TRIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO

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      Somente quando a noite chegou, as coisas começaram para valer. Doutor Francis e mais três lobisomens entraram para me ajudar com a transformação e, apesar dos rosnados contidos de Harry por terem mais alfas auxiliando-me a tirar as roupas, estava indo tudo bem. As dores tinham passado e eu tinha me acalmado pouco tempo depois das primeiras contrações.

      Passar pelo processo de transmutação foi insanamente excruciante, ainda que mais rápido do que eu pensava. Doutor Francis, depois de eu estar transformado, aplicou uma quantidade generosa de anestesia peridural, então aos poucos aquela sensação física ruim passou. Harry estava com uma roupa cirúrgica como os enfermeiros e médicos, tendo minha cabeça lupina apoiada em seu colo para que ele pudesse mandar alguns pensamentos de incentivo e também elogios quando eu fazia força o suficiente.

      — Segure o bisturi nesta posição, não trema. Aplique cinquenta miligramas de…

      Ei, amor, se concentre em mim, Harry pediu com cuidado. Você consegue, OK? Eu estou aqui com você e daqui a pouco estaremos com nossos lindos filhotes. Faça força.

      Não dava para distinguir os diferentes pensamentos que invadiram minha mente de uma hora para outra, e uma quentura apossou-se de cada canto do meu corpo, deixando meu lobo interior agitado. Eu queria saber sobre Liam, que tinha ido para Doncaster horas atrás, porque assim também teria notícias sobre a minha família. Fiquei pensando se Niall teria acordado após desmaiar e se ele estaria com Zayn. Era tudo muito rápido dentro da minha cabeça, tudo muito assustador e barulhento. Eu sentia-me assustado e zonzo.

      Mas, aí, eu ouvi.

      Primeiro, veio um resmungo baixo e sôfrego, como se puxasse ar. E, depois, o choro.

      Era alto e estridente, porém meus ouvidos não se incomodaram com aquilo. Era um bebê, meu bebê, chorando por finalmente ter oxigênio indo para seus pulmões, como um sopro de vida. Levantei com dificuldade a cabeça do colo de Harry, sentindo uma dor árdua em meu pescoço, e procurei com meus olhos caninos a fonte daquele som.

      Ela — pude sentir seu cheiro de fêmea e de alfa — estava nos braços de duas enfermeiras que cuidavam para que ficasse limpa. Seus pelos eram ralos e estavam cobertos pelo líquido amniótico. Soltei um chiado de felicidade e bufei contente quando Harry afagou o espaço entre minhas orelhas. Encarei seus orbes verdes, me sentindo tonto por tamanho amor que encontrei ali.

      — Eu sei que quer pegá-la, mas pare de balançar o rabo e faça força — sua covinha apareceu ao que uma lágrima escorreu por sua bochecha.

      Eu não notei que estava abanando o rabo, tentei olhar, mas a dor em minha nuca não permitiu. Acho que vou precisar que você me dê mais palavras de suporte.

      — Claro — os lábios de Harry tocaram meu focinho e eu os lambi. — Vamos, amor. Podemos fazer isso juntos.

      Então, continuei forçando.

















      Eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que o primeiro filhote saíra, mas assim que eles limparam todos os quatro, eu estava tão cansado que sequer tive como permanecer acordado. Havia lapsos onde eu me via, ainda em forma animal, em cima de uma maca com Harry e os bebês. Não demorou muito até que o sono me envolvesse com toda a exaustão que existia em mim.

VISÃO DE HARRY

      — Harry.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora