DÉCIMO OITAVO CAPÍTULO

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      — Essas não, preciso das cópias mais atuais — Harry murmurou enquanto massageava suas têmporas. Ele estava exausto.

      — Tudo bem, vou ver o que posso fazer — peguei os papéis que eu tinha posto em sua frente e os guardei novamente na pasta antes de voltar a perambular pelas estantes do escritório.

      Fazia algum tempo desde a festa do representante francês, assim como meu amistoso encontro com Nicole LaCroix, e as coisas entre Harry e eu estavam indo muito bem. Íamos ao cinema algumas vezes, quando tínhamos tempo e ânimo, mas meu passatempo favorito com o alfa eram as vezes em que passeávamos pela campina ou, então, simplesmente ficávamos deitados na cama, abraçados e trocando carícias e beijos.

      Porém, aquela semana estava sendo um pouco complicada. Primeiro, meu celular começara a receber ligações de números desconhecidos e, se eu atendia, não dava para ouvir nada do outro lado da linha; Harry disse que aquilo era porque meu número não era privado e até se oferecera para comprar um novo chip, mas eu achara melhor não — tinha que parar em alguma hora, afinal.

      Segundo, por algum motivo que ainda não sabíamos, os diplomatas franceses se enfureceram de uma hora para outra sobre a quantia paga ao governo polonês. Harry estava tentando contornar a situação explicando os motivos que, segundo ele, “já deveriam ter ficado claros há um bom tempo”. Ainda assim, o alfa estava visivelmente estressado e atarefado para sair do escritório, e aquilo levava ao terceiro ponto do porquê aquela semana estava sendo um pé no saco: Harry estava tão concentrado em resolver as merdas francesas que, por ter apagado qualquer outra coisa de sua cabeça, ele simplesmente esquecia de si mesmo.

      Eu precisava sempre lembrá-lo de comer, tomar banho, ir para as sessões de fisioterapia, fazer pausas regulares e, algumas vezes, até mesmo precisava acordá-lo e levá-lo para a cama, porque ele dormia em cima do próprio trabalho.

      Parei diante da prateleira onde os documentos da negociação da dívida estavam e puxei a pasta de recibos datada do mês anterior. Um suspiro saiu de meus lábios quando um pensamento surgiu, lembrando-me que havia três meses e meio desde que eu chegara à mansão Styles. Acredito que, se tudo continuasse como no início, eu teria enlouquecido dentro daquela casa. Agora, porém, tudo estava nos conformes e minha relação com Harry melhorava a cada dia. As brigas eram praticamente nulas e tínhamos nos aberto mais sobre nosso passado, o que era ótimo para nos conhecermos melhor e sabermos lidar um com o outro nos dias difíceis, além de que o trabalho ao lado dele ficava mais fácil.

      Depois de dar uma olhada nos recibos e nos outros documentos, levei a pasta para a mesa do alfa e fiquei ao lado da cadeira para que eu pudesse acariciar seus cabelos. Ele suspirou e abriu a pasta com uma mão enquanto a outra contornou minha coxa e se prendeu no meio de minhas pernas, seus olhos atentos analisando as coisas nos papéis. Aquilo também era uma perspectiva nova, porque nossos toques tinham se transformado em coisas consideravelmente mais íntimas, porém não havia malícia ou segundas intenções neles. A bem da verdade, eu estava aliviado que Harry não tivesse tocado mais no assunto do meu cio porque, depois de descobri-lo virgem, eu sentia uma coisa estranha em mim que fazia-me querer conversar sobre aquilo com ele antes de darmos qualquer outro passo além.

      De toda forma, eu teria que esperar até tudo se acalmar ou simplesmente não ter mais como fugir do assunto.

      — Vou preparar algum chá para nós, OK? — Avisei, vendo o mais novo satisfeito com os documentos.

      — Certo — ele desviou seus olhos para os meus e sorriu pequeno. — Sinto muito por toda essa situação, prometo compensá-lo quando terminar.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora