Diário da Quarentena - Parte 2

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Recentemente, tive que estourar a bolha na qual estava enfiado por causa do isolamento social. Precisei sair de casa para ir ao centro pagar umas contas.

A cena que eu vi nas ruas era parecida com a que eu estava acostumado a ver em reportagens na TV sobre países asiáticos. Por causa de decretos do governo, todas as pessoas estavam usando máscaras.

Fiquei feliz por tanta gente estar preocupada com sua saúde e com a dos outros. O uso correto da máscara reduz bastante o risco de contaminação pelo coronavírus. Não quero pensar que todos fizeram isso só por causa do decreto, como um sujeito me disse.

Algumas lojas estavam fechadas, outras atendiam com meia porta aberta. Embora eu acredite que ainda havia muitas pessoas na rua para uma quarentena, o movimento era menor do que na época antes da pandemia.

Curiosamente, o sol brilhava como sempre, como se não estivesse nem aí para o que acontecia aqui embaixo.

No banco entrava um cliente de cada vez, conforme os caixas eletrônicos eram liberados. Próximo à porta havia um pote de álcool em gel em cima de uma mesa.

Dessa vez, acabei ficando decepcionado. A maioria passou pela mesa sem sequer notá-la.

Enfim, usei o álcool em gel e me senti mais seguro seguindo as orientações médicas de prevenção à doença.

Voltando para casa fiz algumas perguntas a mim mesmo: será que estamos iniciando uma nova era? Esse será o nosso modo de vida nos próximos anos?

O que me fez recordar uma conversa que tive com um amigo jornalista esses dias. Ele disse para mim que era impossível a humanidade não se tornar melhor depois dessa crise.

Acredito que nós vamos superar essa fase, sim. Se vamos nos tornar homens e mulheres melhores, aí já não tenho tanta certeza.

Quantas vezes atravessamos períodos horríveis e não aprendemos nada? Peste negra, gripe espanhola, a grande depressão de 1929, duas guerras mundiais. Poderia fechar o caderno de um jornal escrevendo todos esses eventos.

Porém, preciso acreditar em alguma coisa. As utopias e a esperança do paraíso me mantêm vivo. Quero muito que os seres humanos revejam seus paradigmas na era pós-coronavírus.


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