Ah Joshua, estou tão empolgada. Descobri o sexo dos nossos bebés e me pego a pensar em tantos nomes. Queria que você estivesse aqui para me ajudar.
Vegaz
Cada Instante sem vocêAs lembranças que guardei, tenho aqui dentro de mim.
Ainda não sei o nome dos nossos filhos, mas consigo imaginar alguns que passaram por sua mente. Esse trecho da carta lembrou-me de um momento especial que vivemos nos tempos da Universidade, mais especificamente de um gostoso verão que passamos juntos.
Inicio do flashback
Levei Any para passar uns dias no sítio dos meus avós, que fica no interior da Inglaterra. Não me recordo exatamente da época, mas sei que aproveitamos um feriado estendido ao qual não teríamos provas e poderíamos enfim descansar um pouco da medicina.
Estávamos no banco de trás do meu carro, onde havíamos acabado de nos amar, e mais uma vez conversávamos sobre nosso futuro juntos.
— Vamos Joshua, um nome apenas. É tão difícil assim pensar em um? – ela se levanta e apoia o queixo em meu peito ainda desnudo para olhar-me nos olhos.
— Ok dona resmungona, deixe-me pensar. Para menina acho que gostaria de Sophie ou Melissa – sorrio de lado com o sorrio que ela me presenteia.
— E para menino? – pergunta com a cabeça deitada de lado andando com os dedos das mãos sobre meu peitoral.
— Não sei Gabrielly. Acho que talvez... Artur, sei lá. Não sou a pessoa mais indicada para essas coisas – faço careta.
— Seu insensível. – Resmunga e bate levemente em meu braço. – Para menina eu gosto de Melody, Maria, Marianna, Amelie, Amélia e concordo com o seu Sophie e Melissa – senta-se no banco e olha-me - Agora, para menino... Gosto de Guilherme, Henrique, Eduardo. Ai, são tantos!!! Mas seria muito interessante um Junior, não? – Diz rindo, enquanto toma meus lábios em um beijo para em seguida recomeçarmos tudo de novo.
Fim do flashback
Gostaria de te dizer que vou voltar.
A cada carta lida meu coração se comprime um pouquinho mais. Recrimino-me a todo instante por ter estado tão longe em um momento tão precioso e que tanto havíamos sonhado.
À medida que o tempo passa, a quantidade de cartas vai diminuindo, e eu não vejo a hora de chegar à última logo.
Hoje terminei de comprar o enxoval e os móveis dos bebês. O pessoal que está trabalhando na casa disse que com certeza essa semana o quartinho deles estarão prontos.
Anseio pelo momento do nascimento. Estou louca para segura-los em meus braços, acalenta-los, alimenta-los. E você? Onde está Beauchamp?
•••
Quando finalmente chego a ultima correspondência, de numero 262, uma nova noite se iniciava.
Não me preocupo em dormir hora alguma. Fico no corredor do nosso andar até os primeiros raios de sol iluminaram a sala do apartamento para poder entrar novamente. Tudo o que quero é terminar de ler tudo e ir para perto de Any e dos meus filhos.
Meus filhos... Como será que eles são? Será que os primeiros dentinhos já nasceram? Será que já começaram a ensaiar os primeiros passinhos?
Perco-me em pensamentos por longos minutos. Passou-se tanto tempo e eu perdi quase todo o inicio da minha vida, minha verdadeira vida, ao lado da mulher que amo e de nossos filhos.
Então leio finalmente a última carta e preciso me controlar para não sair porta a fora atrás de Any, o que seria escroto da minha parte devido ao horário.
Fico revendo as fotos, as ultrassons, os vídeos e presentes, e no meio disso tudo, acabo por cochilar no sofá. Quando acordo, o sol apontava novamente.
Decido que é hora de ir para casa, para o meu verdadeiro lar. Esperando acima de tudo que Any não esteja muito magoada comigo, apesar de não lhe tirar a razão caso ela esteja.Tomo um banho rápido, arrumo as cartas todas dentro da caixa e me dirijo à garagem, onde ainda se encontra meu carro. Rumo ao endereço que Gabrielly deixou junto com as chaves, mas antes paro em uma pastelaria para alimentar-me e em uma floricultura para comprar um buquê de rosas lilás, as favoritas de minha amada.
Paro em frente a casa e durante longos minutos fico apenas olhando e tomando coragem para entrar. A saudade era imensa, mas como será que ela me receberá?
Deixo o carro na rua mesmo e entro. A casa está divinamente decorada. É completamente enorme e espaçosa. Não há como não concordar com Any, ela é realmente a casa dos nossos sonhos. Muito porém, noto algo de errado, pois está tudo muito silencioso para ser a residência de três crianças.
Vou andando cuidadosamente pelo andar, conhecendo cada detalhe arrumado por Gabrielly. Ao chegar à sala deparo-me com outra caixa igual à deixada no apartamento. Sinto curiosidade de olhá-la, mas meu ato é impedido por uma deliciosa gargalhada infantil vinda de onde provavelmente era a parte dos fundos da casa.
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Les Lignes de L'amour - II Temporada
RomanceTalvez a saudade seja a maior dor que podemos sentir. Ela fere a alma. Nos torna pequenos e solitários, ainda que estejamos envoltos de milhares de pessoas. Any está sendo amparada por seus melhores amigos. Amada e cuidada por seus sogros. Mas tudo...