Burning up (fire)

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A pergunta ficou ecoando infinitas vezes na mente de Greta antes dela entender tudo o que ela significava. Ficou encarando August lhe sorrindo esperançoso e pensou em como estava se sentindo incomodada apenas por estar em meio àquela quantidade de pessoas que sempre ficavam ao redor dele. A partir do momento que subisse ao palco, sabia que tudo ia mudar e ela não seria mais anônima, pelo menos não no Porão. Ia ter muita gente ao redor dela mesma e ela sabia que não estava preparada para esse tipo de atenção.

– Por favor, noona. – pediu August com um olhar esperançoso que a lembrou muito o de um filhote de gato.

Sorriu sem jeito, pensando em Micha e em como as duas gostavam desses momentos cantando rap juntas, sejam dos meninos do BTS, seja de outros artistas coreanos e brasileiros e balançou a cabeça. Não, ainda não era o momento. Rap era uma coisa entre ela e a filha e dividir isso com todos aqueles desconhecidos seria se arriscar por muito pouco.

– Outro dia eu tento, prometo. – respondeu com um sorriso triste. – Quem sabe não podemos fazer isso sem a pressão do espetáculo... – argumentou.

– Qual é, unnie, ta com medo? – falou uma das amigas dele presente no grupo.

– Não é medo... não quero ofuscar a grande estrela da noite. – brincou. Riu com a reação do grupo, como se ela tivesse acabado mesmo de vencer uma batalha.

August não se deu por vencido, quanto mais tempo ele passava com aquela moça, mais encantado e curioso ficava. Quando a viu sorrindo e acenando do outro lado do salão, perto dos bares, ficou intrigado porque não se lembrava de jamais ter visto uma mulher como aquela. O cabelo cacheado e laranja contrastava com a pele escura e os olhos amendoados, grandes e redondos, fazendo um conjunto muito bonito de olhar. Bastava olhar para ela para perceber que aquela mulher era puro hip hop e não era apenas pelos brincos grandes e o batom escuro marcando os lábios grossos. Era todo o conjunto e foi isso que fez com que ele decidisse por se aproximar. Agora, a ouvindo falar um coreano quase sem sotaque, sobre conhecer o trabalho dele, gostar e ainda fazer rap em português e coreano, ele sentiu que não podia desistir assim tão fácil.

– Por favor, noona. Nem que seja aqui, entre nós... – pediu com carinha de pidão. Sabia muito bem da semelhança que tinha com um cantor de k-pop e começara a usar um nome parecido com o do alter ego dele de propósito. Funcionava com os espectadores do Porão e muitas vezes com as mulheres.

– Outro dia... hoje eu só quero curtir a noite, esquecer meus problemas e continuar sendo apenas uma fã de rap. – concluiu ela em um tom maternal que usava apenas com Micha, mas que sempre funcionava para encerrar qualquer discussão.

***

As luzes no palco piscavam e rodavam anunciando o início das batalhas iniciais quando Yoongi finalmente entrou. A pouca luz e a quantidade de pessoas indo em direção ao palco dificultava muito a busca dele por Hoseok e a mudança de cor dessas luzes dificultava a busca por um certo cabelo colorido. Assim como o amigo havia dito, ninguém olhava para ele mais do que uma vez, desviando dele sempre que parava quando tinha a impressão de ter visto o cabelo laranja ou o amigo, sempre um alarme falso.

Parou ao lado dos controladores de som, atento ao movimento do lugar e tentou mandar mensagem para Hobi. As três últimas ainda não tinham sido lidas, então desistiu. Teria que procurar no modo antigo mesmo. Foi só enquanto olhava ao redor para encontrar Hoseok ou a garota que reparou no Porão como um todo. O lugar era amplo e transmitia aquela atmosfera hip hop como se tivesse sido planejado nos mínimos detalhes. O palco, no centro do salão, era aberto para que qualquer pessoa em qualquer ponto do lugar pudesse assistir às rinhas e suspenso acima dele ficava um telão onde ele supunha que seria lançado o tema da batalha.

Interlude (Suga)Onde histórias criam vida. Descubra agora