Jogos, mudanças, medos e cicatrizes

1.6K 218 81
                                    


Bento

Por mais que eu adorasse a Zoe, ela ter vindo nesse segundo dia, só tornou tudo mais constrangedor e eu tinha consciência que aquele momento era para a Linda. Observar ela sentindo cada palavra que era cantada ali, me fazia perceber o quando eu estava sentindo falta da impulsividade e da intensidade dela. A Li pensava muito, sentia muito e mesmo pensando muito, conseguia agir por impulso e se permitir viver e sentir.

Quando eu vi que ela ficou desconvortável com o meu beijo com a Zoe, que acabou presenciando o meu ego agradeceu, mas ao mesmo tempo eu estava sendo um filho da puta com ela, mais uma vez. Tinha plena consciência que eu estava sendo um canalha com as duas, e tive a certeza quando a Zoe depois de voltar do banheiro com a Linda, me falou que tinha adorado ela demais.

Tomei ali a decisão que abriria o jogo com ela hoje mesmo e contaria tudo o que eu vivi e o que a Li representava para mim. Eu já estava pensando em contar antes dela voltar de viagem, só que a Zo voltou antes da data prevista e nem consegui conversar com a Linda pessoalmente para explicar a relação que eu tinha e menos ainda oportunidade para explicar o que estava acontecendo.

Eu havia dado alguma desculpa para ir atrás do Felipe, assim que percebi que ele tinha ido atrás da Linda, naquele maldito festival. Eu deveria ter recusado ir com eles, negado o convite para aquele evento, afinal os últimos dias estavam sendo sufocantes. Sentia a Li constrangida, e cada vez que eu via a intimidade e a cumplicidade que ela e o Felipe tinham, minha garganta secava e o ódio me dominava. A cada abraço e troca de olhares dos dois eu sentia um ciúmes que estava descontrolado.

Quando eu olhei de longe e vi o Felipe abrançando a Li por trás eu congelei, parei de escutar o show e só conseguia olhar para o casal. Eles estavam no mundo deles, dançavam e se olhavam como se estivessem sozinhos e eu não conseguia parar de olhar, mesmo sabendo o que poderia acontecer.

Quando eu vi eles se beijando, me deu um desespero tão grande, que eu sai andando em direção a eles e quando eu estava bem próximo ao casal, uma mão segurou o meu braço e quando me virei para olhar, era a Catarina.

- Não faz isso! - Ela falou séria - Não brinca mais com ela, já não basta ela te ver de casal e presenciar aquele beijo?

- A Zoe que me beijou - Me defendi - Você queria que eu fizesse o quê?

- Tivesse sido verdadeiro com ela - riu e passou a mão no cabelo, enquanto a outra me puxava para um canto - Não trouxesse a Zoe, para um momento que era da Linda, por exemplo!- Arqueou a sobrancelha.

- Ela já vinha - Bufei - Me contou quando eu avisei que tinha sido convidado.

- Ela sabe? - Olhou no fundo dos meus olhos - Claro, que não sabe -Concluiu e balançou a cabeça negativamente - Qual o seu problema, Bento? - Gritou.

- Não to te entendendo, Cata. - Falei alto - Qual é o seu problema?

- Meu problema é que o meu ex marido, o homem que amei por tantos anos e que é meu melhor amigo - Puxou o ar com força - Logo, eu amo, não conseguir ser sincero. - Me olhou triste e sua voz saiu baixa - Sempre admirei sua sinceridade e você não foi sincero para a Zoe. Você tá com a garota desde que chegou aqui, porque ela me contou, e não falou que estava vindo para essa merda de festival com a mulher que você deixou no Brasil, que vocês tinham uma relação totalmente estranha e que ela pegou um avião para tentar resolver isso.

Ela fez um carinho na minha mão e suspirou alto e me olhou com tanta decepção, que fiquei com dificuldade de engolir a saliva, e sentia um gosto estranho na boca. Eu me preparei para responder , mas ela levantou a mão em sinal que eu não deveria falar e continuou o seu monólogo.

Lindamente encrencadaOnde histórias criam vida. Descubra agora