Capítulo 34 - Maria Clara.

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Eu preciso sair daqui

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Eu preciso sair daqui.

Eu preciso urgente sair daqui.

Estou presa em um quarto branco com vários aparelhos ligados a mim. Tento tocá-los, mas não consigo. Olho para minhas mãos e pés e ambos estão presos com cordas. Forço meus braços para me soltar, mas quanto mais eu me debato mais apertada ficam as cordas. Tento gritar, mas não consigo, minha boca está amordaçada. Fico olhando ao redor e não vejo nada não há ninguém que possa me ajudar. Começo a sentir medo, um pavor absurdo toma conta de mim. Sinto meus olhos marejarem e lágrimas descem de meus olhos.

Fecho-os e vejo todo meu passado passar diante de mim como um filme. Abro-os e continuo tendo a mesma visão, mas agora não estou mais deitada, amarrada e amordaçada. Estou em pé diante de uma tela gigante como se fosse de cinema. Ela toma todos os lados, fico cercada por ela. Giro em torno de mim mesma e fico vendo as cenas. São várias telas dentro da tela maior e todas contam minha história. Algumas eu não me lembrava mais, havia esquecido, outras são de minha infância e adolescência com meus pais e José Carlos. Vejo Olívia e o dia em que nos tornamos amigas. Seus pais seu Enrico e dona Sarah estão ali também junto com Moisés. Estevão aparece na grande maioria. Fico parada observando o desenrolar das histórias. Me emociono com algumas delas. Me aproximo e passo a mão em uma em específico. Quando faço isso e pequena tela toma os quatro quantos. Ergo os olhos e assisto o filme que vivenciei por vários anos em minha mente.

Vejo Estevão vindo até minha casa e percebo o quão nervoso ele está. Peço para que entre e iniciamos a conversa que mudou minha vida.

– O que você queria conversar? – Ouço a pergunta e vejo-me soltando de sua mão ficando de frente para ele. Ele abaixa a cabeça e suspira pesado. – Estevão? Tá tudo bem? – Ele não ergue e cabeça e vejo seu pomo de Adão subir e descer como se estivesse difícil de engolir. Depois de alguns segundos ele me olha. Olho para mim e vejo quando sorrio passando coragem a ele e seguro seus dedos. Ele olha meu gesto e devagar retira sua mão da minha. esta foi a conversa mais difícil de toda a minha vida.

– Vou direto ao ponto Maria. Você sabe que não gosto de enrolação sou uma pessoa direta. – Mais uma vez ele engole em seco. – Faz alguns meses que conheci alguém. Na verdade, eu a conheço desde quando fui para Barro Branco estudar. Nos tornamos muito próximos e... –  A mesma sensação que senti é a que sinto neste momento. – Nos apaixonamos. Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas foi mais forte do que eu. Quando me vi já estava totalmente apaixonado por ela. – Ele não olha em meus olhos. O tempo todo ele fala comigo de cabeça baixa. Ele foi um covarde! – Começamos a nos relacionar afetivamente há uns seis meses mais ou menos e quando foi esses dias ela descobriu que está grávida de um filho meu. – Mais uma vez meu ventre se contorce e sinto vontade de chorar. – Eu só vim aqui para terminar de vez com você e dizer que eu te amei, que tentei com todas as minhas forças resistir a essa paixão, mas não consegui. Vou me casar com Emília no próximo mês e queria muito que você continuasse sendo minha amiga. Não quero perder o contato com você, pois você foi alguém importante para mim. – Vejo ele dizer e erguer a cabeça me olhando. Ele não fixa seus olhos em mim apenas me olha e desvia o olhar. Levantando-me da cama, vejo-me segurar meu queixo e com a outra mão está em minha cintura caminho até a penteadeira, me encosta nela e volto meu olhar para onde ele está. Vejo diante de um Estevão não uma mulher fraca, vejo sim uma pessoa forte, diferente da pessoa que assiste a tudo aquilo. Me sinto vulnerável, fraca, sem forças para nada. Continuo assistindo e meu choro é cada vez mais forte.

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