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Nari tentou não parecer pretensiosa demais, ou oferecida demais, mas seus quadris se moveram um pouquinho mais do que o normal quando andou até onde Hoseok estava. Não conseguia pensar em nada que não fosse aquele homem, suas mãos grandes e sua voz repetindo o tempo todo a frase "pernas bonitas". Não era sempre que tinha essa sorte no Porão, geralmente ela e Greta bebiam, dançavam, cantavam e fingiam se inscrever na rinha apenas para ganhar bebida de graça de algum imbecil iludido. Dessa vez era diferente, sua sorte tinha sido encontrar um cara de fora, com cara de quem estava mais perdido do que nunca e que não se importava tanto com o status provocado por cantar ou não num dos duelos.

Hoseok, por sua vez, não conseguia desgrudar os olhos dela, espantado com aquelas pernas e com a atitude da garota. Não estava acostumado com garotas de atitude, geralmente elas se faziam de tímidas e recatadas. Percebeu que não era o caso daquela moça. Ela vinha em sua direção quase que seguindo o ritmo da batida da música que tocava no lugar e que só então ele havia reparado. Os olhos dela eram hipnotizantes tanto quanto o movimento daqueles quadris. Sentiu a garganta secar, ansioso.

– Oi. – falou Nari parando ao lado dele e olhando para o palco. As luzes mudavam, diminuindo de intensidade, indicando que em pouco tempo as primeiras batalhas começariam. – Vai se inscrever? – perguntou apontando o palco.

– O que? No que? – perguntou Hobi esquecendo como gostava daquele tipo de evento.

– Nas rinhas, bobo. – respondeu Nari sorrindo e o encarando.

– Ah, não... vim só ver como é... – a bem da verdade, ele mal tinha reparado que o grande evento da noite ia começar a qualquer momento e que era aberto para qualquer pessoa.

– Eu sabia! – falou ela rindo e dando um gole na cerveja longo o suficiente para acabar com a bebida. – Ganhei. Vai ter que me pagar uma bebida.

– Oi? Ganhou? Não estou...

– Sim... sabia que nunca tinha vindo ao Porão.

Ficaram em silêncio. Ele sem saber o que dizer, ela começando a achar que ele ainda não tinha entendido que aquilo era uma desculpa, bem pobre, verdade, para ele poder pagar a bebida e depois beijá-la. Viu que ele ainda a olhava então encarou a própria caneca, fazendo um biquinho e virando ela para baixo. Quem sabe ele não era mais do tipo visual?

– Ah, certo. Quer outra?

Nari abriu seu melhor sorriso ao ouvir a pergunta. Hobi sentiu que alguma coisa havia mudado naquela conversa e ele ainda não tinha conseguido entender, mas ficou sem rumo com aquele sorriso. Era amplo, feliz e absolutamente lindo. Pegou a caneca dela e começou a andar em direção do bar, mas parou e voltou porque nem o nome dela ele sabia ainda.

– Como se chama?

– Nari. Kang Nari.

– Ok. – respondeu ainda anestesiado por aquele sorriso.

Greta se aproximou assim que ele saiu para pegar a bebida e o seguiu. Não podia arriscar de alguém colocar alguma coisa na bebida de Nari de novo, como quando elas haviam se conhecido. Por mais que os olhos dele fossem bondosos, ele era um homem e ela não gostava de se arriscar. Mas Hobi simplesmente trocou a caneca por uma nova, cheia e voltou para perto de Nari sem reparar em Greta. Estava hipnotizado demais a ponto de ignorar o celular vibrando no bolso.

Aproveitando que ele estava de costas para ela, Greta fez sinal de ok com a mão para a amiga. Estava super aprovado, o moço tinha sido honesto. Olhou para a direção onde tinha visto August e perdeu o ânimo ao se dar conta de que ele não estava mais lá. Soltou um suspiro, cansado, não foi dessa vez. Virou-se para o bar para abastecer a própria caneca e aproveitar o resto da noite como sempre fizera, curtindo as batalhas e dando risada com Nari.

Interlude (Suga)Onde histórias criam vida. Descubra agora