Capítulo 8 - Estevão.

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É muito estranho estar frente a frente com seu passado, estar a um passo de agarrá-lo e não poder fazer nada

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É muito estranho estar frente a frente com seu passado, estar a um passo de agarrá-lo e não poder fazer nada.

Maria Clara está ainda mais linda desde a última vez que a vi. Ela continua com o mesmo porte físico e isso pra mim nunca foi problema, nunca mesmo. Sei que fiquei encantado por Emília, além de ser linda de rosto tinha um corpo que deixava qualquer um excitado somente ao vê-lo. Pensando assim vejo que a única coisa que me prendeu a ela foi isso nada mais tinha importância para mim. Eu era vidrado no corpo de Emília e ela me tinha nas mãos e eu como um bobo apaixonado me deixei levar e passei por tudo aquilo.

Lembrando disso vejo como essas duas mulheres são diferentes. Com Maria tudo era intenso, as conversas eram incríveis, fora o bom humor, as piadinhas mal contadas que me faziam rir ainda mais de seu jeitinho de menina. Ela tinha uma força, uma garra que muitas vezes me deixava envergonhado. Mesmo seus pais sendo um dos mais rico da cidade de Cunha, ela lutava para ter suas coisas e nunca dependeu deles para ter nada e esse era o orgulho dela. Tudo o que ela conquistou foi por seus esforços e não por ter um meio que a financiava. Já com Emília não tinha conversa tudo se resolvia com sexo e depois não havia mais nada. Mal conversávamos e quando o fazíamos ela sempre me culpava por tudo, toda desgraça que se acometia a ela era culpa minha e não de seus atos impensados.

Olhando agora para a bela morena a minha frente a minha vontade é de abraçá-la e implorar que converse comigo como antes. Que sejamos pelo ou menos amigos. Meu peito se aperta com esta ideia. Não quero em hipótese alguma destruir seu casamento, muito pelo contrário eu desejo que ela seja feliz. Hoje tenho noção do caos que eu tornei a vida dela por minhas escolhas inconsequentes.

Vejo quando o casal que estava cumprimentando-a fica atrás dela e um jovem rapaz se posiciona ao seu lado e toma sua mão cruzando seus dedos. Olho aquilo e isso causa um nó em minha garganta. Ela me olha e não vejo nenhuma reação boa ou ruim e isso me deixa em alerta não sei o que se passa em sua cabeça. Talvez, depois de tantos anos ela ainda esteja magoada comigo.

– Olá tenente. – Ela diz ao olhar para meu distintivo. – Como vai? – Pergunta sem mover um dedo. Sinto a tensão sobre nós.

– Estou bem Maria. E você como está? – Pergunto olhando em seus olhos que sempre me prenderam e ali vejo indiferença. Ela sorri para o menino que está com seus pais e possíveis sogros.

– Estou bem tenente, obrigada por perguntar. – Ela sorri sem mostrar os dentes. – Bom, se me der licença preciso mostrar as acomodações aos meus convidados. – Ela diz e sorri novamente para sua mãe. Dona Mariana que estava com o menino nos braços, passa para a outra mulher que segura a criança e enche-o de beijos. Todos se movem seguindo para algum lugar. Quando Maria se vira para sair ela para e volta seu olhar para mim. – Desculpe-me a grosseria tenente, esqueci de apresentar meu esposo. Tenente esse é Augusto Vieira meu marido. – Estendo a mão ele prontamente aperta. O cara é boa pinta. – E este daqui... – Ela se vira e pega o menino que estava no colo da outra senhora segurando-o em seus braços. – ... é Júlio Gonçalves Vieira meu filho. – A criança fica todo retraído em seu colo tentando se esconder e coloca seu rosto no vão do pescoço de Maria de sorri fraco e beija a cabeça do pequeno. – Não precisa ter vergonha meu amor. Cumprimente o tenente. – Minha vontade é de tirar de sua boca a pronúncia TENENTE.

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