NONO CAPÍTULO

4.4K 769 513
                                    

O fato de eu saber descrever como é a sensação de uma crise de pânico é porque, eu mesma, convivo com essa síndrome, caso vocês queiram a fonte de onde eu tirei as informações.

Boa leitura, amores ♥

     Eu acordei num susto com um grito que vinha do quarto de Harry. Meio desorientado, eu apenas entendi a palavra “barco” antes de me levantar e quase cair, e correr para ele. Meu coração batia a mil por hora e minhas mãos começaram a tremer e suar enquanto abria a porta, dando de cara com uma cena que fez meu estômago afundar em um misto de emoções ruins.

      Harry estava se debatendo na cama, seu corpo parecia ensopado de suor e pelo cheiro ele devia ter urinado enquanto dormia. Era anômalo o jeito que seu corpo subia e descia, parecendo socar o ar e ao mesmo tempo tentar se esconder, como se algo tentasse pegá-lo.

      — LIAM — ele gritou, fazendo-me recuar. — ME PUXE PARA O BARCO!

      Franzi a testa, chegando mais perto cuidadosamente. Eu sabia que se era um pesadelo tão forte daquele jeito, seria ruim acordar Harry com rudeza. Meu coração parecia martelar meu peito. Então, apenas postei-me na ponta da cama e, antes que eu pudesse tentar acordá-lo, outro grito soou:

      — O ESQUADRÃO PRECISA SOBREVIVER! LIAM!

      Num clique, entendi o que estava acontecendo. Deus, como pude ser tão lerdo?, pensei comigo mesmo, chegando mais à lateral da cama, ficando a uma distância segura de seus socos e chutes. Chamei seu nome uma, duas e três vezes, mas Harry estava tão imerso sonhando com alguma batalha que ele enfrentara que sequer conseguiu me ouvir. Tomei fôlego e me atrevi a ir, devagar, mais para perto, a fim de tocá-lo.

      — Senhor Styles — chamei, agarrando seu ombro. Isso pareceu parar os movimentos daquele braço e agradeci internamente por isso, mas Harry ainda sonhava e gritava. — Por favor, acorde, senhor Styles. É só um sonho ruim — falei mais alto, firmando minha voz.

      Harry chegou a abrir os olhos e antes mesmo que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele avançou com o punho fechado em minha direção. Consegui me esquivar por pouco, e ele acabou caindo no chão, o barulho surdo de seu corpo sendo abafado pelo carpete. Agachei-me rapidamente e o coloquei sentado, com as costas apoiadas na lateral da cama. Minha visão não estava tão debilitada porque as cortinas estavam mais abertas do que de costume, e a luz cinza-prateado da lua entrava por elas; pude enxergar nitidamente a feição apavorada de Harry.

      — O barco… Liam e os outros… — Ele balbuciou, começando a hiperventilar.

      Seus olhos estavam perdidos, mas o turbilhão de coisas que estava ali me pegou desprevenido. Parecia ser tristeza, raiva, angústia, ansiedade e mais inúmeras coisas que o atormentavam. Meu lado ômega gritou querendo ver minha alma gêmea bem, e eu tive de me forçar a esfriar a cabeça e pensar. O peito de Harry subia e descia rápido demais, e seus orbes não focavam em lugar nenhum, indo e vindo sem parar. O suor estava escorrendo por todo o seu corpo e, mesmo que os gritos tivessem cessado, ele ainda murmurava e choramingava. Foi, então, que Harry começou a chorar copiosamente, como um bebê.

      — Senhor Styles? — Chamei, segurando seu rosto em minhas mãos firme o suficiente para ele parar de olhar para todos os lados. Sua visão, porém, ainda era inquieta.

      Era uma crise de pânico. Eu sabia porque Niall tinha sido diagnosticado com síndrome do pânico quando ainda éramos novos e ele frequentemente sofria com aquilo, igualzinho ao estado em que Harry se encontrava. Possivelmente, aquele sonho tinha despertado algo muito ruim em seu cérebro e ele não estava conseguindo distinguir o irreal do real. Devia ser doloroso e amedrontador, porque quando eu perguntei para Niall a sensação, ele disse que era como a morte.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora