The Way You Love Me | L. S.

TRIGÉSIMO CAPÍTULO

Atentem-se que há um salto temporal relativamente grande, mas foi preciso para o decorrer da história daqui pra frente.

Boa leitura ♥

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      As coisas que aconteceram após nossa volta de Ambleside pareceram tomar momentos distintos do tempo. Havia dias onde eu conseguia aproveitar muito bem as horas, ainda que minha mente fosse atormentada por pensamentos desconexos e intensos demais. Em outros dias, entretanto — a maioria, inclusive —, eu só conseguia dormir.

      Aquilo ou, então, eu passava horas a fio sentado na saleta atrás da cozinha, observando o quintal dos fundos ser banhado pelo sol da manhã e da tarde, sem sentir realmente vontade de sair dali. Mesmo que meus afazeres fossem diferentes em alguns aspectos todos os dias, havia algo em comum: o vazio.

      Às vezes, aquele vácuo era preenchido por sensações passageiras, sentimentos que nunca estavam lá, de fato. Eu conseguia sorrir e rir, conseguia desfrutar de bons momentos ao lado de Harry ou dos outros meninos; contudo... Era como uma película translúcida tapando aquela escuridão. Se você forçasse um pouco a vista, conseguiria enxergar do outro lado.

      Não só Harry, como também Liam, Zayn e Niall, além de Ethan e Meryl, tentavam me alegrar de diversas maneiras. Eu me sentia culpado — era a única emoção verdadeira que estava em mim — por não conseguir aproveitar suas piadas, comidas e momentos comigo. Meu alfa até mesmo tentara me levar para alguns encontros, mas eu nunca estava realmente a fim de fazer algo além de ficar deitado em nossa cama ou sentado num dos sofás da saleta.

      A notícia de que as investigações sobre a minha família estavam evoluindo tinha mexido com algo dentro de mim. Antes, era apenas uma possibilidade remota de que minha mãe e minhas irmãs estivessem vivas de fato, mas, agora, essa realidade parecia se aproximar muito mais de mim. Eu não estava reclamando, muito pelo contrário, era só preocupação. Preocupação pelas mesmas questões que outrora atormentaram minha mente: como Jay, Lottie e Fizzy reagiriam ao me ver? Ao ter ciência das minhas escolhas, do meu passado e do meu presente?

      Niall podia reprimir as mesmas emoções que eu, porém sua forma de lidar com tudo aquilo estava sendo bem melhor e mais saudável: ele buscava se distrair com novos passatempos, como xadrez, ensinado por Liam, ou até mesmo alguns exercícios físicos passados por Zayn. Os três estariam morando conosco na mansão até que as investigações acerca de minha família chegassem a um fim certo, decisão essa que todos nós tomamos em conjunto no dia em que Harry e eu voltamos de Ambleside.

      Era comum, também, ver o ômega loiro nadando, lendo e até mesmo correndo no gramado aberto do jardim da frente. Fora por incentivo dele que eu conseguia sair da mansão nos dias bons, ficando algumas horas em forma animal no bosque, passeando. Nós conversávamos às vezes sobre como as coisas seriam se Maura estivesse viva, morando com minha família. Sendo um assunto muito delicado, não voltamos a falar sobre aquilo.

      As sessões de fisioterapia foram se intensificando ao decorrer das semanas, assim como as consultas com Gigi e a psicóloga contratada por Harry; no final das contas, achei que seria melhor escolher outro profissional, alguém desconhecido, pois Gigi era alguém por quem eu tinha bastante consideração, e a relação de psicólogo-paciente precisaria ser completamente impessoal. Os dias em que minha terapia ocorria eram os piores. Não que fosse ruim falar sobre aquilo que atormentava minha mente, entretanto encarar aqueles demônios interiores me apavorava.

      Minhas noites após as conversas de duas horas com a psicóloga eram recheadas de choros e soluços sofridos que Harry, amorosa e zelosamente, acolhia em seu peito, em meio a um abraço e palavras calmas para me ninar. Eu desejava poder ter forças para agradecer de forma eficiente tudo de bom que o jovem alfa fazia por mim, contudo eu só conseguia esfregar meu rosto inchado tanto pela gravidez quanto pelas lágrimas em seu pescoço, sussurrando o quanto eu o amava.