Viraha [COMPLETA]

What Am I Now?

NICK

Teve um tempo em minha vida, que provavelmente, eu não saberia dizer em que patamar minha felicidade estava. Eu tinha amigos ao meu redor todos os dias, tinha minha gata lambendo meu rosto toda manhã para me acordar, meu relacionamento com minha mãe estava começando a entrar no eixo, meu sogro finalmente gostava de mim e sua filha... Ah, eu dormia com ela todas as noites depois de ouvir um "eu te amo" sair de sua boca, após seus braços me agarrarem como se eu fosse a última coisa que ela queria perder no mundo. E pra completar, eu estava realizando meu sonho de jogar hóquei depois de anos. Eu realmente tinha conseguido entrar um time de verdade, e o melhor, como capitão.

Cinco meses atrás eu me tornei só um cara que vive em cima de uma maca em um hospital, que passou por três cirurgias em três meses e faz sessões de fisioterapia por semana, mas mesmo assim não chega perto de melhorar. Bom, até hoje, quando meu médico chegou no quarto de manhã e me disse que eu teria alta. Agora eu venho pra esse lugar uma vezes por dia, às 15h para minha minha rotina com meu fisioterapeuta. Depois de passar cinco meses em um hospital, eu estou indo pra casa. Eu deveria ficar feliz, certo? Todo mundo ficou feliz. Minha mãe, meu sogro e sogra, meus amigos quando minha namorada ligou para avisa-los e ela, principalmente. Ela me encarou com os olhos brilhando e um sorriso que costumava preencher qualquer vazio dentro de mim. Mas ultimamente nem seu sorriso tem me animado, nem sua voz e seus inúmeros discursos sobre eu estar melhorando e tudo vai dar ficar bem. Eu juro que eu tento de todos os jeitos acreditar em suas palavras, mas ai a noite chega e minha perna dói a ponto de me fazer chorar, nas sessões de fisioterapia eu sinto que nunca mais vou poder andar sem ter alguém pra me segurar antes que meu corpo chegue ao chão. Quando ligo a TV, tudo que vejo é notícias sobre o campeonato de hóquei e como o time novato Ice Leons está arrasando pela primeira vez. Isso mesmo, o time que eu faço parte entrou no campeonato pela primeira fez e não estou fazendo parte disso.

Eu sinto que estou perdendo tudo aos poucos.

— Cheguei! — A voz da Emery interrompe meus pensamentos. — Eu vim correndo do trabalho.

— O que você está fazendo aqui? — Desligo a TV. — Achei que tínhamos combinado sobre suas sextas.

— Eu sei, mas eu quis vir pra cá. — Dá de ombros. — Hoje você vai pra casa.

— E as sextas-feiras passadas? — Arqueio a sobrancelha.

— Nick, eu não vou te deixar sozinho no hospital para sair com meus amigos de trabalho toda sexta. — Rebate.

— Não estou sozinho. — Reviro os olhos. — As enfermeiras vem aqui qualquer hora que eu pedir.

— Não é a mesma coisa. — Murmura.