Capítulo 4 - Estevão.

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Oito anos

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Oito anos.

Hoje faz oito anos que estou casado com Emília e me arrependo do dia em que fiz esta escolha que me acarretou somente dores de cabeça. Emília é uma pessoa muito fútil, mimada e preconceituosa. Posso citar muitos outros adjetivos pejorativos, mas prefiro deixar pra lá, além de ser uma pessoa de difícil convívio. Eu não consegui enxergar isso nela enquanto estávamos namorando as escondidas. Nossa relação era muito intensa, nos dávamos bem na cama, mas fora dela era um problema sério. Não tínhamos uma convivência pacífica, tudo se resumia a brigas e mais brigas e isso é uma constante. No começo resolvíamos tudo na cama, mas hoje isso não funciona mais. Todos os dias, a todo momento e por qualquer coisa era motivo para brigarmos. Ela sempre soube que namorava Maria Clara e mesmo assim ela jogou seu charme pra cima de mim e eu, como bom filho de uma boa mãe - não quero denegrir a imagem de minha mãe- cedi ao desejo e hoje estou pagando por todo o mal que fiz a todos que me cercavam.

No início de nosso casamento era tudo lindo e maravilhoso, mas foi meu filho nascer que meu inferno pessoal começou, pensado bem, acho que sempre estive nele apenas não percebi. Emília não terminou os estudos na Academia dizendo que ela não precisava disso, pois, seu esposo iria sustentá-la. Depois de algum tempo descobri que ela foi expulsa por repassar drogas ali dentro. Me senti envergonhado e irado demais. Eu a confrontei e como sempre acabamos discutindo e não resolvemos absolutamente nada. Ela saiu de casa voltando dois dias depois completamente alucinada e carregada por um taxista que a trouxe até a porta de casa.

Ela vivia saindo, me deixava a noite toda com uma criança que precisava dela para se alimentar, se trocar enfim, ter os cuidados com nosso filho, se é que...

Perdi as contas de quantas vezes não pude ir ao batalhão por não ter com quem deixá-lo, pois a mãe dele chegava bêbada demais em casa para dar conta de um recém-nascido. E foi assim durante anos. Quantas vezes, os donos dos bares onde ela frequentava me ligavam dizendo para eu ir buscar minha esposa que estava desacordada, dormindo em cima de seu próprio vômito em uma sarjeta ou dentro do estabelecimento. Todos já me conheciam e me ajudavam a levá-la para casa.

Emília mudou muito e o que eu sentia por ela também. Talvez o sentimento tenha sido mais por conta do tesão avassalador que sentia ao vê-la, ou eu nunca tenha a amado de verdade. Eu sei, devo sofrer de algum transtorno não sei. Quando me casei com Emília, eu achava que a amava, pelo ou menos era isso que eu imaginava. O sexo com ela é incrível, mas o casamento não é movido somente a isso. Há muito mais por trás de uma vida a dois, de uma vida partilhada. O amor, o respeito, o companheirismo são algumas das coisas que compõe o casamento e isso nós nunca tivemos. Nunca conseguimos ter uma conversa civilizada por exemplo, nunca conseguimos nos sentar e conversar, bater um papo legal, rir de bobeiras que falamos. Nada! Nada disse eu tive com ela. Era sempre tudo na base de sexo selvagem após a briga e horas depois ninguém falava mais nada e todo aquele problema continuava ali, sem solução.

Permaneço casado com ela para não dar lado para minha família falar alguma coisa. Eu me envergonho do que fiz e hoje eu sei que foi errado e me arrependo muito. Eu traí a confiança da mulher que me amou sem reservas e traí minha família colocando no meio familiar, no convívio deles uma pessoa totalmente desequilibrada emocionalmente e psicologicamente.

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