Sonho Perdido

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Uma noite dessas tive um sonho que daria uma ótima crônica ou conto. Mas, como acontece com a maioria dos sonhos que a gente tem, acabei esquecendo-o.

Passei várias horas e dias tentando lembrar o que tinha sonhado, porque ele poderia render uma verdadeira obra-prima, como eu havia dito para mim mesmo assim que acordei. Até pensei em mandar uma mensagem no Whatsapp de um amigo meu, contando o sonho, só para não perdê-lo. Porém, acabei dormindo novamente.

Será que teria sido um dos velhos sonhos que tenho com cemitérios? Desde criança sonho com cemitérios, a maioria deles é uma necrópole sem fim, com muitos túmulos amontoados e catedrais góticas enormes. De tão repetitivo que eles são nem me assusto mais, nem os considero pesadelos.

Tentei vasculhar meu subconsciente seguindo nessa direção, mas acabei chegando à conclusão de que não era mais um dos tradicionais sonhos no cemitério.

Então deveria ser o sonho corriqueiro número dois, aqueles que eu tenho com eventos cósmicos. Júpiter ou Saturno aparecendo gigantescamente no nosso céu noturno ou a Lua mostrando sua face oculta. Ou ainda uma supernova explodindo no começo da noite. Esses sonhos ainda me assustam, talvez, porque os mistérios do universo sempre me encheram de encanto e terror.

No entanto, não era um sonho com planetas, tenho certeza.

Falei para a Jéssica, minha esposa, sobre a minha angústia, na tentativa de relembrar o sonho com a ajuda dela. Mas não deu certo também.

A Jéssica estava no sonho? Algum colega da redação estava? Amigos e amigas? Parentes? Eventuais inimigos?

Nada.

Até o momento em que escrevo esta crônica não consegui me lembrar do bendito sonho e, sinceramente, tenho a impressão de que nunca vou conseguir. Porém, mesmo caindo no limbo do meu subconsciente, realmente, o sonho que tive acabou rendendo uma crônica. 

***

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