VIGÉSIMO QUARTO CAPÍTULO

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Dá uma dorzinha ver os rascunhos acabando… :(

VISÃO DE HARRY

      Fazia quinze dias desde que tudo tinha acontecido. Quinze dias que Louis estava internado naquela cama de hospital, em coma.

      Eu ia lá sempre, ficava sentado numa poltrona ao seu lado desde as seis da manhã às nove da noite, que era quando o horário de visitas acabava. Às vezes, nos dias ruins — que era como eu chamava as vezes em que ele tinha episódios de pesadelos pesados, convulsões ou crises de pânico dentro do coma —, eu entrava de penetra pela janela de seu quarto, ficando até que algum enfermeiro chegasse para checar como ele estava. Quando eles vinham, eu saía pela janela antes que entrassem no quarto, dava uma volta pelo bairro enquanto tomava o café da manhã que eu comprava em algum lugar e, depois, voltava para o hospital como se estivesse chegando de casa.

      Nos dias bons, Louis reagia aos estímulos externos muito bem. Ele reconhecia meu cheiro, meu toque e conseguia resmungar algumas coisas. Apesar de seus olhos não abrirem nem por reflexo, os médicos mantiveram-se positivos quanto ao seu quadro até o sétimo dia, que foi quando as reações de Louis reduziram bastante. Aparentemente, só o meu cheiro fazia algum efeito significativo agora, e ainda assim precisávamos ficar atentos para não deixar nada passar.

      Doutor Zuri e o outro médico que estavam trabalhando no caso do meu companheiro orientaram-me a trazer mais alguém que fosse próximo dele, porém Niall estava tão abalado com tudo que estava acontecendo que sequer conseguia sair da cama. Liam e Zayn se revezavam para cuidar do ômega loiro, mas tinham ido ao hospital quando comentei sobre a possibilidade de cheiros diferentes e conhecidos fazerem bem para o tratamento de Louis. Não adiantou, para a nossa infelicidade.

      — Ele vai ficar bem, amigo — Zayn dissera quando saíram do quarto.

      Eu esperava que ele estivesse certo, porque meu lobo interior parecia estar morto. Zuri dera uma explicação acerca da intensidade que meus sentimentos e pensamentos começaram a vir, alegando que a ligação de nossas almas poderia tornar-me muito mais sensível do que o comum, principalmente em situações como aquelas. Nossos lobos estavam eternamente conectados em todos os sentidos, então por Louis estar em risco, se ele não sobrevivesse um vazio ficaria dentro de meu âmago até que eu mesmo morresse.

      — Ele é a pessoa que tem a sua eternidade, mas você também possui a dele — o médico parecera compadecido, porém eu pudera sentir sua tristeza. — Imagine-se preso a ele como uma peça de quebra-cabeça à outra. Você e Louis têm um laço único, ninguém mais se encaixa com vocês; caso separados, jamais poderão ligar-se a algo ou alguém. Um vazio permanecerá para sempre.

      Eu não queria mais ninguém comigo. Somente ele.

      A raiva que eu sentia sobre toda aquela situação tinha se amenizado porque Bartley havia morrido, contudo não tínhamos ideia de onde Nicole estava. Depois que Louis a jogara para longe, a equipe da Contenção fora procurá-la e não obtivera sucesso. A ômega era uma incógnita para os investigadores, mas Tom tentava manter a positividade com sua equipe. Eu mesmo queria matá-la, mas não tinha forças e nem interesse em manter meu foco para outra coisa senão meu companheiro.

      Por causa da abrupta parada de reações por parte de meu ômega aos estímulos que tentávamos dar-lhe, permiti que o hospital trouxesse um médico especial para ajudar no caso. Porém, pelas pesquisas mais avançadas, as visitas foram completamente proibidas e mesmo que eu quisesse continuar escalando o cano da calha para conseguir entrar pela janela, seria perda de tempo. Tinham mudado Louis de quarto havia uma semana, e agora só me restava esperar.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora