Tenho vontade de escrever algum dia uma ficção com a seguinte cena: uma Lua cheia, brilhando no céu, ocultada em algumas partes por nuvens, acima de uma floresta tomada pela escuridão. A Lua sempre provocou minha curiosidade. A gente muitas vezes não percebe, mas ela está sempre presente na nossa vida. Muito mais do que alguns parentes e amigos.
A minha mãe foi a primeira a chamar minha atenção para o nosso satélite natural. Ela se sentava na porta da frente de casa e, fumando um cigarro, dizia para mim que queria saber como era o "lado escuro da Lua" - aquela face que nunca está visível para nós aqui da Terra.
Já o meu pai me mostrou o lado místico da Lua. Era lá, segundo ele, que vivia São Jorge, o santo guerreiro que matou um dragão. Um amigo da adolescência, que estava se iniciando no esoterismo, falou para mim que, toda vez que um anel se formava ao redor dela, era sinal de que uma reunião de bruxos estava ocorrendo.
Ainda na adolescência a Lua estava sempre presente nas músicas que eu ouvia: "Hoje a noite não tem luar" (Legião Urbana), "Lua vai" (Katinguelê) e no disco "Dark side of moon" do Pink Floyd. Olhando essa pequena lista, percebi que tinha o gosto musical bem eclético naquela época.
Enfim. Ela está quase todas as noites lá em cima e é impossível não notá-la nas ocasiões em que está cheia. Ela é um problema para quem quer observar as estrelas e uma inspiração para os casais apaixonados. Eu já vi uma "lua de sangue" e a achei linda.
O que pensou o primeiro de nossa espécie ao reparar sua existência? Com certeza, muito antes de Neil Armstrong, já pensávamos em pisar nela.
Já cheguei a acreditar que a Lua tinha sido colocada estrategicamente por Deus no céu, para que as noites não fossem totalmente escuras, assim como a gente acende um abajur para não dormir com a lâmpada acesa, não só para a luz não atrapalhar nosso sono, mas também para não ficarmos com medo do breu.
Embora não seja algo sobrenatural, uma das hipóteses da origem da Lua me causou um espanto aristotélico: um planeta chamado Theia se chocou com a Terra há sei lá quantos milhões de anos atrás e seus destroços ao redor do nosso planeta foram formando nosso satélite.
Recentemente, vi a Lua com mais detalhes com um telescópio. Vi muitas crateras que não podem ser observadas a olho nu. Ela se parece realmente com um queijo suíço.
Astrônomos dizem que a Lua se afasta da Terra. Ainda bem que já não estarei mais aqui quando ela se tornar apenas um pontinho longínquo no céu.***
Gostou desta crônica? Então deixe seu voto e comentário!
![](https://img.wattpad.com/cover/211142976-288-k653546.jpg)
YOU ARE READING
Crônicas
RandomCrônicas do escritor e jornalista Ronaldo Ruiz Galdino sobre as coisas do cotidiano, que parecem ser banais à primeira vista, mas que guardam grandes tesouros quando buscamos observá-las com mais cuidado. Toda semana uma crônica nova.