Capítulo 28 - Descobertas

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A morena arrastava os dedos para cima e para baixo na minha espinha. Desfrutava do seu toque enquanto nos olhávamos deitadas, eu de bruços abraçando meu travesseiro, ela de lado, com o braço debaixo do seu. Nunca me cansaria de ser tocada, beijada, amada pela dona dos olhos incrivelmente claros e brilhantes que eu já vi.

- Queria te perguntar uma coisa.

Ela assentiu.

- Vá em frente.

- Os pesadelos? Pode me dizer como eles são? - minha voz era baixa e suave, sem pressão.

Seu rosto escureceu a deixando mais séria, ela ajeitou a cabeça no travesseiro suspirando e disse.

- Quando me lembro é uma variação dos piores dias que passei com a Mercy.

- Os cortes.

- Sim. E as vezes... você está lá e me abandona.

Meu coração se apertou com seus olhos tristes e perdidos. Não imaginei que os pesadelos comigo se misturavam num cenário com essa mulher.

- Oh Lena, não vou fazer isso aqui. Nunca mais. - lhe asseguro com um beijo e carícias.

- Eu sei. Aquela Kara não era você. Ela era fria e distante.

Talvez seja uma representação do tipo de pessoa que me tornei em Miami. A Lena propriamente pode não ter percebido, mas sua mente sim.

- É assim todas as noite?

- Essas últimas semanas sim. Eles ficaram tão vividos.

- Fico com você todas as noites se quiser.

- É tudo o que eu mais quero, Kara. Não tem ideia de como me sinto com você. Meu coração fica em paz.

- Eu sinto o mesmo, Lena.

Ficamos mais um pouco na cama, com ela as vezes mexendo no meu cabelo, outras alisando minhas costas.

- Vamos pedir algo pra comer? - perguntou.

- Não senhora. Pra você nada de comida pronta. Vou ao mercado e preparo algo mais saudável pra gente.

- Desde quando ficou tão mandona?

Nosso clima voltou a ficar descontraído.

- Acho que desde hoje. - apertei os olhos divertida.

- Não se acostume senhorita. Vou permitir isso só por enquanto.

Nem fazia muita questão disso. O que me agradava mesmo era esse gesto carinhoso dela, tanto durante a relação quanto após ela.

- Não imaginava que pudesse ser assim, carinhosa. - murmurei um pouco arrepiada.

- Não sou. Você me faz querer ser assim. - sorri.

- Você gosta? Digo, de ser assim?

- Não estou acostumada. Nem sei muito sobre isso. Mas com você estou disposta a tentar.

Talvez a dor seja a única coisa que ela conhece, e o prazer é claro. Bom, prazer pras outras mulheres porque pra ela mesmo isso ainda não estava claro pra mim.

- Está se saindo muito bem. Posso dizer que esse modo me agradou muito.

- Esse modo? - franziu a testa confusa.

Eu abria a boca sem saber o que dizer, um calor nas minhas bochechas.

- Quer dizer... é que... na primeira vez foi... - nem sabia uma palavra pra descrever aquilo.

Minha Nova Chefe (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora