Capítulo 35 - Maria Clara.

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– Há quantos dias eu estou aqui papai? Perdi a noção do tempo. – Pergunto apontando para que ele me ajude a sentar na cama.

– Faz dez dias que você chegou nesse hospital Maria. Logo que fiquei sabendo da notícia eu vim correndo para cá. – Ele me ajuda a tirar o lençol de sobre minhas pernas e dá um beijo em minha testa. – Está melhor assim meu amor? – Anui. – E três dias que você acordou e estava bem desorientada no primeiro dia, depois sua mente se restabeleceu. Achávamos que você não voltaria, que ficaria em estado vegetativo para o resto da vida, ou se voltasse não recuperaria a memória. – Ele se senta na cadeira ao lado da cama. – Foram meses pavorosos sem saber onde você estava e como estava. Sua mãe desmaiou quando vimos o noticiário. Soubemos da morte de Augusto e de seu sumiço pelo noticiário. Eu quase surtei, mas tinha que me manter firme por sua mãe e seu irmão. – Suspira.

– Me desculpe papai. Não queria causar tanto transtorno na vida de vocês. – Digo e o vejo franzir o cenho e menear a cabeça.

– Deixe de falar bobagem! A culpa não foi sua. Infelizmente vocês estavam no lugar errado na hora errada. Não havia como prever o que aconteceria Maria. O que mais importa é que você está viva e fora de perigo. – Ele estende a mão sobre a minha.

– Como estão seu Agenor e dona Helena? – Meu coração aperta ao me lembrar deles. Meus olhos marejam e papai suspira.

– Estão arrasados Maria. Posso imaginar o que eles estão passando por conta de seu desaparecimento. Perder um filho não é fácil, não desejo o que senti para ninguém. – Suspira. – Dias depois que aconteceu a tragédia e o corpo de Augusto ser retirado dos escombros, Agenor e Helena pediram o traslado. O processo foi um pouco burocrático, pois os trâmites envolveram as autoridades e os consulados daqui. Como Augusto estava no país a serviço, trabalhando em uma ONG, o Ministério das Relações Exteriores custeou o traslado. As despesas foram financiadas pelo governo que se responsabilizaram pela morte dele. – Lágrimas rolam de meu rosto ao pensar em meus sogros. Papai se aproxima, me abraça e beija minha testa. – A minha florzinha, não fique assim. Sei que não está sendo fácil para você, mas pense em seu filho. Pense em Júlio e em como ele ficará quando você voltar para casa. – Enxugo as lágrimas segurando a vontade de chorar. Augusto foi um homem sensacional, como pai, esposo e como profissional. Eu o amava.

– Aprendi muita coisa com ele papai. Augusto foi um homem que me ajudou muito quando cheguei a este país. Além de meu esposo ele foi meu amigo. Eu tinha tanto medo de ama-lo que demorei a dizer com palavras o que sentia por ele. Quando eu e Estevão conversamos vi ali o quanto amava Augusto e como ele me fazia bem. – Sorrio em conformidade. – Naquele dia e nos dias depois eu sempre dizia que o amava. Ele ficava todo feliz ao ouvir. Fazia questão de dizer a todo momento. – Papai sorri. Lágrimas rolam sem permissão.

– Você conseguiu dizer então? – Sorrio.

– Sim, merecíamos isso papai. Augusto foi uma pessoa especial demais em minha vida. Devo muito a ele. Por tudo o que ele fez e foi. Eu o amo muito e sentirei muita falta de sua presença contagiante. – Me ajeito na cama e papai me ajuda. – Obrigada. Espero poder conversar o quanto antes com meus sogros. Eu os amo muito e tenho muito o que agradecer por tudo o que eles fizeram por nós. Júlio os ama demais e não quero que eles se afastem. O pequeno é tão neto deles quanto vocês o são. Quero deixar isso claro para eles. Mesmo Júlio não tendo saído de mim, ele tem tudo de Augusto, as manias, os gestos, o jeitinho de falar. – Papai sorri anasalado e eu acompanho. – Júlio é uma criança incrível. Sinto tanta falta dele que chega a doer. – Meus olhos marejar sentindo um nó em minha garganta.

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