Capítulo 19 - Estevão.

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Quando meus companheiros e eu fomos para a base, já era manhã de um novo dia

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Quando meus companheiros e eu fomos para a base, já era manhã de um novo dia. Estamos na cidade há uma semana. Desde aquele dia em que chegamos e que saí do veículo para dar assistência aos moradores e aos nossos companheiros de farda eu não parei. Alguns amigos precisaram parar para descansar e para se alimentar, já eu não conseguia parar, não conseguia ver a desolação do local e ficar parado sabendo que a cada minuto uma pessoa que está soterrada tem menos chance de sobreviver. Somente hoje, meu corpo reclamou e senti o peso de uma péssima alimentação e poucas horas de descanso. Preciso de um pouco de descanso.

Algumas cozinheiras e uma nutricionista, todas voluntárias montaram uma cozinha e no local próximo ao desastre elas preparam as marmitas, cafés, pães, enfim inúmeras coisas são feitas na cozinha montada para atender todas as pessoas que estavam ali conosco enfrentando tudo na esperança de encontrarmos debaixo de tanta lama e dos escombros as pessoas desaparecidas. Todos precisavam se alimentar de forma digna. Não parava de chegar comida que foram enviadas de outros países ou até mesmo dos moradores da cidade. Recebemos água potável, roupas e até mesmo material para reconstruirmos as casas.

Foi com muito custo que decide sair do meio daqueles escombros e vim para a base e foi aí que vi realmente o que o tufão e a forte chuva haviam feito com o país. Foi simplesmente devastador. Não tenho palavras para descrever. Sigo o caminho todo em silêncio, Miguel está no banco da frente da van. Todos que estão aqui dentro estão esgotados, cansados ao extremo.

– Tenente, até quando ficaremos aqui no Vietnã? – Um dos soldados que vieram na missão pergunta.

– O coronel nos disse que serão por três meses, mas que pode ser prorrogado para mais três meses. Então vamos contar que ficaremos seis meses por aqui. Caso as coisas comecem a seguir um curso mais tranquilo poderemos voltar antes, mas por enquanto ficaremos três meses. Confere tenente Silva? – Olho para onde meu amigo está. Miguel vira-se e confirma. Vejo os outros soldados anuírem.

– Confere Tenente Mordok. O General Andreas confirmou nossa estadia no país por três meses. Por esses dias chegará uma equipe de Israel com maquinários. O exército israelense virá para nos dar auxílio à busca de pessoas desaparecidas na tragédia. – Olho mais uma vez para fora e me perco em pensamentos. Sinto falta do Levi, de meus pais e irmãos.

Chegamos à base e fomos direcionados aos nossos dormitórios. Procuro o banheiro, pego uma muda de roupas e vou tomar meu banho. Como eu queria que essa água quente lavasse também o meu coração e a minha alma que estão enegrecidas tamanho o medo que me toma em não conseguir encontrar Maria viva. Após me trocar vou até a cozinha e lá encontro vários soldados e os oficiais. Estamos todos alojados na mesma base. Sigo até a fila onde estão os réchauds com os alimentos. Nós mesmos nos servimos, então pego um prato e monto-o com as comidas típicas de nosso país e isso me traz alívio. Eu amo meu arroz com feijão e um bife acebolado. Sigo até a mesa onde Miguel está e sento-me colocando meu prato sobre a mesa.

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