VIGÉSIMO CAPÍTULO

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      No dia seguinte, logo de manhã e muito antes do horário que Harry e eu precisávamos acordar, o toque insistente e irritante de meu celular despertou-me de um bom sonho no qual eu estava imerso. Senti o corpo do alfa se remexer ao meu lado, e eu espreguicei meu corpo enquanto bocejava antes de apoiar-me sobre meus cotovelos, para esticar meu braço dolorido até a mesinha de cabeceira, e tateei a madeira até bater os dedos no iPhone. Com pesar, abri meus olhos vagarosamente para acostumá-los à luz alta demais do visor e estranhei ao me deparar com um número privado. De toda forma, deslizei o botão verde para o lado.

      — Alô? — Atendi com um bocejo. Cocei meus olhos.

      — Vadio — a voz do outro lado latiu como se a ligação estivesse com interferência. — Ômega imundo, você vai sofrer.

      Franzi o cenho e inutilmente afastei o celular da orelha para checar quem era. Voltei o aparelho e apesar de a linha estar clara, uma respiração entrecortada fazia um ruído que mais parecia um chiado vociferado.

      — Olha, é domingo de manhã, cara — eu resmunguei. — Não é uma boa hora para trotes. Tente outra pessoa.

      Bufei ao desligar o celular e colocá-lo de qualquer jeito em cima da cabeceira; voltei a deitar minhas costas no colchão, jogando meu antebraço sobre os olhos, mesmo que as cortinas estivessem fechadas. Mais uma vez, os lençóis e edredons farfalharam ao meu lado e, logo, a quentura do corpo de Harry envolveu minha lateral e sua respiração atingiu minhas bochechas, fazendo-me ajeitar minha posição para poder olhá-lo. O alfa educadamente desviou seu rosto para bocejar e, quando voltou, seus olhos pequenos e inchados mostravam apenas uma parte de sua coloração verde.

      — Bom dia — murmurei em meio a um sorriso.

      — Bom dia, sweetcheeks — ele respondeu. — Quem era no telefone?

      — Apenas um idiota passando trote — eu dei de ombros. — Como dormiu? Ainda é cedo, se quiser voltar a deitar não tem problema.

      — Dormi bem, mas acho que não consigo mais — ele riu.

      Era impossível não manter o sorriso vendo Harry daquela maneira. Por isso, dei um selinho em seus lábios e ele gritou ao afastar-se, falando que eu estava com bafo. Só de implicância, comecei a persegui-lo na cama para roubar mais beijos e isso acabou numa brincadeira de cócegas. Somente quando eu estava sem ar e vermelho de tanto rir, o alfa tirou seu corpanzil de cima de mim e foi para o banheiro escovar seus dentes. Depois de recuperar-me um pouco da crise de riso, levantei-me e fiz o mesmo. 

      Harry estava meio curvado sobre a bancada da pia para conseguir apoiar o peso do dorso na mão, então quando eu dei um leve empurrão em seu quadril com o meu, ele desequilibrou-se momentaneamente. Apesar da falsa pose de irritado, o mais novo não se conteve e enquanto eu colocava a pasta em minha escova, sua risada saiu tão forte que na mesma hora ele cuspiu espuma e saliva em mim e no espelho.

      Foi tão repentino que eu não consegui fazer nada senão encarar meu reflexo borrado no vidro sujo. Harry dava risada escandalosamente ao meu lado, e lentamente me virei para encará-lo, ainda incrédulo. O mais novo se contorcia meio sentado em suas pernas enquanto apoiava-se no box de vidro, seu riso sendo um som alto bem estranho e engraçado. Vê-lo daquela forma também me fez rir, além de me fazer esquecer da baba e espuma de creme dental em meu rosto e cabelo.

      — Seu porco — reclamei depois de Harry se recompor e me entregar uma toalha úmida para me limpar.

      — Sua cara foi impagável — ele caçoou enquanto me esperava terminar para podermos ir tomar café.

The Way You Love Me | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora