Adult Child

760 109 59
                                        

Micha queria ver o Suga. Por isso corria até o restaurante que ela sabia pertencer ao irmão dele. Estava acostumada a receber notícias falsas da imprensa de Daegu, porque eles viviam tentando um furo jornalístico dele ou de Taehyung. Mas ver JiYoung falando dele como se soubesse mais do que ela a fez correr para conferir.

            A primeira coisa que viu foi Greta saindo do restaurante do outro lado da rua. Depois sentiu JiYoung trombando consigo por não conseguir parar a tempo quando a alcançou finalmente. Micha não sabia se atravessava a rua e ia falar com a mãe ou se escondia em meio a multidão porque estava onde não deveria num horário que normalmente estava na igreja. Antes que tomasse uma decisão, no entanto, um rapaz muito bem vestido saiu do restaurante atrás de Greta. Pelo uniforme e elegância a menina imaginou que fosse o chefe dela, mas não a alcançou, mais por não querer do que por ter tentado de verdade. Foi isso que fez a menina se decidir e ir atrás da mãe.

 – Aquela é a sua mãe? – perguntou JiYoung parando ao lado dela e tentando recuperar o fôlego. Não teve tempo de muito mais coisa, Micha saiu logo em seguida para alcançar a mãe. – EI MICHA, OLHA É O SUGA! – gritou ao ver o rapper saindo do restaurante pouco depois do outro cara. Mas Micha não ouviu, estava quase alcançando a mãe.

Greta sentia a vontade de chorar ganhando proporções maiores do que gostaria. Ainda teria que ir trabalhar na lojinha a noite e não tinha estudado nada. Quanto mais pensava, mais raiva sentia de ter topado aquele bico no centro. Se não fosse a certeza de que aquele trabalho ia pagar bem, nem teria aceitado o convite, mas pensava em Micha e na vontade de ter um quarto só para si, um computador só para si, uma vida de adolescente normal só para si.

Parou na esquina, tentando recuperar o ar e a sanidade e sentiu alguma coisa trombar em suas costas. Virou-se a tempo de ver o cabelo cacheado da filha ocupando todo o campo visual quando ela a abraçou.

– Micha! O que houve? – olhou para trás dela, em direção ao restaurante e viu JiYoung correndo para alcançá-las.

– Oi, ahjumma. – cumprimentou quase sem ar.

– Por que não estão na igreja? – perguntou olhando dele para a filha e esquecendo completamente que estava prestes a começar a chorar.

– A irmã Sarah me deixou sair mais cedo. Queria te fazer uma surpresa. – respondeu com um sorriso brilhante. Greta não resistiu e sorriu de volta.

– Surpresa? Mas por que veio para o centro?

– Ela veio ver o Suga, ahjumma. – respondeu JiYoung. Micha o encarou com raiva, desejando que ele engolisse a própria língua antes de falar mais do que deveria.

– Fica quieto. – sibilou. – Eu vim ver a senhora, mãe. – Você ia trabalhar naquele restaurante?

– Não. – mentiu. – Vim ver uma amiga que vai trabalhar ali hoje. Se veio pelo Suga, sinto em lhe dizer mas ele não estava lá... eu entrei no restaurante. Só tinha cliente normal... – explicou.

Micha duvidou que a mãe reconheceria o cantor mesmo que ele aparecesse de frente para ela e puxasse conversa, mas sorriu assim mesmo.

 – Qual era a minha surpresa? – perguntou curiosa.

 – Eu ia fazer brigadeiro. – mentiu Micha. Greta sabia que era mentira, mas fingiu acreditar assim mesmo. Passou o braço pelo ombro da filha e a puxou para andarem juntas. – Então vamos para casa comer brigadeiro. Thomas, vem com a gente? – chamou. O menino parecia indeciso entre voltar para o restaurante e conferir se era verdade que Suga não estava lá ou ir com elas.

– O que é bligade-lo? – perguntou andando atrás das duas.

– É o melhor doce do mundo. – respondeu Micha.

Interlude (Suga)Onde histórias criam vida. Descubra agora