Capítulo 37 - Estevão.

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Olho em seu rosto bonito e fico admirando sua beleza

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Olho em seu rosto bonito e fico admirando sua beleza. Como pude ser tão idiota meu Deus! Minha falta de caráter me levou a ter uma vida de terror ao lado de uma mulher que era apenas aparência, a mulher, modelo que uma sociedade impõe como lindo e que eu também achava, mas por dentro era pobre, miserável e totalmente podre.

Maria me olha e vejo seu desconforto ao ouvir que a amo. Não escondi isso dela quando estive no vilarejo onde ela atuava como médica e não será agora que esconderei meus sentimentos por ela. Eu não posso deixá-la ir embora sem antes falar algo, sem antes fazê-la ouvir o que tenho a lhe dizer.

Olho para o chão e observo o piso branco e reparo que em alguns pontos eles estão rachados, trincados, lascados, mas o que mais me chamou a atenção foi a cor do piso. Mesmo com todos esses defeitos o chão estava limpo e sem sinal de encardido e sem uma mancha. A limpeza do lugar é algo impressionante.

Suspiro pensando nesses detalhes que vejo neste chão. Posso imaginar o quão ferida Maria ficou por todas as coisas que a fiz passar. Tenho as minhas também e estas foram profundas e me trouxe sofrimentos terríveis. Minha alma, lugar onde meus sentimentos são guardamos e meu coração estão cheios dessas rachaduras, trincados e lascados assim como o piso deste hospital. Tudo o que passei me fez enxergar as coisas de maneira que elas são, sem floreios ou fantasias. A realidade é dura e muitas vezes cruel demais. Estas marcas que carrego em mim me fez ser quem eu sou. Elas não desaparecerão nunca e acho bom tê-las no bom sentido das coisas, pois é assim, com as pequenas dores e as pequenas fisgadas em cada cicatriz que me faz lembrar que eu devo melhorar, devo ser diferente e agir de forma justa. Os ferimentos que as causaram foram profundos e dolorosos, minha vida foi de alto a baixo. Vivia em uma roda gigante nos anos em que fui casado com Emília, o problema foi que a roda nunca subia, eu estava sempre por baixo e aguardava ansioso pelo dia de poder subir, de poder respirar e poder viver novamente. Hoje minha vida está se restabelecendo e espero que a roda da minha vida suba e que eu posso contemplar o horizonte e ver ter um final bom, um final feliz ao lado de quem me ama de verdade e se importa comigo.

Minha alma, assim como este piso está limpo, sem manchas, mas cheio de marcas para me fazer refletir na vida e me permitir amar da forma mais pura e verdadeira. Amar a mulher a quem tem meu coração sem reservas e sem medo.

Sorrio anasalado e meio a cabeça. Ergo meus olhos e mergulho na imensidão castanha de seus olhos.

– Eu amo você Maria! – Digo e vejo-a suspirar.

– Você deve estar enganado Estevão. Você não me ama. Isso que você pensa ser amor é só compaixão, é, é isso compaixão! – Ela diz com o cenho franzido. – Você viu como estou e por isso está dizendo essas coisas para me deixar melhor. Isso não é e nunca será amor. Eu não preciso de sua compaixão. – Ela me diz e sinto um nó em meu estômago.

– Isso que eu sinto não é compaixão Maria. – Franzo o cenho. – Por que eu teria este tipo de sentimento por você? – Digo e olho em seus olhos. – Compaixão seria o último dos sentimentos que teria por você. – Passo a mão na boca com um pouco de força.

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