Capítulo 1 - Elevador

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Está uma loucura na Catco hoje. Parece que a empresa vai ter um novo proprietário. Ninguém sabe quem é pois as negociações foi escondida da mídia e esse mistério deixou todo mundo agitado. Não se fala em outra coisa, tá até parecendo que estamos de folga já que esta rolando uma confraternização. É a despedida da Sr. Grant. Ela vai voltar para Nova York e seu cargo agora está vago. Todos se perguntam quem vai ocupar a posição dela.

- Talvez seja o James já que ele esta aqui a mais tempo. - disse Winn.

- Ou a Kara já que ela ganhou o prêmio Pulitzer. - Ironiza Eve.

- Seja quem for tenho certeza que fará um bom trabalho. Agora vamos se mexer gente.

- Kara relaxa. Não tem ninguém aqui para pressionar a gente. Devíamos aproveitar isso. - Eve completa saindo da mesa para falar com um rapaz.

É claro que ninguém estava afim de trabalhar. Mas eu amo o que faço e ainda tinha uma matéria pra terminar. Acabei ficando até mais tarde por que era impossível pensar naquela farra toda.

Estava tarde e todos haviam ido embora. Decidi pegar minhas coisas e ir também. Amanhã o novo dono se apresentaria e eu não queria parecer cansada causando uma má impressão. É incrível como o ambiente fica estranho sem todas aquelas pessoas, diria ate que é um pouco assustador.

Vou até o elevador quando meu telefone começa a vibrar. Mensagem dos meus amigos, tentar convence-los de que não estou no clima para barzinho hoje vai ser uma tarefa difícil. Aperto o botão do térreo repetidamente, só quero chegar em casa e tomar um banho quente.

"Brigando" com meus amigos no celular, de repente o elevador para. Dou uma olhada no número do andar mas não é o meu. Ainda tem gente na empresa? Pelo menos não sou a única focada no trabalho. Vou para o canto ja que não estou a fim daqueles papos de elevador. Entretida demais com meu celular a pessoa em questão entra e noto em meu pequeno campo de visão que esta vestida com muito elegância, seu perfume com um cheiro bem particular me da a idéia de que não é um empregado qualquer. Não consigo dizer se é homem ou mulher.

Quando as portas se fecham não leva nem dois segundos para o som do motor silenciar e o elevador parar, sendo tomado pela escuridão. O silêncio que paira no ar é carregado de medo e calor. Tento ligar a lanterna do celular, mas a bateria fraca não permite e ele descarrega.

Agora estamos na completa escuridão. "Droga." Falo tentando controlar meu nervosismo. Estar presa com uma pessoa estranha em um prédio que provavelmente está vazio não é nada reconfortante. Minha adrenalina vai à mil. Entrar em pânico agora não é uma opção, mas as batidas do meu coração diz o contrário.

Não ouço nada. Nem a respiração do estranho ao meu lado. Enquanto o meu peito sobe e desce tentando encontrar ar, várias coisas passam pela minha cabeça. Na verdade duas. Eu posso estar do lado de um assassino, que anseia por esses momentos para agarrar sua presa ou pode ser alguem que deseja viver uma dessas história de filme, onde dois estranhos fazem sexo só pela eletricidade que sentiram ao ver um ao outro. A segunda opção é mais improvável, sendo que nem cheguei a ver quem estava ali. Estou apreensiva demais então decido dizer algo.

- Você...

Antes que eu pudesse continuar, ouço um movimento de tecido e sinto uma mão tocar minha cintura. Uma corrente de energia percorre minha espinha e arrepios deliciosos cobrem toda a minha pele.

- Chiiiiiii

Assustada com essa proximidade eu tento me afastar, mas pelo seu cheiro e o calor que sinto ela está perto. A voz era de uma mulher. O que me deixa mais surpresa e excitada também. Sinto sua respiração no meu rosto. Ela não avança mas também não se distancia, talvez testando minha reação. Seu rosto desce até meu pescoço sem toca-lo. Minha respiração fica mais curta e pesada. Isso não faz o menor sentido, minha razão me diz para parar, que isso é uma loucura, mas meu corpo não obedece. Seu perfume aguça cada vez mais os meus sentidos.

Suas mãos passeiam pelas minhas costas agarrando minha cintura, me imobilizando contra a parede. O contraste do seu corpo quente e o metal gelado me faz suspirar. Eu não me reconheço mais. Minhas pernas tremem enquanto uma de suas mãos passa suavemente pela minha coxa subindo com uma lentidão perfeitamente calculada. Ela toca seus lábios na delicada pele do meu pescoço, o toque é tão surreal que parece que estão injetando a droga mais viciante direto nas minhas veias.

Tudo o que eu queria era me render a todas essas sensações que ela está me causando. Mas minha razão toma lugar novamente e tento afasta-la, retomando um pouco do meu auto controle.

- O que você está fazendo? - Digo ofegante. - Nem sabe se gosto de mulheres?

A essa altura ela não tinha nenhuma dúvida. Com um rápido movimento ela agarra meus braços e os prende na parede aproximando seu corpo novamente.

- Prove que estou errada. Me faça parar.

Aquela voz rouca no canto da minha boca fez meu corpo impaciente suplicar seu toque e seu beijo. Eu me entregaria a essa mulher estranha? No elevador onde trabalhamos?

Sem uma resposta a pressão nos meus punhos diminui. Suas mãos deslizam pela minha camisa tocando levemente o lado dos meus seios, enquanto sua boca beija meu pescoço. Nossos corpos ferventes se unem ainda mais, quando sua língua desliza até o lóbulo da minha orelha, mordiscando com uma sensualidade diabólica.

Ao cravar minhas unhas em suas costa, eu a ouço soltar um leve gemido na minha pele. Num rápido movimento ela me vira de costa e coloca sua mão debaixo da minha camisa, se aventurando, indo para parte abaixo do meu umbigo.

De repente o som dos motores volta e a luz me cega interrompendo a loucura que eu estava preste a fazer. Nossas respirações pesadas e descompassadas se misturam ainda com o calor do momento. Com as luzes de volta é dicifil entender o que se passou aqui. Tento me virar para ver quem era aquela mulher, mas ela me mantem firme contra parede, impossibilitando ver seu rosto. Tudo o que consigo notar é o tecido preto de sua calça social. As portas do elevador se abrem e ela diz ao pé do meu ouvido:

- Esse vai ser um segredo só nosso.

- Espera. - falo ainda tentando recobrar o fôlego. - Quem é você?

Antes que eu tenha tempo de dizer mais alguma coisa ela sai do elevador. Eu abaixo para pegar minha bolsa que nem percebi que havia caído e me viro para vê-la, mas as portas se fecham e só vejo de relance seu sapato que parecia de grife.

O elevador volta a descer até minha parada. Ainda confusa e excitada tento entender o que se passou aqui. Estou solteira faz um tempo e pelo estado em que fiquei, acho que deveria dar um pouco mais de atenção pra minha vida amorosa.

Por sorte não tem ninguém no saguão do prédio, só o porteiro a quem dou um leve aceno de cabeça. Não saberia o que dizer caso alguém me perguntasse por que estou toda vermelha e assustada. Caminho até a saída respirando todo o ar que consigo. Hoje a noite está tão quente quanto aquele elevador.

Chego em casa ainda tonta com tudo o que aconteceu. Essa foi a coisa mais intensa que tive com alguém. O meu banho seria quente e relaxante, mas agora eu preciso de uma ducha fria pra me recuperar para amanhã.

Minha Nova Chefe (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora