VIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO

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VISÃO DE HARRY

      Fazia bastante tempo desde que eu pegara num carro pela última vez. Era como andar de bicicleta, na verdade, não dava para esquecer como dirigir; ainda assim, meus pés estavam frios sobre os pedais do freio e acelerador, como meus joelhos tremiam pela antecipação de correr até o meu ômega. Ele estaria bem? Sentiria raiva de mim assim como Niall fizera? Eu esperava que eu encontrasse o melhor cenário possível quando chegasse até onde Bartley tinha me indicado, senão eu não poderia mais responder por mim.

      Avenida de Saint Augustine, número 560, Harrow… Avenida de Saint Augustine, número 560, Harrow…

      Fechei meus olhos fortemente quando parei em um sinal vermelho, levando minhas mãos aos meus cabelos para puxá-los para trás. A sensação de ansiedade estava me trazendo certa ânsia de vômito, a qualquer momento eu poderia precisar parar o carro no acostamento e colocar tudo o que havia em meu estômago para fora. Mesmo com o frio cortante lá fora, desliguei o aquecedor para poder abrir a janela e inspirar um pouco de ar.

      Meu peito agitou-se ainda mais quando aquela placa apareceu em meu caminho. Os números nas paredes foram passando devagar enquanto eu desacelerava, querendo ter certeza de que não deixaria o 560 escapar. Quase no final da avenida, eu estava prestes a surtar mas, então, encontrei. Era um prédio recém-construído, mas que parecia abandonado. Não tinha indicação do que seria em nenhuma plaqueta ou faixa, ainda assim a estrutura deixava bem claro que seria usada para hospedaria se tivessem seguido em frente com a obra.

      Havia uma entrada que provavelmente teria servido de garagem, e do lado de fora avistei um homem bem alto. Ele me viu pela janela, sorriu de canto e acenou com uma mão. Um bolo se formou em minha garganta porque aquele repuxar de lábios não era nem um pouco simpático; de qualquer forma, manobrei o volante para que pudesse estacionar lá dentro. A maleta no banco do passageiro pareceu berrar quando a segurei pela alça, e preferi coçar mais uma vez a escuta sob a pele de minha nuca antes de sair do carro.

      O time de Thomas tinha implantado aquele chip intradermal para que fosse possível ouvir minhas conversas com Bartley e Nicole, além de que não daria para detectá-lo numa revista. Também a pedido do beta, alguns Cães estavam estrategicamente postos aos fundos do prédio, caso precisassem invadir. Ele me garantiu que não seria possível rastreá-los, e dado o histórico de operações bem-sucedidas lideradas por Tom, escolhi confiar em seu plano. Mesmo que Ellis fosse infeliz quanto aos casos envolvendo Impuros, ele era o melhor para o trabalho.

      Desci do carro ao estacionar, e observei o desconhecido de antes chegar mais perto.

      — Bem-vindo, senhor Styles. Te esperamos no último andar — seu sotaque francês me causou calafrios.

      — Certo.

      Era um alfa, eu pude sentir, e quando ele se virou para ir até o elevador do estacionamento, apressei o passo para alcançá-lo. Enquanto subíamos até o sétimo andar, fiquei alerta para qualquer sinal de ataque. Contudo, o trajeto foi tranquilo e quando as portas abriram, fui guiado pelos corredores extensos daquele prédio. As paredes tinham uma cor escura que lembravam sangue, e engoli em seco com os pensamentos irracionalmente ruins que brotaram em minha cabeça. Enfim, entramos numa sala que era bem iluminada e decorada, nem parecendo fazer parte do resto do lugar.

      Eu não consegui identificar o cheiro de Louis, o que me frustrou bastante. A mesma sensação de ânsia voltou, agora um pouco mais forte que antes. Era um quarto grande, lembrava os hotéis antigos por causa da decoração, e deixei com que aquele outro alfa tirasse meu casaco para pendurá-lo no cabideiro no canto do hall pequeno. Fomos, logo, para uma saleta separada do quarto, onde encontrei com Bartley e mais três alfas ao seu redor conversando baixinho; Nicole, que estava olhando pela janela, mais afastada deles, foi a primeira a notar-me.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora