VIGÉSIMO PRIMEIRO CAPÍTULO

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VISÃO DE HARRY

      Eu sempre gostei do meu trabalho porque era uma oportunidade de ter contato profissional com diversos tipos de pessoas mas, ao mesmo tempo, aquilo poderia ser uma tormenta, como naquela noite.

      Depois de toda confusão com os políticos franceses ter sido retomada, foi difícil reaver os documentos que eu precisava para amenizar as coisas. Liam estava me ajudando secretamente com algumas investigações sobre a possível causa para todo aquele estardalhaço, mas por enquanto não tínhamos obtido nenhuma resposta satisfatória; por isso, nós negociamos com um de nossos superiores para obter mais reforços. A reunião daquela noite tinha sido voltada para aquele assunto e, mesmo que tenha durado mais de seis horas, foi produtiva o bastante para conseguirmos a simpatia do Chefe do Departamento de Investigações.

      Então, quando finalmente Liam e eu saímos daquela sala cheia de outros homens cansados e irritados, eu quase caí de joelhos para agradecer. Minha coluna provavelmente estaria ferrada por eu ter ficado tanto tempo sentado naquela cadeira dura de plástico, mas agora eu estava relaxando contra o banco de couro do meu carro enquanto Liam dirigia. O relógio no painel marcava, com seu verde irritante, 02h35min, e apesar do sono que eu sentia, algo me fazia ficar desperto. Eu estava com um aperto estranho no peito e uma ansiedade súbita acometera-me durante a reunião, minha mente dizendo que eu precisava ir logo para casa.

      Liam tinha notado minha inquietação e me perguntara sobre aquilo, mas eu apenas não tinha uma resposta. Louis não tinha me ligado, tampouco Niall, então achávamos que estava tudo bem. Ainda assim, abri três dos primeiros botões da camiseta que eu vestia e afrouxei o nó da gravata, sentindo-me sufocado.

      Eu podia sentir minhas mãos tremendo, assim como os meus joelhos, e a cada minuto que passava meu corpo suava mais. Não dava para saber quanto tempo mais levaríamos para chegar à mansão, mas eu torcia para que fosse logo; algo estava errado. Sendo assim, eu não parei de me remexer no banco até que eu avistasse a bifurcação asfaltada para entrar na estradinha de terra batida que nos levaria até a campina. Eu desejava poder acelerar aquele carro, mas o Rolls-Royce não era feito para aquele tipo de terreno.

      Ao avistar a mansão, minha mão automaticamente foi para a maçaneta da porta e eu cerrei meus dentes. Liam estacionou o carro fora da garagem, na frente da casa, então era apenas sair do carro e subir a escadinha até a porta.

      — Harry, sua bengala!

      — Não preciso dela — respondi.

      Era mentira, porque minhas costas estavam sofrendo fisgadas fortes e pontiagudas, mas eu precisava saber se meu ômega estava bem. Por isso, assim que eu abri a porta, apurei meu olfato para tentar senti-lo. É claro que seu cheiro estava lá, a casa demoraria bastante para perdê-lo, mas eu podia sentir os feromônios de medo se esvaindo aos poucos, e aquilo me despertou ainda mais preocupação. Liam chegou logo atrás de mim e pude notar o quão agitado ele também estava.

      — Está quieto demais aqui — sua voz saiu baixa e cautelosa.

      — Olhe na cozinha, eu verei na sala.

      Nos separamos, mas não foi necessário muito tempo para eu ver algo que me deixou com o sangue gelado. Meu suor tornou-se frio e, a passos que parecem lentos e pesados demais, me aproximei do corpo caído para me ajoelhar ao seu lado. Ajeitei seu corpo sobre minhas pernas e segurei sua cabeça em minhas mãos, as bochechas que costumavam ser rosadas estavam pálidas, e eu nunca tinha visto o rosto de Niall tão sério daquela forma. Gritei por Liam, e não demorou menos que cinco segundos para o alfa aparecer ao meu lado.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora