Seoul town road remix

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Quando saíram do prédio de Greta, depois de conferirem muitas vezes se havia alguém além dos vizinhos dela pelo lugar, já havia um carro com três seguranças a paisana esperando por Yoongi. O fato de que ele sequer havia pedido isso fez com que os pelos da nuca da brasileira se arrepiassem de medo. Era assustador ver o quão famoso e protegido ele era e ela estava se enfiando junto com Micha em meio a tudo isso. Todo o clima carinhoso que tiveram assim que acordaram tinha dado lugar a olhares por cima do ombro, medo de se tocarem fora do apartamento, insegurança com relação ao que sentia. Ao que Greta sentia.

— Vem, eu te dou uma carona até a noona. — ofereceu Yoongi.

Ele estava com um blusão de Greta por cima da roupa do show, mais justo do que estava acostumado a usar, uma máscara preta com flores amarelas que ela usava quando ficava doente e havia recebido da mãe pelos correios, e seu boné infalível. A moça também ia toda encapuzada – pela primeira vez em sua vida – para esconder a pele, os olhos, o rosto. Usava a maior jaqueta que tinha – e mais quente também – com o gorro bem posicionado de modo que escondesse as tranças, uma máscara preta e óculos de sol que quase nunca se lembrava de usar.

— Melhor não. — respondeu sem olhar para ele, com medo de como isso teria repercussão caso alguém visse. Estava a pelo menos dois metros dele, com as mãos enfiadas nos bolsos, tateando o próprio celular nervosamente. — Vou de ônibus. Tchau. — falou saindo sem sequer olhar para ele.

Yoongi ficou observando-a se afastar e sentiu o coração ficar pequeno, ansioso. Imaginou que tivesse sido rastreado depois do impacto que havia sido a surpresa da rap line inteira num evento comum da cidade, mas não suspeitou que o jornalista que o perseguia pela cidade saberia que ele ficou para trás depois dos outros membros terem ido embora com sua equipe. Esperava que Hoseok também estivesse com eles quando isso aconteceu, porque um escândalo já era suficiente para destruir o grupo. Um escândalo duplo teria proporções que ele não conseguia mensurar.

Assim que entrou no carro, seu celular começou a tocar. Ignorou as cinco primeiras ligações, todas de jornalistas. As ligações depois vinham da empresa. Resolveu ignorar também. A viagem seria longa até Seul e não precisava – nem queria – ficar se lamentando o caminho todo até lá ao telefone. Já tinha muito o que pensar por si mesmo. Sentia a ansiedade familiar querendo assumir seu lugar ao seu lado, mas tentou se concentrar nas coisas boas que tinham acontecido na noite anterior e antes da ligação naquela manhã.

Abaixou o boné o máximo que conseguia e cruzou os braços para tentar dormir, mas bastou fechar os olhos para que Greta aparecesse em sua mente. Podia ver o sorriso dela, os olhos fechados gemendo de prazer, as risadas por conta da afobação dele para tirar a própria roupa. Reviu sua apresentação na noite anterior e o momento em que cantaram Cypher juntos. Sorriu triste. Não devia ter baixado a guarda. Devia ter previsto o jornalista porque ele o perseguia desde o primeiro dia em que pisara em Daegu e visitara a lojinha de conveniência 24 horas. E agora tudo ficava por um fio por causa de uma maldita foto onde não se conseguia ver nada além de duas pessoas aleatórias saindo de um carro. O carro da empresa, mas isso não dava para saber por uma foto.

Abriu os olhos frustrado. Nem se quisesse ia conseguir dormir. Ao invés disso desbloqueou a tela do celular e abriu o twitter. A primeira hashtag era sua. A segunda e a terceira também. A quarta era "estrangeira misteriosa". Não ia demorar muito para os fãs transformarem aquilo numa bola de neve contra Greta. Abriu a foto de novo, tentando ver se tinha como reconhecê-la, mas a qualidade era muito baixa e o rosto dela não aparecia. Por enquanto estavam seguros. Mas a que custo?

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Nari andava de um lado ao outro na sala ampla do apartamento em que vivia, no centro. Já tinha roído todas as unhas das mãos depois de se despedir de Hoseok na entrada do prédio. Apesar dele ter saído pelos fundos, protegido pelos seguranças dele – e dela – ela ainda temia que alguém o reconhecesse por conta da foto em frente ao prédio. Nunca se imaginou no noticiário. Bem, já tinha sim, mas não daquele jeito.

Interlude (Suga)Onde histórias criam vida. Descubra agora