Capítulo 10 Bônus - Estevão/Levi.

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Capítulo especial a todas as mães, pais, irmãs, avós, tios, tias que tem alguma pessoa com este transtorno. Que nosso Pai Celestial os ilumine para ser sempre luz na vida dessas pessoas especiais. Um beijo enorme a todos vocês.

Estevão

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Estevão.

Transtorno do Espectro do Autismo.

Quando ouvi esta frase fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Fiquei ouvindo o tempo todo a psicóloga falar e falar e não conseguia entender como meu filho uma criança saudável aos meus olhos e de minha família sofria disso. Não havia nada em seus olhos boca que demonstrasse que ele sofria de TEA ou algum outro tipo de transtorno.

Levei Levi a diversos profissionais de saúde como médico, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e psicopedagogo logo que sua professora viu alguns sinais e o maior deles e que a fez perceber seu problema foi a dificuldade de interação com seus coleguinhas. Foi graças a esta profissional que hoje Levi leva uma vida normal. Meu menino tem sua independência na escola sem precisar de apoio ou qualquer tipo de ajuda. Seu QI é acima de 70 por isso ele tem facilidade de aprendizado.

No início foi bem complicado. Passei a assistir vídeos de pais falando sobre seus filhos, tios, irmãos, enfim todos dizendo o quanto é difícil ter uma pessoa com este tipo de problema. Me imaginei tendo que lidar com uma criança agressiva, depressiva e ansiosa. Há muitos casos que pessoas assim e eu me vi assustado em pensar nisso tudo. Ainda é uma barra pensar e ver que meu filho tem sim um transtorno leve ou não mais tem, está ali e isso muitas vezes me deixa angustiado, me sentindo culpado por ele ser assim. Também tive que passar por cessões com a psicóloga por canta disso, pois além de seu problema eu ainda tinha os meus e estes eram muitos.

Quando Levi tinha cinco anos ele teve um pouco de dificuldade de interação social, e tinha interesse apenas em atividades específicas, mas com o passar do tempo e com ajuda da minha família e com o tratamento comportamental precoce ele melhorou bastante. Hoje ele consegue estabelecer relações sociais e conversar normalmente com qualquer pessoa.

Uma vez em uma briga com Emília, vi Levi em um canto da sala com as mãos nas orelhas tampando os ouvidos e passou a gritar como se estivesse fazendo birra. Fui até ele e tentei acalma-lo. No dia seguinte conversei com a psicopedagoga e ela me disse que isso é chamado de Alteração sensorial que no caso dele é a hipersensibilidade auditiva. Ela me disse que Levi sente incômodo com barulhos ou ruídos excessivamente altos. Ela também me disse que existe pessoas que sofrem este tipo de incômodo com luz causando irritabilidade.

Com o diagnóstico preciso, vi meu filho se desenvolver, crescer, aprender e ser um menino como todos os outros mesmo com este diagnóstico. Havia sim uma dificuldade leve de comunicação quando ele queria relatar algo que havia acontecido, ou quando nós conversávamos e ele não compreendia algo. Eu tinha que parar e explicar para ele, mas nada que o limitava a entender as coisas.

Levi não era uma criança que precisava de terapia intensiva de ir várias vezes por semana ao consultório dos médicos que cuidavam de seu caso, muito pelo o contrário, com sua facilidade de associação e ideias eu o levava poucas vezes, mas com a morte de Emília eu imaginei que ele regrediria que voltaria a ser como era quando mais novo ou até mesmo que seu nível de autismo passaria a ser moderado ou até mesmo grave. Graças a Deus com o passar dos dias e com muita conversa e idas aos médicos ele voltou a ser meu menino, meu Levi.

Daqui há alguns dias Levi completará onze anos e espero estar lá para comemorar com ele e com toda minha família. Meu garotinho é um guerreiro, um lutador e tem vencido a cada dia passando por cima de seu próprio transtorno sendo uma pessoa maravilhosa, um amigo, meu pequeno amigo.

LEVI

Sei que sou pequeno, mas eu sou um sobrevivente.

