os momentos em que meus seios rachavam. Muitas vezes Melody, sempre birrenta e tendo que mamar primeiro, ingeria leite com sangue enquanto eu chorava de dor. Dor por estar machucada e precisar dar de mamar. Dor por não estar dando conta dos três. Dor pela culpa de não ser suficiente para meus bebês. Por que ninguém conta que ser mãe é sentir tanta culpa? Ou melhor, sentir tudo e em proporções tão grandes?

•••

Hoje estamos em um dos nossos lugares preferidos do mundo, o Regent's Park. Bailey ficou tão amigo de Joshua que decidiu nos presentear com uma sessão de fotos em família, já que ele não esteve no outro ensaio.

May e Shivani tem sido um casal importante para nós. Tornamo-nos muito próximos desde que meu amor voltou. Bailey ajudou Noah a perdoar Joshua com mais facilidade, conversando bastante com ele. E Shiv ajudou-me junto com Sina a colocar na cabeça de Joalin e Sabina que o pai dos meus filhos estava mentalmente doente quando fez o que fez. E, devo dizer que hoje, é graças aos dois, que nossa família voltou ao normal. Com feridas e cicatrizes, mas estamos todos juntos novamente.

— Este lugar é completamente encantador! – digo pela terceira vez – May, sabia que aqui foi onde demos nosso primeiro beijo? – lhe pergunto e ele sorri ao manear a cabeça em sinal negativo.

— Sério? Que romântico! – Shivani diz. Ela veio para nos ajudar com as crianças nas fotos.

Início do flashback

O clima entre nós tem estado diferente ultimamente. Desde o dia em que beijei Sloan no laboratório de anatomia, após Clair duvidar que poderia ficar com o cara mais gostoso de nossa turma, Joshua instalou uma carranca na cara e tem me evitado.

Isso já faz três dias e desde então não nos falamos direito. Mandei mensagens para ele ontem e o cretino não me respondeu. Isso me mata de raiva. Sério, acho um comportamento tão infantil. Se ele não gostou bastava conversar comigo, aliás, ele não tem que achar coisa nenhuma porque não temos nada. Somos amigos apenas. Apesar de gostar dele secretamente.

— Filha, Joshua está lá embaixo – meu pai diz ao bater na porta e abri-la – Pediu que se arrumasse para ir até o parque com ele.

— O que? – digo praticamente gritando. Como ele me evita por três dias e aparece aqui do nado e ainda manda meu pai falar preu me arrumar para sairmos.

— Diga que não irei. Não estou a fim de olhar na cara dele agora! – meu pai torce o nariz e desce.

Segundos depois escuto minha porta ranger ao abrir e um Joshua vermelho aparecer.

— Porque você não quer ir comigo?

— Você ainda pergunta? Por Deus, tem três dias que te mando mensagem e você não me responde – digo deitada na cama olhando para o teto.

— Eu... Estava digerindo o que houve na universidade quarta-feira – senta-se na cama e depois se deita ao meu lado. – Vamos lá! Me desculpa por isso e vamos comigo. Quero te levar em um lugar lindo que descobri – pega em minha mão e entrelaça na sua e, como em um passe de mágicas, qualquer raiva que eu pudesse ter dele some.

•••

— UAU! – É tudo o que consigo dizer.

Joshua me trouxe até o Queen Mary's Gardens, o Jardim que fica entre o Regent's Park e tem mais de doze mil rosas com mais de quatrocentos tipos.

— Quando li sobre esse lugar automaticamente pensei em você. Sei como você gosta de flores. – declara enquanto sorri ao meu lado.

— É simplesmente perfeito. Meu Deus, Josh – coloco a mão sobre a boca mais uma vez – Olha para isso! Temos todos as cores de rosas aqui – aponto para vários pontos.

— É lindo... Como você! – encara-me e eu enrubesço.

Caminho até o meio do roseiral de rosas lilás e abaixo-me para cheirar, quando me levanto ele está me encarando.

— Hey, o que foi? – lhe pergunto meio sem jeito.

— Nada. Só estou vendo como você se encaixa tão bem aqui – chega perto de mim e acaricia meu resto.

— Josh, eu... – suspiro – Não brinca comigo, por favor! – lhe suplico com os olhos.

— Eu jamais faria isso contigo. Eu gosto de você, bambina – encosta sua testa na minha.

— Bambina? – pergunto

— Sim. Você é minha criança, minha garota, meu amor – roça seus lábios nos meus e beija-me.

Fim do flashback

— Vocês são muito lindos juntos, não aguento! – Shivani diz após lhe contar como foi.

— Any irradia luz quando estão juntos. Chega a ser surpreendente de ver! – Bailey diz e eu fico vermelha.

Joshua que está com as crianças perto do lago, me manda um beijo pelo ar e eu sorrio boba.

— Viu só? Aff – minha amiga suspira apaixonada por nós dois e eu rio.

•••

Não dou conta desses dois juntos!!!

Aliás, quero dizer que estamos no fim dessa temporada. Ainda não escrevi o mesmo, mas acredito que em cinco capítulos, até menos, finalizarei!

Les Lignes de L'amour - II TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora