Eren Jaeger

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Cheguei em casa depois de mais um dia cheio no escritório de advocacia, minha cabeça latejava de dor, eu estava morrendo de calor dentro daquele terninho e aqueles malditos saltos machucavam meus pés, eu queria enfiar o meu lindo, caro e desconfortável Lobotan na garganta do maltido que acha que pés têm três dedos, para fazer a merda do sapato tão apertado! Mas nada disso me irritou tanto quando tê-lo visto sentado no sofá, apenas com uma calça de moletom, jogando vídeo game. A toalha molhada jogada sobre o encosto do sofá e os olhos vidrados na TV, ele sequer notou quando entrei. Ele tinha sorte de já estarmos sem nos falar devido a uma briga dois dias antes, ou teríamos uma outra ali mesmo.

--- Eren, onde está o meu remédio para enxaqueca? --- Questionei entre dentes. Eu precisava dos benditos comprimidos e o princeso de férias do trabalho fez o favor de arrumar a casa e guardá-los Deus sabe onde.

--- No armário. --- Sem se virar para mim, ele respondeu apontando para a cozinha.

Suspirei e fui até lá. Quem  guarda remédios na cozinha? Somente meu marido Eren Jaeger. Eu tomei de uma vez dois comprimidos e fui tomar um banho, era sexta-feira, eu estava cansada e merecia um banho de banheira. Coloquei-a para encher e separei uma camisola para dormir, por estarmos brigados, Eren estava acampando na sala então eu podia me produzir toda como gostava.
Uma langerie de renda, uma camisola de cetim, deixei a porta aberta de propóstito e começei a passar creme em mim, ele apareceu no corredor do quarto no momento exato, quando eu estava com uma das pernas apoiadas na cama, esfregando o creme na coxa. Eren passou por mim como se eu não estivesse lá, pegou seus cobertores e voltou para a sala para a companhia de seu amado game. Esse era o meu modo de fazer as pazes, já que ambos éramos orgulhosos demais para tomar a iniciativa de reconciliação. O convite para sexo funcionava melhor nos primeiros anos de casados. Eu o provocava, nós transávamos feito loucos e tudo resolvido. Sem estresse, sem julgamentos, apenas esquecíamos o motivo da briga, descontando na cama a raiva. Talvez quando se tem dezenove anos, o efeito é melhor...

No sábado eu não trabalhava, e ficar em uma casa estando sem falar com a única outra pessoa que mora ali, não é a coisa mais divertida a se fazer num fim de semana, por isso marquei de almoçar com Mikasa, minha amiga e cunhada. Eu estava terminando de me maquiar quando vi Eren pelo espelho.

--- Onde vai? --- Ele perguntou sentando-se na cama.

--- Sair. --- Respondi apenas.

--- E o que eu vou comer? --- Dei um sorriso cínico sabendo que ele veria pelo reflexo.

--- Eu não sei. Por que não pede ao seu vídeo game que cozinhe para você? --- Era em momentos como esse que eu podia comemorar por meu marido não saber fritar um ovo.

--- April! --- Ele reclamou, e como uma criança, cruzou os braços. --- Temos que acabar com isso.

--- Você está interessado em algo diferente do miojo requentado que vem comendo, e não em fazer as pazes. --- Peguei minha bolsa e o deixei sozinho, antes de chegar à porta, o ouvi dizer:

--- Eu não estou comendo só miojo!

--- É, eu vi a embalagem da pizza que você comeu tudo e não deixou nem um pedaço para mim. --- Reclamei e saí.

Encontrei Mikasa no restaurante do centro da cidade, ela já me esperava e apenas por sua expressão, sabia que também tinha brigado com seu marido. Me sentei de frente para ela para conversármos. Passamos boa parte do dia falando mal dos homens, nos lamentando como velhas rabugentas e "trocando figurinhas". Contei a ela sobre a briga boba que Eren transformou em uma tempestade e como eu estava agindo por isso, ela me contou sobre como não tinha paciência para as excentricidades de Levi e menos ainda para seu gênio terrivelmente forte. Os dois não discutiam muito, mas quando o faziam, era para valer. Enquanto estávamos sentadas na beirada da fonte da praça, Mikasa fez um comentário que ficou martelando em minha cabeça: "Não sei porquê me casei com ele..." aquela não foi a primeira vez que ouvi aquilo sair da boca dela, e nem foi a última, mas me fez refletir e fazer-me a mesma pergunta.

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