Sofro de autismo leve, fui diagnosticado ainda pequeno. O autismo é caracterizado por um transtorno que afeta o desenvolvimento da linguagem, das habilidades sociais, da comunicação, do processamento sensorial. Nossa mente trabalha de maneira diferente das pessoas consideradas normais. Por exemplo aquilo que para você causa perturbação, para mim não ou melhor para nós autistas não causa é tranquilizador na verdade e vice e versa. Existem pessoas que tem prejuízo na questão motora e cognitiva. Tem alguns que não conseguem ser abraçados e isso é ruim. Eu já sou diferente, eu amo abraçar e beijar. Papai me chama de beijoqueiro, pois sempre que ele aparece em meu campo de visão eu vou até ele o abraço e o beijo.

Depois que ele viajou, vovô Sarah me levou ao serviço dela. Eu fiquei surpreso pois era no mesmo lugar onde fui com meus coleguinhas da escola. Ela me apresentou a dona do lugar e eu fiquei apaixonado pelas plantas. Eu abracei e beijei a dona Mariana muitas e muitas vezes. Ela é uma mulher muito bonita e muito legal também. Ouvi quando vovó Sarah contou para ela que eu tenho TEA, mas mesmo ela sabendo eu não vi mudança em seu comportamento com relação a mim, ela continuou me tratando normalmente e isso me fez gostar ainda mais dela.

O autismo é muito particular, pessoal e individual. Cada pessoa que sofre deste transtorno age de forma diferente de mim ou de qualquer outra pessoa. Não existe uma pessoa que seja a cópia perfeita de mim. Eu sou eu e as outras pessoas são as outras pessoas. Todos agimos diferente, pode ter sim coisas parecidas, mas somos diferentes.

Papai e mamãe sempre estiveram comigo e eu os amo muito por isso. Papai mais do que mamãe esteve presente em tudo. Eu sinto muito a falta dela. Mamãe era minha contadora de histórias favorita. Toda vez que ela contava algo para mim ela usava fantoches e eu amo fantoches de meia. Eu tenho todos eles guardados em minha gaveta. Quando sinto muitas saudades dela eu pego um livro, os fantoches e tento fazer como ela. Conto minhas histórias favoritas a vovô Sarah. Ela me ajuda a montar o cenário e conto para ela e é assim que me sinto melhor, que aquela dor em meu peito melhora.

Tenho um pouco de dificuldade com expressões faciais e por isso muitas vezes não entendo a sutileza das expressões das pessoas e isso gerou um conflito interno em mim principalmente quando mamãe morreu. Foi ao ver como estou que papai me levou novamente ao médico e antes mesmo passou a verbalizar comigo, e isto me ajudou a colocar para fora o que me deixava triste. Minha família é meu norte, meu esteio, meu tudo. Minha titia Olívia, meu titio Moisés, meu vovozinho e minha vovô são tudo pra mim e eles ajudam muito meu papai.

Depois que nos mudamos para cá eu tive pouco contato com meus avôs Humberto e vovó Maria que são os pais de minha mamãe. Eu os amo muito e amo ir visita-los. Lá eu tenho um cavalo e um porquinho. O cavalo se chama Thor e o porquinho se chama George. Eu coloquei este nome pois quando era mais novo eu assistia o desenho da Peppa Pig e ela tinha um irmão que se chamava assim. Thor e George são meus melhores amigos.

Daqui há alguns meses farei onze anos e não vejo a hora de ter a minha festa. Meu vovô Enrico já disse que terei a maior festa da cidade. Sabe, eu não quero um festa grande, a única coisa que quero de todo coração e oro a Deus é que meu papai volte logo, estou com muitas saudades dele. Quero tê-lo aqui para encher seu rosto de beijo e poder abraça-lo. Eu o amo e não sei o seria de mim sem ele, sem todo o seu cuidado e ajuda.

"Aceitar o Autismo não é renunciar as pesquisas científicas, os tratamentos e metodologias

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"Aceitar o Autismo não é renunciar as pesquisas científicas, os tratamentos e metodologias. Aceitar significa respeitar o autista como pessoa em desenvolvimento." Gretchen Stipp

Espero que gostem.

Tenham uma ótima noite e até sábado.

Beijão.

Beijocas em seu filho mariana2125

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