Agust D

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Micha deixou JiYoung ir na frente no caminho que consistia em três quarteirões até o prédio onde eram vizinhos. Quando passaram pelo primeiro quarteirão, ela dobrou a esquina e o deixou ir sozinho, dando a volta no quarteirão e voltando para a lojinha. Escondeu-se atrás de um anúncio grande de soju do lado de fora, de onde podia ver quase a loja toda sem ser vista por quem estivesse lá dentro.

Já que a mãe não a deixava esperar por Suga abertamente, ela esperaria escondida. Problema resolvido. Viu a mãe voltando para o caixa onde terminou de atender o senhor que havia entrado quando ela e as amigas ainda estavam lá dentro. Viu também quando ela fez menção de ir até a porta e ser interrompida pela entrada de outro cliente. Dali onde estava Micha teve certeza de que aquele rosto não lhe era estranho. Apertou os olhos, tentando ver melhor por baixo do boné preto que ele usava.

– Parece demais... será que? – sussurrou apertando o rosto contra o vidro, com as mãos em concha ao redor dos olhos.

– Será que o que?

Ela deu um pulo no mesmo lugar e tapou a própria boca para não gritar de susto. Bem ali ao seu lado estava JiYoung, abaixado para ficar na altura dela, espiando dentro da loja para saber o que tanto ela olhava ali. Como reflexo ela deu um soco no ombro dele, furiosa pelo susto.

– Ai! Isso dói!

– É para doer mesmo!! Nunca mais me assuste desse jeito!! – xingou.

– O que você está fazendo? – perguntou voltando a espiar dentro da loja. – Quem é aquele?

– É isso que eu quero descobrir, seu intrometido. – respondeu ela empurrando-o para o lado e entrando em sua frente para voltar a espiar. Como JiYoung era mais alto que ela, ficaram daquele jeito, ela vendo de baixo, ele de cima, quase na mesma posição.

– Ele parece o Suga... – murmurou o garoto.

– Humpf.

– Parece ué... – e então o garoto finalmente entendeu. – Foi ele que você viu quando achou que fosse o Suga, não foi?

– NÃO! – protestou ela. – Era o Suga mesmo! Eu perguntei até o nome real dele e ele confirmou. Não tem nada a ver com esse cara.

***

Ficaram um longo tempo se encarando depois que ele entrou. Ela sem saber se o que sentia era felicidade ou raiva ao vê-lo ali, sorrindo. Ele feliz por finalmente ter encontrado a loja onde ela havia dito que trabalhava. Greta estava ainda mais bonita, se é que isso era possível, vestida com o uniforme de trabalho do que arrumada como estava quando se conheceram no Porão. Não sabia explicar, mas algo no olhar dela o atraía como uma lâmpada atrai qualquer mariposa que passasse. Ela era a lâmpada e ele queria se queimar.

– Oi.

– Em que posso ajudá-lo? – respondeu Greta sendo formal. Vê-lo a lembrou de como odiava ser o centro das atenções e de como ele havia deliberadamente colocado ela numa encruzilhada ao levá-la para o palco naquela noite.

– Hmmm.. er... eu vim te ver, Noonim. – respondeu ele desviando o olhar e apertando os dedos ansioso.

Queria se desculpar. Por vaidade, tinha achado que Greta seria como todas as outras mulheres que o procuravam no Porão, superficiais e em busca de toda a atenção que precisassem. Havia se enganado e só percebeu isso quando ela soltou sua mão em frente a todo o público do lugar sem se importar com o vexame que isso seria para ele. Ficou encarando a moça, tentando organizar as ideias e as palavras de modo que pudesse realmente começar de novo.

– Estou trabalhando. – respondeu ela friamente. – O que você quer?

– Me desculpar...?

Greta arqueou uma sobrancelha. Esteve esperando por esse pedido de desculpas a semana inteira, ansiosa por vê-lo entrar pela porta da lojinha do mesmo jeito que fizera das outras vezes. Mas de alguma forma não era igual. Sentia que não sabia nada daquele homem e quanto mais o olhava, mais ela achava que as outras vezes em que ele esteve ali foram boas apenas para ela. Foi até o caixa, sendo seguida de perto por ele, determinada a voltar a trabalhar e esquecer aquilo.

Interlude (Suga)Onde histórias criam vida. Descubra agora