Uraraka

1.1K 19 22
                                    

Você já ouviu dizer que para fazer amizade com alguém não é questão de tempo e sim afinidade? Pois é, sou a prova viva disso. Quando conheci Ochako Uraraka há menos de três meses numa biblioteca na cidade não imaginei que nos aproximaríamos tanto. E pensar que só começamos a conversar porque queríamos o mesmo livro... em fim, vou contar a vocês como tudo aconteceu entre nós.
Imagine uma tarde de sexta-feira depois da escola, um dia insuportavelmente quente no qual eu estava irritadíssima. Me lembro como se fosse ontem de estar ouvindo música em meus fones de ouvido e entrar na biblioteca para pegar um maldito livro para aula de literatura, a única coisa boa naquele lugar era o ar condicionado. Assim que pús a mão no título que eu queria, outra pessoa fez o mesmo no mesmo instante.

--- Hey, eu peguei primeiro! --- Eu disse mais alto do que pretendia por estar com o volume dos fones alto demais.

--- A..ah me desculpe... mas esse é o último aqui nas prateleiras baixas... --- Só então reparei na tal pessoa, era uma garota baixinha e peituda de cabelos castanhos e curtos, tinha olhos grandes também castanhos.

Sem dizer nada, peguei outro livro na prateleira mais alta, eu precisei ficar na pontinha dos pés mas consegui pegar.

--- Me chamo Sakai Naomi. --- Me apresentei antes de entregar-lhe a cópia.

--- Sou Uraraka Ochako. --- Ela disse e sorriu meiga, as bochechas grandes levemente rosadas.

--- Então... vai fazer um trabalho? --- Perguntei apontando para o livro.

--- Não... eu gosto desse gênero. --- Me surpreendi, como alguém pode gostar de literatura clássica? --- E você?

--- Vou. O problema é que não consigo entender uma frase sequer. Parece até que o autor fez de propósito as palavras tão difíceis... --- Reclamei fazendo a castanha rir. Por Deus, como uma garota pode ser tão fofa?

--- Se quiser, posso te ajudar. --- Assenti na mesma hora agradecendo.

Nós caminhamos até uma mesa mais afastada para que pudéssemos conversar sem sermos interrompidas. Uraraka sabia como explicar, ela conseguiu me fazer entender em duas horas o que em seis meses a professora não conseguiu. Assim que terminei o trabalho agradeci mais uma vez a Ochako, eu pretendia chamá-la para tomar um sorvete ou só ir na praça para conversármos mas antes que pudesse falar, o celular dela tocou.

--- Me desculpe, Naomi, eu tenho que ir. Meu namorado está me esperando. --- Eu sorri e ela me abraçou em despedida.

--- Nos vemos por aí. --- Eu disse ao beijar o rosto dela.

Até hoje não sei porque fiz isso, não é do meu feitio dar beijinhos e abraços assim, ainda mais em pessoas que não conheço, mas Ochako era tão amável que não pensei em outra maneira de me despedir.
E por falar em coisas que eu não faria mas fiz pela Uraraka, aqui vai mais uma: me inscrevi nas aulas de literatura pelo resto do semestre, e tudo porque queria vê-la outra vez, então teria um motivo para voltar aquela biblioteca. Ao menos deu certo, na semana seguinte estávamos as duas rindo da minha incompetência em fazer um símples resumo sobre a obra.

--- Hey, Uraraka, depois que eu terminar essa bosta aqui, quer tomar um sorvete comigo? --- Convidei enquanto ela apagava a redação que eu tinha feito por estar toda errada.

--- Tudo bem, mas tenho que estar em casa antes das 19:00. --- Concordei e voltei meu foco para as folhas em branco.

Quando saímos juntas conversamos bastante, descobrimos muitas coisas em comum, inclusive o gosto peculiar por sorvete de morango com jujubas. Infelizmente não tivemos tanto tempo quanto eu gostaria porque Lida Tenya, o namorado de Ochako veio buscá-la pra sei lá onde, apesar de não demonstrar, não gostei dele, ou mais especificamente de como tratava a castanha, eu não sei explicar mas parecia... sufocante. Bom, de qualquer jeito eu não me meteria no relacionamento dos dois então apenas voltei para casa um pouco irritada por não ter pedido o número dela.
Durante as próximas duas semanas fui a bendita biblioteca todos os dias e não vi Uraraka, não vou negar, me preocupei pois tínhamos dito algo sobre nos encontrar semanalmente para que ela me ajudasse, não tínhamos combinado nada mas ainda assim estranhei. Foi apenas na segunda-feira da terceira semana que ela apareceu na biblioteca me procurando. A primeira coisa que fiz foi pedir seu número de telefone o que foi bom porque a castanha não ficou nem vinte minutos comigo e o tal namorado já estava ligando sem parar e Ochako acabou indo embora.

Underground {ABERTO} Onde histórias criam vida. Descubra agora